MECÂNICA EINSTEIN E QUANTUM
Seminário: MECÂNICA EINSTEIN E QUANTUM. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: Adrielle.Sousa • 15/11/2014 • Seminário • 11.710 Palavras (47 Páginas) • 313 Visualizações
EINSTEIN E A MECÂNICA QUÂNTICA
Luiz Davidovich
Instituto de Física – Universidade Federal do Rio de Janeiro
Cx. P. 68528 – 21941-972 Rio de Janeiro, RJ, Brasil
Albert Einstein foi um dos pais da mecânica quântica, e ao mesmo tempo seu grande
crítico. No período de 1905 a 1925, Einstein funda três áreas da física quântica, com
repercussões até os dias atuais: a teoria quântica da luz, a teoria quântica dos sólidos e a
teoria dos gases bosônicos, incluindo a condensação de Bose-Einstein. Após esse
período, no entanto, Einstein reage fortemente contra o caráter probabilístico da nova
teoria quântica, que considera incompleta. E ao analisar implicações da nova física,
aponta aspectos extremamente sutis do mundo quântico, que só seriam mais bem
entendidos muitos anos depois.
A mais revolucionária das hipóteses de Einstein: os quanta de
luz
Em artigo submetido para publicação em 17 de março de 1905, e publicado em 9 de
junho do mesmo ano, com o título “Sobre um ponto-de-vista heurístico concernindo a
geração e a conversão da luz”, Einstein propõe o que considerou a mais revolucionária
de suas hipóteses [1]: a de que a luz comporta-se como se fosse constituída de unidades
elementares de energia proporcional à sua freqüência. A formulação dessa hipótese,
envolvendo a expressão “como se” traduz a resistência de Einstein em aceitar que a luz
pudesse ser de fato constituída de corpúsculos. A resistência tinha sólidas razões: a
teoria de Maxwell do campo eletromagnético apoiava-se em firme base experimental,
que incluía a demonstração pelo cientista britânico Thomas Young em 1800 do caráter
ondulatório da luz: um feixe de luz, passando por um anteparo contendo duas fendas,
produz em outro anteparo uma figura de interferência, análoga à obtida quando dois
estiletes oscilam sincronicamente em um tanque de água (Fig. 1).
(a) (b) (c)
Figura 1 – (a) Ondas produzidas em um tanque de água por um pino oscilante; (b) Ondas produzidas no
mesmo tanque por dois pinos oscilantes: as raiais são um efeito de interferência, em que o máximo das
ondas produzidas por um dos pinos superpõe-se ao mínimo das ondas produzidas pelo outro pino; (c)
Experiência de Young: o feixe de luz passa pelo anteparo com duas fendas, produzindo em um segundo
anteparo uma série de franjas claras e escuras.
Neste caso, a interferência é obtida quando o máximo da onda circular produzida por
um estilete coincide com o mínimo da onda produzida pelo outro, resultando em que a
superfície da água não se move.
É importante que os pinos oscilem sincronicamente, caso contrário as regiões em que há
interferência destrutiva deslocar-se-iam rapidamente, e não poderíamos ver o padrão
ilustrado na Figura 1. Para a luz, cada fenda age como se fosse uma fonte secundária, e
nas regiões em que o máximo de uma onda coincide com o mínimo da outra ocorre
sombra. Assim como, no tanque de água, é necessária que haja uma sincronicidade das
oscilações produzidas pelas duas fendas. Dizemos, nesse caso, que há coerência entre as
respectivas contribuições.
A resistência de Einstein a essa idéia é compartilhada por toda a comunidade científica
da época, que por outro lado assimila rapidamente a contribuição de Planck, anunciada
em 14 de dezembro de 1900, data que marca o nascimento da física quântica. Em 19 de
outubro do mesmo ano, o físico alemão Max Planck divulga uma expressão matemática
para o espectro do corpo negro, que se ajusta admiravelmente bem aos dados
experimentais [2]. O resultado de Planck respondia a um desafio lançado em 1860 por
Gustav Kirchoff [3], o qual mostrou que a quantidade de energia emitida por unidade de
área, de tempo e de freqüência, por um corpo que absorve toda a radiação que incide
sobre ele, convertendo-a em calor (esse é o “corpo negro”), depende apenas da
freqüência e da temperatura. Segundo Kirchoff, “é uma tarefa extremamente importante
encontrar essa função”.
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