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Mitos

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Por:   •  25/9/2013  •  Resenha  •  1.501 Palavras (7 Páginas)  •  416 Visualizações

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Os impactos do câmbio e demais fatores sobre a produção é cercado de

mitos. O primeiro mito, presente em algumas análises, é o de que as empresas

acabam se “adaptando” ao câmbio valorizado. E elas de fato se adaptam, sob a

ótica microeconômica. Essa adaptação consiste em aproveitar o dólar baixo para

aumentar a importação de componentes e peças, o que as ajuda a reduzir custos

e manter competitividade.

Embora essa seja uma saída para a sobrevivência individual da empresa,

do ponto de vista da estrutura produtiva do país, trata-se de um processo de

substituição da produção local por importações, desestimulando a geração de

valor agregado local.

O processo de valorização cambial tem provocado um efeito “vazamento”

de parcela expressiva do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. De 2006 a 2009,

o setor externo tem apresentando contribuições negativas para o crescimento

anual do PIB.

Há também interpretações equivocadas de que a reestruturação

produtiva decorrente da valorização cambial não estaria provocando um processo

de “destruição criativa”10. O aumento do conteúdo importado, muitas vezes em

substituição à produção local, o deslocamento de parte da produção anteriormente

destinada ao mercado externo para o mercado doméstico e a transferência de

plantas produtivas para outros países são algumas das nuances do processo.

10 O conceito de destruição criativa (Creative Destroction) foi defendido no original Capitalism, Socialism and Democracy

por Joseph Schumpeter (1883-1950) e baseia-se na idéia de revolução tecnológica, um processo que inevitavelmente faz

sucumbir atividades e empresas, substituídas por outras inovadoras e criativas. Trata-se nesse caso, de um processo

benévolo de renovação, em que novas atividades são criadas, a partir dos impulsos, substituindo o ciclo anterior.

Revista Economia & Tecnologia (RET) Vol. 9(1), p. 05-18, Jan/Mar 2013

10

Antonio Correa de Lacerda Trata-se, portanto, de fenômenos totalmente distintos: o criador, a partir da

mudança tecnológica e de condições favoráveis; o deletério, como no nosso caso,

decorrente de condições não isonômicas de competitividade e distorções nos

preços relativos, basicamente provocados pela apreciação artificial do câmbio.

Não por acaso, a maioria das economias desenvolvidas e muitos outros

países emergentes têm-se utilizado de instrumentos - como o poder de compra

do Estado, o fomento às atividades locais, e uma clara política de câmbio

desvalorizado – para criar incentivo à industrialização

A análise dos indicadores de produção física anual, comparada aos itens

de importação, confirma a hipótese da substituição pelas importações, sobretudo

nas categorias de bens de consumo. A produção doméstica em volume físico

(quantum) vem perdendo força e tem dado espaço para as importações. É o caso,

por exemplo, da categoria bens de consumo durável, cuja produção local cresceu

apenas 3% - na comparação entre os últimos doze meses até fevereiro de 2010 e

o mesmo período do ano anterior -, enquanto a importação da classe expandiu

12% no mesmo período.

3.2 Impactos sobre a balança comercial

A balança comercial brasileira continuou a apresentar resultado positivo

no período analisado. Os efeitos da valorização cambial sobre a balança comercial

têm sido minimizados pela geração de receita proporcionada pela elevação do

preço internacional das commodities. Em 2009, a exemplo dos anos anteriores,

a balança comercial registrou novo superávit de US$ 25,3 bilhões ante US$

24,7 bilhões registrados em 2008, mas abaixo dos US$ 40 bilhões e US$ 46,1

bilhões dos anos 2007 e 2006, respectivamente. Diferente dos anos 2006 a 2008

- quando as exportações de bens e serviços cresciam substancialmente menos

do que as suas importações – os efeitos adversos da crise mundial de 2008/2009

fizeram de 2009 um ano atípico. Tanto exportações como importações acabaram

prejudicadas, com reduções de 22,7% e 26,3%, respectivamente.

Ocorre, adicionalmente, que o ritmo de crescimento das quantidades

exportadas estava em queda livre. A variação do índice de quantum referente

às exportações do Brasil passou de 20,1%, em 2005, para apenas 0,9%, no

acumulado de doze meses até setembro de 2009, marco da crise financeira

mundial. Em contrapartida, a variação do índice de quantum das importações foi

crescente, alcançando 23% em setembro de 2009, demonstrando que o Brasil se

tornou exclusivamente dependente da variável preço para sustentar superávit

da balança comercial

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