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Mito Ou Tema Para Literatura Em "A Loira Do Carro Dos Vidros Pretos" *

Pesquisas Acadêmicas: Mito Ou Tema Para Literatura Em "A Loira Do Carro Dos Vidros Pretos" *. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicos

Por:   •  28/9/2013  •  1.799 Palavras (8 Páginas)  •  807 Visualizações

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RESUMO

Propõe-se neste trabalho um estudo em torno do texto “A loira do carro dos vidros pretos”, procurando identificar se tal texto refere-se a um mito ou se pode ser considerada literatura. A história envolve-se em conto popular, uma mulher loira que circulava em um carro preto dos vidros pretos pelas ruas de Manaus (AM), a procura de crianças para roubá-las os órgãos e vender ao “mercado negro” 1. Pelo conteúdo do presente artigo pode-se observar que, confrontando a definição de mito e a definição de literatura com o texto citado acima, pode-se observar que tal texto pode ser considerado literatura, devido algumas características textuais. Em relação ao mito, a história não vem a ser, literariamente, mito; trata-se de um conto popular, portanto, literatura.

Palavras – chave: Mito. Literatura. Carro dos vidros pretos. Vender. Órgãos.

1 – LITERATURA

Literatura é a forma de se expressar por escrito, incluindo a visão individual e intuitiva do autor sobre algum assunto, podendo conter fatos reais ou imaginários. No que diz respeito ao real, o poeta desenvolve seus pensamentos, sobre determinado fato verdadeiro, utilizando uma forma própria de interpretar tal fato, repassando a realidade como ela é; usando seus próprios termos de percepção dessa realidade. Por outro lado, os fatos imaginários são criações da mente humana, onde se estabelece a ficção: uma mentira contada de forma artística, onde o autor faz parecer verdade o que escreve ao leitor - não que a ficção deixará de ser considerada uma obra ficcional se o leitor não acreditar nela.

Levando em consideração a definição de literatura dada acima, A história “A loira do carro dos vidros pretos” poderia ser considerada uma obra literária, se o contexto da história fosse elaborado de forma em que o autor utilizasse sua concepção intuitiva e individual em relação aos fatos da história, independentemente, de serem reais ou não.

1.1 – A LITERATURA ORAL

Segundo Luís da Câmara Cascudo, em sua obra Literatura oral do Brasil (1984), a literatura oral “que seria limitada aos provérbios, adivinhações, contos, frases-feitas, orações, ampliou-se alcançando horizontes maiores. Sua característica é a persistência pela oralidade. A fé é pelo ouvir, ensinava São Paulo (CASCUDO, 1984, p.23).”

Todas as vezes que se aborda o tema da literatura oral ou popular, é comum relacioná-la com a literatura folclórica, porém, para Cascudo, toda literatura folclórica é popular, mas nem toda literatura popular é folclórica. A diferença está num inevitável processo de descaracterização. Para que uma literatura seja folclórica, são necessários quatro fatores: antiguidade; persistência; anonimato; oralidade. Ou seja, a literatura folclórica é uma produção de origem popular cuja fixação no tempo é improvável e as tonalidades da época de sua criação foram perdidas.

Câmara Cascudo revela, porém, a camuflagem e até marginalidade nas quais vive a literatura oral, quando comparada à chamada literatura oficial:

A literatura oral é como se não existisse. Ao lado daquele mundo de clássicos, românticos, naturalistas, independentes, digladiando-se, discutindo, cientes da atenção fixa do auditório, outra literatura, sem nome em sua antiguidade, viva e sonora, alimentada pelas fontes perpétuas da imaginação, colaboradora da criação primitiva, com seus gêneros, espécies, finalidades, vibração e movimento, continua rumorosa e eterna, ignorada e teimosa, como rio na solidão, e cachoeira no meio do mato. (CASCUDO, 1984, p.27).

Câmara Cascudo diz que a literatura oral ainda está fortemente ligada ao povo e é intensamente lida, em voz alta, nas fazendas, nas cidades, em varandas, calçadas, em roda;

ela é uma expressão vasta e poderosa.

Assim, essas características apresentadas por Cascudo nos remetem a toda uma tradição popular expressa pela literatura oral e vivida por ela; para o autor: “Entende-se por

tradição, traditio, tradere, entregar, transmitir, passar adiante, o processo de divulgativo do conhecimento popular ágrafo (CASCUDO, 1984, p. 29).”

No texto “A loira do carro dos vidros pretos”, percebe-se uma aproximação às características da literatura, pois, a história contém oralidade popular e a fé pelo o ouvir, as duas características da obra literária oral; e, de certa forma, está ligada ao povo, o que caracteriza o texto como uma obra literária.

1.2 – A LITERATURA E A NÃO-LITERATURA

É difícil explicar as características da literatura e da não-literatura seguindo as diferenças entre os vários gêneros literários. Para definir tais características deve-se proceder como sugere Amora:

1º - Devemos começar por estabelecer que, uma obra transmite sempre, ao leitor, uma concepção da realidade subjetiva (ou psicológica) e física (percebida pelos sentidos). Um poeta lírico que confessa seu amor, expressa uma concepção da realidade de seu estado passional; um economista que, por exemplo, expõe suas idéias a respeito da economia brasileira, expressa sua concepção de nossa realidade econômica; [...] (Amora, p.50-51, 2006)

Seguindo o pensamento de Amora, deve-se saber, em primeiro lugar, que a obra literária transmite uma concepção subjetiva da realidade. Entende-se por subjetivo aquilo que é único de um indivíduo em relação a um determinado assunto. A história “A loira do carro dos vidros pretos”, confrontada com essa afirmação, não poderia ser considerada literatura, pois não possui subjetividade no seu contexto; mas, o texto se encaixa nas características de um tipo de literatura: a literatura oral - como vimos anteriormente.

Seguindo em busca de distinguir a literatura da não literatura, segundo Amora:

[...] 2º - Devemos, em seguida, estabelecer que, há dois tipos de concepção da realidade: a concepção intuitiva e individual, e a concepção racional e universal. A concepção intuitiva e individual é o modo que cada um de nós tem de sentir a si mesmo e ver a realidade externa (real ou imaginária); a concepção racional e universal é o modo como a inteligência humana, trabalhando segundo regras específicas, próprias de cada ramo das Ciências Humanas e das Ciências Naturais, interpreta a realidade psicológica ou física; [...] (Amora, p.50-51, 2006)

Agora, cabe a nós entendermos que a diferença entre os dois tipos de concepção

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