INSTRUMENTAÇÃO ROTATÓRIA

1. INTRODUÇÃO

O preparo químico-mecânico dos canais radiculares sofreu uma evolução e otimização das técnicas a partir do emprego de instrumentos endodônticos estruturados em liga de níquel titânio, principalmente acionados mecanicamente por motores ou contra-ângulos específicos.

Na odontologia as ligas de níquel titânio foram introduzidas por Andreasen e Hilman para a confecção de fios ortodônticos devido a excelente flexibilidade e resistência a fratura. Na endodontia,a mesma foi introduzida por Walia et al em 1988,por constatarem que esses instrumentos,além de demonstrarem elasticidade duas a três vezes maior,quando tensionados e torcidos,em comparação a limas idênticas confeccionadas em aço inoxidável,exibiam grande resistência à fratura por torção.

De acordo com Nasser e Guo(2006), a grande elasticidade da liga NiTi comparada a dos metais tradicionais, é denominada superelásticidade. Esta característica é mais que o próprio efeito memória de forma que é o grande diferencial das ligas NiTi se refere a capacidade que certos materiais possuem de recuperar a forma original após serem deformados muito além do limite elástico,quando a tensão é removida.

O uso dos instrumentos de níquel titânio na instrumentação rotatória tem como aprimorar o objetivo principal do tratamento de canais radiculares, e de fazer a limpeza, desinfecção e modelagem em menor tempo, com maior facilidade, resultados mais previsíveis e melhores em relação ao sucesso dessa terapêutica segundo West e Roane(1998),minimizando assim iatrogenias como a formação de degraus de acordo com Glossan et al.,19885;Gambell et al.,1996;Thompon e Dumner,1997.

No início da década de 1990, quando apareceram os primeiros sistemas rotatórios, houve certa resistência em aceitá-los, sendo que muitos foram retirados do mercado e outros modificados e adaptados com outras inovações. Dos iniciais, apenas o sistema Lightspeed e o Profile ainda são encontrados e utilizados.

Atualmente há uma gama enorme de opções de instrumentos, que diferenciam entre si no design, secção transversal, característica estrutural e morfológica da haste e lâminas, conicidade e ângulo de corte. Os instrumentos rotatórios de níquel titânio podem ser agrupados em 3 segmentos básicos:

- grupo 1 – Sistema Lightspeed;

- grupo 2 – Sistema com conicidade 0,04 e 0,06;

- grupo 3 – Sistema de características inovadoras, tais como o: Protaper, K3,

Twisted File eRace.

Portanto, podemos definir os sistemas rotatórios de preparo dos canais radiculares, como instrumentos de níquel titânio, como sendo o preparo endodôntico com instrumentos rotacionados em 360o mecânica e automaticamente, no sentido horário, por um determinado equipamento.

Sendo assim, estamos diante de revolução tecnológica e científica de preparo químico-mecânico, sem sabermos ainda o quanto poderá evoluir, tanto em equipamentos como na técnica propriamente dita, porém com a certeza de que foi criada para marcar época na história da Endodontia.

2 . PROPOSIÇÃO

Tenciono, através do presente estudo:

1. Descrever os principais equipamentos e sistemas utilizados na instrumentação rotatória com instrumentos de níquel-titânio;

2. Averiguar se existem diferenças entre os sistemas, em termos de segurança e efetividade no preparo dos canais radiculares;

3. Quais manobras devem ser realizadas a fim de evitar acidentes;

4. Quais são as vantagens do uso destes sistemas em Endodontia.

3. CONCEITOS FUNDAMENTAIS

Em relação ao emprego de instrumentos de níquel titânio, alguns conceitos são importantes para o discernimento da técnica propriamente dita, estando relacionadas aos equipamentos (motores ou contra-ângulos) e instrumentos endodônticos (não se deve dizer lima, pois os mesmos não apresentam características estruturais semelhantes a limas e mais se aproximam de alargadores).

3.1. Relacionados aos equipamentos

Para acionar os instrumentos endodônticos empregamos motores que podem ser recarregados na energia elétrica ou diretamente na fonte de energia ou utilizarmos contra-ângulos pneumáticos, acionados no micromotor do equipamento odontológico.

3.1.1 Torque

Consiste no efeito rotatório criado pelo carregamento distante do centro de resistência de um corpo. Em outras palavras, consiste na força necessária que o aparelho faz para que vença a resistência das paredes dentinárias submetidas à ação das lâminas do instrumento rotatório. É expressa em N.cm, podendo também ser exposta em kgf.cm.

Normalmente, os fabricantes disponibilizam aparelhos/contra-ângulos com diversos torques,aonde deverá sempre ser utilizada uma força abaixo daquela necessária a levar à fadiga cíclica do instrumento rotatório.

3.1.2 Rotação

Consiste na velocidade imposta ao instrumento endodôntico, fazendo girar sobre o seu próprio eixo, expressa em RPM (rotações por minuto).

3.1.3 Reverso

Alguns dispositivos rotacionais, todos elétricos, possuem a capacidade de reconhecer a proximidade da fadiga cíclica máxima do instrumento endodôntico e, objetivando evitar a fratura do mesmo, paralisa a rotação horária e inicia uma rotação no sentido anti-horário com a finalidade de evitar o travamento do mesmo na dentina.

Os pneumáticos dependem da ação cinética do micro motor odontológico e não possuem o sistema de auto reverso. Os motores mais antigos não possuem o automático, necessitando desligá-lo e ainda então fazer a conversão. Cita-se como exemplo o Endomate II (NSK) e o Endo Pró Torque (Driller, podendo também ser denominado a essas situações como sistema semi-automático de reverso.

3.2. Relacionados aos instrumentos rotatórios

Essencialmente, os instrumentos endodônticos devem ser analisados através de alguns parâmetros, tais como:

Em relação à ponta do instrumento