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Industria Di Jeans

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Por:   •  29/9/2013  •  1.586 Palavras (7 Páginas)  •  599 Visualizações

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O país do jeans

Inovação, investimento em produção e um produto básico transformado em objeto de desejo: eis a fórmula que colocou fabricantes brasileiros entre os maiores

do mundo e que movimenta um setor de R$ 8 bilhões

Por Flávia tavares

Sempre vai haver jeans. Eu não me vejo sem um jeans no armário, você se vê?”. Quem faz a pergunta é Ricardo Steinbruch, presidente da Vicunha Têxtil,

a maior fabricante mundial de denim, o tecido usado na produção do jeans. Ok, você poderia pensar que ele está puxando brasa para a própria sardinha.

E está. Mas o fato é que não dá mesmo para ficar sem uma calça jeans, pelo menos uma. É assim aqui, no Japão, nos EUA, em qualquer lugar. E esse fenômeno

de poder ter nas mãos (ou melhor, nas pernas) a única peça de roupa da história que beira a unanimidade entre os

consumidores — do caminhoneiro à socialite — está fazendo um bem enorme ao Brasil. Alternando-se no posto ano a ano com China e Turquia, o País já é o maior

produtor de denim do mundo, com 25 milhões de metros fabricados por mês. Não à toa, grandes empresas nacionais como Vicunha, Santista e Cedro Cachoeira

vêm investindo pesado em inovação, produção e exportação. Junte nessa panela a criatividade dos estilistas locais, a já consagrada sensualidade da moda

brasileira, uma boa pitada de empreendedorismo e pronto. Está feita a receita que tornou o Brasil uma referência internacional em jeanswear, movimenta

um setor de R$ 8 bilhões por ano e vem gerando fortunas pessoais para gente que começou do zero (leia quadro abaixo).

O ingrediente principal do mercado de jeans é a inovação. Para competir com os preços e modelos de rivais externos, as fabricantes brasileiras do denim

se viram do avesso para tornar realidade os pedidos malucos dos estilistas. Na última edição da São Paulo Fashion Week, causaram furor as calças mostradas

pelas grifes Cavalera, Zoomp e Ellus. Elas tinham, respectivamente, fios de ouro na trama do tecido, estampas que imitavam couro de crocodilo e jatos de

purpurina que davam à peça uma aspecto metalizado. Tudo possível graças à tecnologia de ponta, que ajuda as fabricantes de denim a conquistar inclusive a

clientela internacional. As empresas brasileiras têm seus próprios laboratórios de desenvolvimento e pesquisa, de onde saem infinitas variações que

transformam o tecido rústico inicialmente usado como lona de caminhão em verdadeiros objetos de desejo.

As duas maiores produtoras de jeans do Brasil, Vicunha e Santista, investem boa parte de seus faturamentos nesses laboratórios. A Vicunha, criadora do jeans

com fios de ouro, injetou, nos últimos três anos, R$ 150 milhões em pesquisa e desenvolvimento de novos modelos. “Hoje, não copiamos nada e ninguém. Em jeans,

nós damos as cartas. Os outros é que nos copiam”, orgulha-se Steinbruch, cuja companhia faturou R$ 1,9 bilhão em 2004 (50% veio do denim) e investiu 3% disso

em pesquisa. A Santista ocupa o terceiro lugar no ranking mundial de produtores de denim e destina 0,5% de sua receita de R$ 1,1 bilhão à invenção de novos

produtos. “Lançamos o primeiro tecido duplo de jeans do mercado, com um forro branco para que o rasgado das calças não deixe a pele à mostra. E agora estamos

desenvolvendo um denim anticelulite”, diz Manoel Areias, gerente corporativo de inovação da companhia.

Todo esse empenho deu às empresas do Brasil o status de fornecedoras das grifes mais importantes de jeanswear do mundo: Zara, Calvin Klein, Levi’s,

Miss Sixty, Replay, quase todas bebem do denim brasileiro. As grifes tupiniquins se aproveitam de tanta tecnologia na porta de casa e se abastecem

da mesma fonte. “Hoje, 95% do denim que uso vem da Vicunha e da Santista”, afirma Renato Kherlakian, dono da pioneira Zoomp, a primeira marca nacional

a exportar jeans e que hoje tem lojas até na Indonésia. “Nossa matéria-prima é incomparável, porque os fabricantes estão há anos comprando maquinários

modernos.” Mas inovar sem capacidade de produzir seria perda de tempo. Tanto Vicunha quanto Santista têm feito investimentos significativos para aumentar

suas capacidades de produção.

A Vicunha faz 12 milhões de metros de denim por mês e acaba de ampliar sua fábrica em Fortaleza para fabricar mais 1 milhão de metros mensalmente. A Santista

Têxtil, por sua vez, produz 8,5 milhões de metros por mês e anunciou, na semana passada, que vai aplicar R$ 89 milhões na construção de uma nova unidade de

índigo na América Central. Juntando as quase duas dezenas de fabricantes de denim, a produção nacional chega a 300 milhões de metros anuais, dos quais

50 milhões de metros são exportados. Na ponta do lápis, isso dá uma receita de R$ 1,5 bilhão por ano. Pode parecer pouco, mas um metro de denim custa

só R$ 6, em média. O que faz o bolo crescer de verdade até atingir os R$ 8 bilhões de faturamento são as peças prontas de jeans. Com modelos que podem custar

até R$ 2 mil, as vendas desse mercado ultrapassam os R$ 6 bilhões por ano. O mercado de jeans prontos não pára de crescer no Brasil, desde 2000. Depois de

um período de trevas, na década de 90, com a abertura do mercado para a importação, o Brasil passou de uma produção de 155 milhões de peças em 2000 para

204 milhões em 2004, de acordo com a Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit).

A sede dos brasileiros por jeans parece insaciável. Em uma mesma esquina da Oscar Freire, a rua mais chique de São Paulo, você pode visitar uma loja das

grifes italianas Diesel ou Replay e da californiana Miss Sixty, algumas das mais badaladas do universo de jeanswear. A segunda loja

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