Logistiva x Centro de distribuição
Por: silverhalks • 13/9/2015 • Pesquisas Acadêmicas • 2.666 Palavras (11 Páginas) • 153 Visualizações
Logistica x centro de distribuição
1 – Introdução:
Como estudo de caso, utilizaremos um segmento que está em franca expansão na área logística, que são os centros de distribuições. Esses centros de distribuições, visam otimizar e reduzir os recursos aplicados nos processos de logística de suprimento e logística de distribuição.
2 – Apresentação da empresa:
O Grupo Dia é uma empresa distribuidora de alimentos com o conceito “mercadinho de bairro”, iniciando suas atividades na Espanha, com a inauguração de sua primeira loja em Madri na Espanha. Atualmente tem presença em sete países, com um total de 6.475 lojas, sendo que 4.726 lojas próprias e 1.749 lojas franqueadas. Desde o ano 2000 integrado ao Grupo Carrefour o segundo maior grupo de distribuição do mundo.
Para abastecer essa complexa rede de lojas, a companhia conta com 46 centros de distribuição espalhados pelos países em que tem atuação.
3 – Levantamento dos processos:
Para levantamento dos processos e sugestão de melhorias nos processos logísticos, utilizaremos apenas o “Dia Brasil”.
3.1 – Logística Distribuição:
O Dia Brasil, conta atualmente com mais de 360 lojas espalhadas pelo estado de São Paulo. E com três Centros de Distribuição para atender o abastecimento de todas as lojas do grupo.
Todas as lojas são abastecidas diariamente conforme necessidade de reposição dos produtos, eliminando assim estoques intermediários nas lojas.
As lojas enviam ao centro de distribuição os pedidos com os produtos que precisam de reposição, através do sistema “ERP”, que é integrado entre as lojas, os centros de distribuição e matriz.
O processoque é realizado no centro de distribuição, é o recebimento desses pedidos pelo “ERP” filtrando por ordem de prioridades, atendendo as variáveis das lojas, como (distância das lojas, restrição de trafego de caminhões para as lojas localizadas na região central, lojas com maiores volumes de vendas, lojas franqueadas, etc).
Após a realização do filtro desses pedidos, o usuário responsável lista esses pedidos e envia para o setor de separação, através do “ERP”, os pedidos são enviados para as paleteiras de separação, que possuem computadores de bordo, esses computadores recebem as informações para separação dos produtos, como (tipo de produtos, quantidade dos produtos, localização dos produtos, informações de qual loja e local em que os produtos devem ser separados). Finalizando o processo completo de separação é gerado um documento com todos os produtos separados, no qual é realizada uma conferência física, finalizando a conferência é iniciado o carregamento do caminhão e emisssão da nota fiscal para acompanhamento da carga.
A frota de caminhões que realizam as entregas dos produtos nas lojas é terceirizada, os caminhões são equipados com refrigeradores para conservar os produtos perecíveis. No momento da chegada do caminhão na loja, um funcionário da loja realiza uma conferência da carga, verificando se o lacre da carga não foi violado, quantidade e estado físico das mercadorias. Após a realização da conferência o ajudante do motorista inicia o descarregamento das gaiolas com os produtos diretamente na loja. Finalizando o processo de descarregamento o ajudante do motorista carrega asgaiolas vazias, para retorno ao centro de distribuição.
3.2 – Logística de Suprimentos:
O setor de compras é centralizado na matriz do Dia Brasil, sendo responsável pelo abastecimento dos três centros de distribuição. É utilizado o conceito “WMS – Warehouse Management System”, com isso, é definido com os fornecedores as datas e horários das entregas dos produtos solicitados para recebimento.
As entradas e saídas dos produtos no estoque dos centros de distribuição, segue o conceito “PEPS – primeiro que entra – primeiro que sai”.
Como o Dia Brasil que distribui os produtos até as lojas, o setor de compras consegue descontos comerciais dos fornecedores, para custear as despesas da logística de distribuição, além de obter descontos pela grande quantidade de produtos que são comprados pelo Dia Brasil.
4. - Situação problema:
Os problemas identificados no levantamento dos processos, foram tanto nas áreas de logística de distribuição, quanto na logística de suprimentos.
Na área de logística de distribuição os problemas identificados foram (falta de pontualidade das entregas, falta de produtos nas lojas, péssima conservação dos produtos no momento do transporte e envio de produtos errados para as lojas).
Na área de logística de suprimentos os problemas identificados foram (falta de organização no recebimento dos produtos, envio de produtos avariados, veículos desapropriados para o descarregamento e envio de produtos com o prazo de validade curto).
5 – Viabilidade Técnica e Operacional da Proposta:
Falta de pontualidade nas entregas: como a frota na área de logísticadistribuição era terceirizada, muitos motoristas não tinham comprometimento em cumprir os horários planejados, para esse caso foi sugerida a implantação de um sistema de acompanhamento via satélite, para controlar se o motorista está cumprindo a rota programada. Outro problema identificado na frota, foi o tempo de vida útil dos veículos, pois alguns se encontravam em situações precárias de uso, ocasionando assim muitos atrasos por quebras e manutenção dos veículos. Para essa situação foi sugerida a inclusão na clausula do contrato de prestação de serviço, em que os veículos deveriam ter um tempo máximo de operação, além de manter a manutenção em dia.
Falta de produtos nas lojas: foi identificado que o maior problema nesse caso era a falta de planejamento dos gestores das lojas, que não calculavam de forma correta os lead time para reposição dos produtos. Com isso, foi sugerido um treinamento geral para todos os gestores das lojas, para aprimorar o planejamento de reposição de mercadorias.
Conservação ruim dos produtos no momento dos transportes: como a frota de distribuição é formada por quatro tipos de veículos (3/4, toco, truque e carreta), algumas cargas eram remontadas para ser transportadas em veículos de menor porte, muitas vezes por falta de veículo com tamanho adequado para o carregamento. Para essa situação foi sugerido o levantamento e adequação da frota atual, identificando assim a necessidade de contratação de novos veículos de forma agregada.
Envio de produtos errados para as lojas: foi identificado que os gargalos para esse problema, estava no momento da separação finaldo produto, em que os separadores colocavam os produtos em locais errados, e o conferente não realizava a conferência de forma adequada. Para essa situação foi sugerido que a quantidade de envio de produtos errados para as lojas, descontaria no resultado de participação dos resultados do centro de distribuição, diminuindo assim a participação no lucro dos colaboradores do centro de distribuição.
6 – Viabilidade econômica da proposta:
O custo da implantação do sistema de rastreador via satélite será compensado através da otimização do número de entregas por veículo, em conjunto com a renovação e controle da manutenção da frota de veículos.
O custo para realização dos treinamentos para os responsáveis em implantar os pedidos com as necessidades dos produtos, será compensado pelo aumento na receita de vendas, pois reduzirá a falta de produtos nas lojas.
Com a proibição do remanejamento de cargas, o número de produtos avariados tende a diminuir, reduzindo assim o custo por perdas.
Com a proposta de atrelar o resultado na participação dos lucros dos conferentes, ao número de erros de conferência no produto, a tendência é diminuir o envio de produtos errados para as lojas.
8 - Embasamento Teórico
8.1 - Cadeia de Suprimentos
As etapas produtivas nas cadeias de suprimentos transformam as empresas em agentes cuja competitividade depende do seu desempenho e do desempeno de todas as demais empresas envolvidas no fornecimento de produtos aos clientes finais: o efeito JAY FORRESTER (SLACK etal. 1997) “quanto maior for o número de interlocutores em um processo determinado, maior éa tendência de distorção da informação”.
Nesse sentido, uma empresa será visualizada e analisada a partir de três unidades principais:
1 – De forma isolada no contexto de sua cadeia de valor em que as atividades executadas são analisadas com o objetivo de apontar potencias de vantagem competitiva;
2 – Como um dos membros de uma cadeia de suprimentos visualizada a partir de uma empresa, e envolvendo as empresas inseridas a montante e a jusante desta, desde as fontes originais de matérias-primas ate os clientes finais;
3 – Como participante de um dos elos (indústria) de uma cadeia produtiva, seja na cadeia principal ou auxiliar desta.
8.2 - Características da Cadeia de Suprimentos
Segundo descrição de “Rockford Consulting Group - RCG” (2001) cadeia de suprimentos é o processo da movimentação de bens desde o pedido do cliente através dos estágios de aquisição de matéria prima, produção até a distribuição dos bens para os clientes.
RCG (2001) afirma que a cadeia de suprimentos segue a seguinte ordem:
• O primeiro passo é a obtenção do pedido de cliente, onde é verificada a necessidade de aquisição de matéria prima;
• Depois vem o processo de produção;
• Armazenamento e distribuição dos produtos;
• Entrega para o cliente
A velocidade em cada uma dessas atividades é a chave para o sucesso da cadeia de suprimentos (RCG 2001).
Cadeia de suprimento pode ser definida como um grupo de firmas interligadas por vários processos, e assim obter o produto final (Hausman, 2000). Para ter um gerenciamento efetivo, a organização deve considerar a coordenação de todas asdiferentes partes da cadeia,
o mais rápido possível, sem perder a qualidade ou a satisfação do cliente (RCG, 2001).
A “i2 Technology” (2001) afirma que os benefícios de um bem organizado gerenciamento da cadeia de suprimentos é a redução de estoque, baixo custo de operação e ter o produto que satisfaça o seu cliente na hora exata. Ainda, segundo essa empresa, a demanda de mercado, serviços ao cliente, transporte e preço competitivo devem ser plenamente entendidos para que a estrutura da cadeia de suprimentos seja efetiva. Isto é, esses são os pontos que uma organização deve levar em consideração para estruturar sua cadeia de suprimentos.
Segundo Dornier et al (2000), as dificuldades da gestão da cadeia de suprimentos podem ser devidas a alocação descoordenada e fragmentada de responsabilidades das diversas atividades da cadeia para diferentes áreas funcionais. Considera como essência da gestão da cadeia, a visão desta como integradora e coordenadora das atividades de produção e logística.
8.3 - Cadeia de Distribuição
Distribuição é um dos processos da logística responsável pela administração dos materiais a partir da saída do produto da linha de produção até a entrega do produto no destino final (Kapoor et al., 2004, p. 2). Após o produto pronto ele tipicamente é encaminhado ao distribuidor. O distribuidor por sua vez vende o produto para um varejista e em seguida aos consumidores finais. Este é o processo mais comum de distribuição, porém dentro desse contexto existe uma série de variáveis e decisões de trade-off a serem tomadas pelo profissional de logística.
Omarketing vê que a Distribuição é um dos processos mais críticos, pois problemas como o atraso na entrega são refletidos diretamente no cliente. A partir do momento que o produto é vendido a Distribuição se torna uma atividade de front office e ela é capaz de trazer benefícios e problemas resultantes de sua atuação (Kapoor et al., 2004, p. 9).
Uma organização pode ser divida em três processos principais suprimentos, produção e distribuição (Gomes et al., 2004, p. 8-9). Onde termina o processo de distribuição de uma empresa, inicia o processo de suprimentos da empresa seguinte.
Como regra geral as empresas mais fortes da cadeia de distribuição são quem definem quem será o responsável pela entrega do material/produto. O ponto mais forte da cadeia não necessariamente é aquele que têm mais “dinheiro”, mas sim aquele que tem a necessidade de compra é menor do que a necessidade de venda do elo anterior da cadeia, então podemos concluir que este poder de decisão pode ser transferida rapidamente entre os elos, pois a globalização nos permite comprar um produto na china com frete FOB e ainda pagar mais barato do que uma compra em nossa região.
As empresas estão cada vez mais terceirizando suas atividades relacionadas a distribuição e focando suas atividades no core bussiness da empresa. A distribuição tem grande importância dentro da empresa por ser uma atividade de alto custo. Os custos de distribuição estão diretamente associados ao peso, volume, preço, Lead Time do cliente, importância na Cadeia de suprimentos, fragilidade, tipo e estado físico do material e estes aspectos influenciam ainda na escolha domodal de transporte, dos equipamentos de movimentação, da qualificação e quantidade pessoal envolvido na operação, pontos de apoio, seguro, entre outros.
A palavra distribuição esta associada também a entrega de cargas fracionadas, neste tipo de entrega o produto/material é entrega em mais de um destinatário, aproveitando a viagem e os custos envolvidos. As entrega neste caso devem ser muito bem planejadas, pois a entrega unitizada tem um menor custo total e menor lead time, as entregas fracionadas devem ser utilizadas somente quando não for possível a entrega direta com o veículo completamente ocupado.
8.4 - Características da Cadeia de Distribuição
Ao determinarmos os Canais de Distribuição, além da análise das suas características, deve-se determinar qual a modalidade da Distribuição. Para o efeito identificamos 4 tipos de modalidades:
Distribuição Extensiva – modalidade utilizada quando uma empresa pretende alcançar o maior número de pontos de venda do mercado, através de um Canal de Distribuição Longo. É viável em empresas com um grande número de vendedores e forte organização comercial. Tem a vantagem de permitir que os produtos consigam atingir o maior número de consumidores; por outro lado, tem como desvantagens o elevado custo que impõe à empresa, além de uma possível perda parcial de controlo sobre o canal.
Distribuição Exclusiva – baseia-se na concessão a um intermediário da exclusividade da distribuição do produto, em determinado território. Pressupõe também que o intermediário concessionado não venda produtos similares de outras marcas. Esta modalidade é normalmente utilizadapor PMEs que não detêm grande conhecimento do mercado-alvo. Adicionalmente, é frequente ser da responsabilidade do intermediário o ónus da força de vendas, das reparações técnicas e da assistência pós-venda. Um tipo particular e bastante actual desta modalidade de distribuição é o sistema de franchising.
Distribuição Selectiva – nesta modalidade o produtor escolhe um número reduzido de distribuidores, aos quais normalmente são fixadas cotas de vendas, com a possibilidade de se estabelecer princípios de exclusividade de vendas num determinado território. A selecção de distribuidores é feita em função de dois critérios essenciais: a localização do distribuidor e o posicionamento. Esta modalidade permite ter um alcance maior do que a Distribuição Exclusiva; face à Distribuição Extensiva permite reduzir os custos e incrementar o controle do produtor sobre o canal, em detrimento do alcance.
Distribuição Intensiva – utiliza-se esta modalidade como complemento às modalidades de distribuição Selectiva ou Extensiva quando é necessário concentrar esforços e capital em dados momentos e em certos canais de distribuição. Um exemplo disso é o caso das campanhas promocionais junto de alguns canais.
A escolha do Canal de Distribuição e respectiva Modalidade não é tarefa fácil. Esta decisão é tanto mais importante que se sabe que são de difícil modificação. Como tal, além dos aspectos já apresentados, há uma série de factores, não menos relevantes, que condicionam a escolha, tais como as características do mercado, tradições no sector, características dos intermediários e da concorrência, objectivos daestratégia comercial, recursos disponíveis, hábitos do consumidor e naturalmente as características do produto em si, tais como o preço, a sazonabilidade de consumo, a complexidade do produto, a gama disponível, o prestigio / imagem do produto e o factor “novidade”.
9 - Referências Bibliográficas
http://www.logisticadescomplicada.com/wp-content/uploads/2010/12/responsabilidade-social-entre-fornecedores-de-uma-cadeia-de-suprimentos.pdf
http://www.simpep.feb.unesp.br/anais/anais_13/artigos/677.pdf
10 – Conclusão
Atualmente vivemos em um ambiente totalmente competitivo em vários setores da economia, em que as fronteiras entre os países deixaram de existir entre as trocas comerciais de produtos e serviços.
E é nesse cenário que a logística está se tornando um diferencial competitivo para muitas empresas, para atender a exigência cada vez maior dos consumidores finais.
Ainda mais se tratando de um país como o Brasil com dimensão continental e vários gargalos de infra-estrutura na área de transportes.
Esses desafios requerem profissionais capacitados para desenvolver formas alternativas e com custos reduzidos nas operações logísticas.
No caso das operações logísticas do “Grupo Dia Brasil”, a logística acaba sendo um fator crítico para o sucesso das operações, pois ao mesmo tempo que o grupo consegue melhores preços junto a seus fornecedores, por comprar em grandes quantidades e se responsabilizar pela logística de distribuição até as lojas, é necessário analisar, identificar e corrigir os gargalos nas operações de distribuição, conforme mencionado no tópico situação problema.
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