Mitos

Na segunda parte do livro, ao analisar os Mitos a Autora utiliza como fonte, pasmem, romances. Esses romances elencados pela Autora seriam emblemáticos da construção mítica em torno do feminino. Os mitos da mulher seriam tão ambivalentes quanto a relação do homem com a Natureza: a mesma natureza que dá a vida, tira-a. A autora fala do horror e afastamento do homem quando da menstruação, gravidez, e amamentação, o que estaria relacionado com a repugnância ao incesto, à mãe que a mulher também é. Seria uma das facetas do complexo de Édipo.

Outro aspecto dual é a Virgindade: em sociedades onde o poder da mulher ainda é exaltado ou mistificado, a virgindade é temida. Nas sociedades em que o homem firmou seu domínio sobre a natureza, a situação se inverte, e a virgindade é exigida, como plenitude de uma idéia de posse. Um ponto inegavelmente importante é a beleza. Apesar dos padrões serem variados de acordo com a sociedade, e o período histórico, verifica-se sempre que o corpo da mulher deve deter o desejo, deve ter qualidades de objeto passivo, imanente. Segundo a Autora, a preferência masculina por nádegas e seios viriam por não terem esses órgãos imperiosa função. Os costumes e a moda tirariam do corpo feminino sua transcendência. O padrão de corpo ora gordo e ocioso, ora tão magro e frágil que qualquer esforço lhe é proibido também contribui para que esse corpo se apresente ao homem como sua coisa. A mulher então, adornada, é transformada em ídolo. A Autora utiliza os romances de Stendhal como paradigma de relacionamentos baseados na verdade e na liberdade. E, sabendo do seu papel de desbravadora, tece longas considerações acerca da viabilidade dos romances (vividos) despidos de mitificações; esmiúça que é possível o cultivo do erotismo e da emoção baseado na verdade e não nos fetiches do Eterno Feminino.

...