Hematologia
Tese: Hematologia. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: chagaspinho • 6/11/2013 • Tese • 1.686 Palavras (7 Páginas) • 647 Visualizações
Histórico
A Hemoterapia é a ciência que estuda o tratamento de doenças relacionadas com o sangue. Seu estudo pode ser dividido em dois grandes períodos: o empírico, cujas primeiras referências remontam aos gregos e vai até 1900; e o científico a partir de 1900, quando passou de experimentos para agente terapêutico.
Apesar de ter adquirido bases científicas, a questão do sangue sempre ocupou um espaço entre o científico e o místico. Na fase empírica os gregos reconheciam o sangue como sustentáculo da vida. Os gladiadores romanos ingeriam sangue para ficar mais fortes e corajosos. Em 1492, embora não haja consenso a respeito da data, o Papa Inocêncio VIII estava muito doente e na tentativa de salvar-lhe a vida, trouxeram três jovens, “sadios de corpo e de alma” para realizarem a primeira transfusão de sangue da história.Após a retirada do sangue do primeiro candidato, este faleceu, talvez por ter sido retirado quantidade excessiva de sangue. Porém o Papa melhorou um pouco. O sangue do segundo candidato foi transfundido ao Papa em menor quantidade que o primeiro, sobrevivendo o jovem à experiência. O Papa, porém, teve febre alta, seus rins não funcionaram mais, falecendo em seguida, sem ter havido tempo de utilizar o sangue do terceiro candidato.
Em 1569 Andréa Cisalpino descobriu a circulação sanguínea, que foi descrita em 1627 por Willian Harvey, “fato considerado como uma base verdadeiramente científica da transfusão”. (BAIOCHI, BORDIN, CAMANO, 1993). A partir de então, médicos de todas as nacionalidades passaram a estudar a transfusão em animais e em humanos, das mais diversas formas.A primeira transfusão (1667) foi feita do sangue de um carneiro para um paciente portador de tifo, que faleceu quase que imediatamente, após inúmeros efeitos colaterais como: vômitos, diarréia, urina escura, pulsação acelerada entre outros. A viúva moveu um processo e, a partir do fato, o tribunal de Chatelet somente autorizava novas transfusões após aprovação dos médicos da Faculdade de Paris, que em 1670 se declararam terminantemente contrários ao método. “As tentativas de transfusão passaram para o sistema braço a braço, onde um ser humano doava para outro. Esta terapia era aconselhada para socorrer pacientes acometidos de hemorragias graves. Devido ao grande número de insucessos, esta prática ficou proibida durante 150 anos na Europa”.
Em 1917 foi descoberto os anticoagulantes e os preservantes que permitiu o início do processo de armazenamento e de estocagem do sangue. Entretanto, só em 1943 Loutit e Mollison introduziram uma nova solução muito mais viável para a preservação do sangue in vitro quando comparada com as anteriores. Em 1926 surgiu em Moscou o primeiro Centro de Hematologia e Transfusão de Sangue e, na década de 30, centros de transfusões já haviam sido instalados pelo mundo todo, apesar do “Fator Rh” ter sido descoberto somente em 1942, igualmente por Landesteiner. Esta nova descoberta permitiu classificar o sangue das pessoas também por Fator RH positivo (existe a presença do fator) e Fator RH negativo (ausência do fator), constituindo-se em base sólida para a compatibilidade da transfusão de sangue e seus componentes.
Junqueira (1979) cita que no “início do nosso século tivemos firmado o progresso da transfusão com as quatro ordens de conhecimentos: o descobrimento dos grupos sanguíneos, do fator RH, o emprego científico dos anticoagulantes, o aperfeiçoamento sucessivo da aparelhagem de colheita e de aplicação, e conhecimento mais rigoroso das indicações e contra indicações do uso do sangue”. Após a 2ª Guerra Mundial, devidos aos progressos científicos e o crescimento da demanda, surgiram no Brasil os Bancos de Sangue privados, o que gerou uma situação de comércio e lucratividade, sustentada na falta de esclarecimento da população, favorecendo a proliferação de doenças transmissíveis pelo sangue e o baixo rendimento transfusional.
A identificação da AIDS (Síndrome da Imunodeficiência Adquirida) e do HIV (Imunodeficiência Humana) e suas conseqüências produziram grande impacto na sociedade atual, tendo contribuído decisivamente para mudanças na hemoterapia, procedendo-se à revisão completa dos critérios e das indicações para o uso racional de sangue e de hemocomponentes. Com todas essas mudanças o risco de adquirir uma doença transmitida por meio de transfusão de sangue vem diminuindo significativamente nessas últimas décadas.
Na década de 80, impulsionado pelo avanço da AIDS, o governo cria os Hemocentros públicos, trazendo a difusão de novos conceitos como: Sangue, um bem não mercantil; Doação voluntária e gratuita; Programas de captação de doadores voluntários de sangue; Fracionamento adequado – transfusão seletiva; Obrigatoriedade de testes sorológicos. A hemoterapia no Brasil passou a receber mais atenção no regime militar, através da implantação de uma política nacional de sangue, como uma preocupação dos militares devido à falta de uma reserva hemoterápica no país em caso de conflito armado.
Com a comercialização do sangue, em 1967, os órgãos ligados à previdência unificada começaram a comprar sangue de bancos particulares para vendê-los a hospitais públicos e conveniados, dando início a uma corrida de especulação do sangue, dos donos de banco de sangue querendo aumentar cada vez mais o número de bolsas coletadas. Dessa forma aumentou o número de doadores remunerados, que em geral eram pessoas pobres, levando dessa forma a uma baixa credibilidade do serviço por parte da sociedade.A partir da década de 60, o Ministério da Saúde e Previdência Social criaram programas para fiscalizar essas atividades ligadas a coletas de bolsas e transfusões, por conta da enorme decorrência de doenças, em especial a AIDS.
Na década de 90 o direito universal a saúde foi reafirmado pela Constituição Federal, foi criado o SUS (Sistema Único de Saúde) e elaborado a Lei Orgânica da Saúde, tudo para existir uma fiscalização na formulação e execução da Política do Sangue e seus derivados, compreendendo também a vigilância sanitária e epidemiológica.Hoje, no Brasil, os Serviços Hemoterápicos são regidos pelas normas técnicas explicitadas na RDC 153, de 14 de Junho de 2004, seguindo-se os princípios da moderna Hemoterapia.
Hemopi
É um centro de referencia nacional em hematologia e hemoterapia. O Piauí conta com uma hemorede composta de:
• 01 (um), hemocentro coordenador situado na capital, responsável pelas politicas e todo ciclo do sangue.
• 03 (Três), núcleos de hemoterapia, desempenhando atividades de coleta, estocagem e transfusão de sangue,
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