MTM PRODUÇÃO INDUSTRIAL
Trabalho Escolar: MTM PRODUÇÃO INDUSTRIAL. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: • 22/3/2015 • 1.671 Palavras (7 Páginas) • 249 Visualizações
O Método MTM (Methods Time Measurement) para o aumento da
produtividade e melhorias das práticas de trabalho
Thiago Silveira (PET Produção - UFSC) ths.epe@gmail.com
Arnaldo Vieira Jacob (PET Produção - UFSC) arnaldojacob@yahoo.com.br
Mirna de Borba, Mestre Engenheira (Tutora do PET Produção – UFSC) mirna@deps.ufsc.br
Resumo: Este trabalho apresenta os resultados de um projeto realizado pelo Programa de
Educação Tutorial Engenharia de Produção (PET Produção) da Universidade Federal de
Santa Catarina (UFSC) em conjunto com uma empresa da grande Florianópolis. O projeto
consiste na aplicação do Método MTM (Methods Time Measurement) em uma linha de
produção da empresa visando o aumento da produtividade e melhorias das práticas de
trabalho. A proposta do presente artigo é demonstrar os resultados obtidos com a aplicação
do sistema MTM, bem como fazer uma breve explanação a respeito do método de análise de
processos.
Palavras-chave: MTM, Tempos Pré-deteminados, Métodos de Trabalho.
1. Introdução
A determinação dos tempos das atividades é uma preocupação constante das
organizações desde os primeiros estudos realizados na área de tempos e movimentos no
século XVIII por Frederic W. Taylor durante a formulação da conhecida Administração
Científica.
O propósito destes estudos era de melhorar o método de trabalho e eliminar operações
inúteis que não agregavam valor as atividades em questão. Segundo Chiavenato [1], durante
seus estudos Taylor, verificou que: “o trabalho pode ser executado melhor e mais
economicamente através da análise do trabalho, isto é, da divisão e subdivisão de todos os
movimentos necessários à execução de cada operação de uma tarefa”.
Taylor revolucionou a gestão operacional das empresas propondo a redução de
movimentos inúteis, resultando assim em redução de tempo e conseqüente redução de custos
das atividades.
A partir das constatações de Taylor o casal Frank e Lilian Gilbreth começou a realizar
estudos dos movimentos, detalhar ainda mais as divisões e subdivisões das atividades
propostas por Taylor e com a ajuda de filmes e técnicas fotográficas, identificar uma grande
quantidade de execuções manuais (afazeres das mãos) comuns a todos os movimentos
analisados, os quais foram classificados em 17 elementos (Novask et al. 2002) como: alcançar,
pegar, mover dentre outros.
Numa etapa posterior determinou-se o tempo gasto por uma pessoa com ritmo normal
para realizar cada movimento básico que, quando agrupados formariam a atividade completa
realizada pelo operário. Nascia aí o conceito de sistema de tempos pré-determinados.
Em 1948, este sistema foi consolidado com a publicação do livro "Methods Time
Measurement” (MTM), estabelecendo os princípios básicos do Método MTM de medição de
tempos pré-determinados.
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Este sistema basicamente consistia na determinação dos movimentos básicos
necessários para realizar a atividade, sendo que para cada pequeno movimento existe um
tempo já determinado que uma pessoa com treinamento e ritmo normal leva para executar.
Segundo Barnes (1963) existem muitas vantagens em utilizar os tempos prédeterminados.
“Pode-se determinar com antecedência o tempo necessário para execução de
uma operação, simplesmente examinando um esquema do local de trabalho e uma descrição
do método a ser empregado. Da mesma forma, pode-se fazer uma avaliação precisa de
diversos métodos de trabalho ou de diferentes projetos de ferramentas”.
Este artigo visa à demonstração de uma aplicação da técnica de medição de tempo
utilizando o sistema MTM realizado pelo grupo PET Produção em uma empresa localizada na
grande Florianópolis.
Pretende-se aqui mostrar que a utilização desta técnica pouco disseminada nos cursos de
graduação em Engenharia de Produção, além da determinação do tempo das atividades, pode
também através de uma análise identificar pontos de melhorias nos processos, otimizando-os.
Isto se deve ao fato de que movimentos inúteis podem ser descartados, promovendo também a
padronização das atividades, já que um método de trabalho bem consistente pode ser definido.
A partir disto a apresentação deste artigo foi dividida do seguinte modo: primeiramente
explanando sobre o que é o Programa de Educação Tutorial e mais aspectos sobre o sistema
MTM, dando destaque ao módulo utilizado para realização da análise.
Posteriormente é mostrada a operação examinada e a metodologia de análise, a qual
consistiu na filmagem das operações seguidas da aplicação do sistema MTM, sendo
determinado o tempo e pontos de melhoria do processo. Por fim são mostrados os resultados e
as considerações a respeito do estudo.
2. O Programa de Educação Tutorial
Uma vez que os autores do trabalho fazem parte do grupo PET Engenharia de Produção
e este por sua vez foi orientado pela tutora do grupo, cabe aqui explanar mais sobre o
programa.
O Programa de Educação Tutorial constitui-se em grupos organizados a partir de cursos
de graduação das instituições de ensino superior do País, orientados pelo princípio da
indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão.
As atividades extracurriculares proporcionadas pelo programa têm como objetivo
garantir que os alunos participantes tenham a oportunidade de obter experiências
diferenciadas, as quais em um curso de graduação normal não são possíveis e assim assegurar
uma formação acadêmica mais completa desses estudantes.
O grupo PET Produção foi criado no ano de 1991 e desde então vem desenvolvendo
atividades de ensino, pesquisa e extensão, tendo sempre como foco sua missão de assegurar a
formação integral de elevada qualificação dos membros contribuindo com a melhoria das
comunidades acadêmica, social e empresarial.
Com este intuito de agregar conhecimento e experiência aos membros e de auxiliar na
melhoria da sociedade empresarial, buscou-se o estudo e posteriormente a aplicação do
método MTM, uma vez que podem ser gerados os vários benefícios já citados.
3. O Sistema MTM
Após a primeira publicação a respeito do sistema MTM, esta técnica se disseminou
rapidamente nas indústrias, sendo que se tornou necessária a criação da United States MTM
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(Association for Standards and Research), com o intuito de garantir uma aplicação correta e
homogênea do método.
A disseminação ocorreu também no continente europeu. Hoje existem associações na
Itália, Alemanha, Suíça e Áustria, por exemplo.
No Brasil existe uma associação que realiza treinamentos para formação de analistas do
método, assim como consultorias com o intuito de descrever, estruturar, configurar e planejar
sistemas de trabalho.
O método já descrito é divido em módulos para tornar mais fácil a aprendizagem e
direcionar especificamente os treinamentos às necessidades das empresas.
O sistema MTM possui dez módulos de treinamento direcionados para diversas
finalidades e estão divididos em Sistemas Genéricos, utilizados para medição de trabalho em
qualquer ambiente, como por exemplo: o módulo básico (MTM-A1) e os modelos compactos
(MTM-UAS), e os Sistemas Funcionais para trabalhos mais específicos, como o MTM-HC
para atividades relacionadas à saúde e o MTM-TE para testes eletrônicos.
Neste artigo será destacado o módulo MTM -A1, pois este foi usado para realizar a
análise do processo, visto que os bolsistas envolvidos e a tutora foram treinados pela
organização MTM do Brasil.
Esse módulo é o inicial, sendo pré-requisito para todos os outros. É o sistema básico,
sendo que todos os outros derivaram deste, além de ser usado e reconhecido mundialmente. A
determinação do tempo da operação é dada por uma análise dos movimentos manuais
(alcançar, pegar, mover, posicionar, soltar). Para cada atividade existe um tempo relacionado
em função da distância do movimento, dificuldade, campo de visão, entre outros.
Este sistema é ideal para ser usado em ambientes que envolvam atividades manuais e
grandes volumes de produção.
4. A análise do processo
O processo analisado consiste basicamente na montagem e embalagem de um aparelho
telefônico com fio, realizado manualmente em uma linha de produção com quatro postos de
trabalho e quatro colaboradores.
No primeiro posto da linha é realizada a montagem da base do telefone, contando com a
colocação das teclas, manta, placa de circuitos e tampa inferior. Na seqüencia as bases são
repassadas para serem conectadas ao mono-fone e testadas adequadamente. Esse teste é
realizado por dois colaboradores, onde ambos realizam a mesma atividade, visto que esta é a
operação responsável pelo gargalo de produção do processo.
Em seguida, após a verificação do funcionamento do aparelho, passa-se ao último posto,
a embalagem. Esta atividade é realizada por um operário que embala o produto e encaminha à
expedição.
A análise foi realizada a partir de filmagens da linha descrita acima. Esta prática foi
utilizada para possibilitar o trabalho no levantamento, à distância, dos tempos e
procedimentos utilizados, diminuindo assim as interferências nos afazeres dos operários.
Após a obtenção dos filmes, foram apurados os métodos e tempos dos processos atuais.
Verificou-se, no entanto a inexistência de um processo padrão, com os colaboradores
realizando as atividades de maneiras distintas. Para superar esta dificuldade buscou-se
verificar os movimentos mais utilizados, tornando-os referência para as análises.
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Após a obtenção de todos os dados da situação encontrada, buscou-se identificar
oportunidades de melhorias no processo, tanto no aspecto de tempo de fabricação quanto no
de ergonomia e segurança do trabalhado.
Desta forma, pode-se estabelecer um novo método para a produção do aparelho
telefônico, podendo ser tomado como padrão, e ainda o tempo demandado para esta nova
prática proposta.
5. Resultados
Com as análises, pôde-se verificar vários movimentos que resultavam em tempo
adicional ao processo de fabricação, sem agregar valor ao produto. A falta de padrões na
realização das operações dificultou a mensuração do tempo, não permitindo assim uma
análise refinada da produtividade da operação.
Com isso, houve a necessidade de se pensar em um método coerente, que fosse capaz de
resultar em baixo tempo de produção e respeitasse as condições dos trabalhadores, não os
sobrecarregando. A exposição dos colaboradores a condições inadequadas poderia originar
fadiga e estresse, que decorreria em má qualidade de vida no trabalho e conseqüente queda de
produtividade.
Os tempos dos vários métodos propostos puderam ser determinados sem a paralisação
da produção, já que os movimentos eram simulados e os tempos medidos através do sistema
MTM-A1, explicados anteriormente.
Após a escolha do melhor método dentre os propostos houve uma redução de 16% do
tempo de operação, com a manutenção dos postos de trabalho. Contudo ainda foram indicadas
melhorias nos mesmos visando aspectos ergonômicos e de diminuição de movimentação.
A metodologia MTM permite um detalhamento das atividades que possibilita a
padronização dos processos e treinamento apropriado dos operadores. Desta forma evitam-se
as discrepâncias nas maneiras que os colaboradores realizam as tarefas, ajudando a
organização neste aspecto.
Por fim, cita-se a divisão da operação em elementos e a mensuração dos tempos destes.
Desta forma a organização pode balancear a linha, ou seja, agrupar ou desagrupar elementos
visando um fluxo contínuo e a eliminação de estoques intermediários, reduzindo tempo e
custos de estoque.
6. Considerações Finais
Foi mostrado aqui que embora rotulada por muito como sendo antiquada e muitas vezes
condenada, a mensuração de tempos da produção ainda é um indicador muito útil de
produtividade e qualidade de um processo.
Muito mais importante que a forma de determinar o tempo, visto que existem várias
técnicas, a análise do processo e o seu controle garantem que haja uma melhoria continua das
atividades.
O sistema MTM se mostrou uma ótima alternativa de mensuração de tempo, pois
extrapola a simples mensuração e tem um caráter muito forte de análise. Garante ainda que
pontos de desperdício sejam eliminados e um padrão consistente seja criado, ajudando tanto a
nível operacional durante a realização da atividade quanto a nível gerencial no controle da
produção.
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