Monte Carlo

1- Introdução

O uso do gás natural como fonte de energia no setor de transportes surgiu como uma alternativa menos danosa ao meio ambiente que também é encontrada de forma abundante na natureza. As propriedades químicas do gás natural são tais que permitem substituir combustíveis de motores que funcionam por meio de ignição por centelhamento como gasolina e etanol. No Brasil, este combustível é o chamado Gás Natural Veicular (GNV). O GNV é um combustível disponibilizado na forma gasosa, a cada dia mais utilizado em automóveis, diferencia-se do gás liquefeito de petróleo (GLP) por ser constituído por hidrocarbonetos na faixa do metano e do etano, enquanto o GLP possui em sua formação hidrocarbonetos na faixa do propano e do butano. O GNV trabalha com uma pressão de 220 bar, enquanto que o GLP o faz com somente 8 bar. A queima do GNV é cerca de 100 vezes mais lenta que a da gasolina. Isso faz com que haja um atraso na ignição da mistura ar/GNV, comparado ao tempo de ignição da mistura ar/gasolina. Dessa forma, para tentar minimizar esse problema, são usados “variadores de avanço”. Estes dispositivos são módulos eletrônicos que adiantam o momento da centelha ocorrida nas velas, o que faz com que haja mais tempo para a queima do GNV no interior da câmara de combustão. Outra forma também empregada, embora menos frequente, é a injeção calculada de combustível, em quantidade bem pequena, junto com o GNV, que acelera sua ignição e corrige o atraso natural de ignição do gás natural, processo que é feito também por um módulo eletrônico denominado Mobmix.

Um veículo movido à gasolina ou etanol embute a opção de ser convertido para o GNV. Feita a conversão, o veículo passa a ter a opção da troca de uso de combustível. Do ponto de vista do dono do veículo, a cada utilização do mesmo a opção pelo combustível pode ser tomada, já que por meio de uma chave o sistema pode ser alterado para receber um ou outro combustível. O custo da conversão de veículos leves movidos à gasolina ou etanol para o GNV varia de R$ 2,2 mil a R$ 3,5 mil, dependendo do modelo do veículo. Como pontos negativos à conversão, veículos movidos a GNV tendem a perder potência e espaço interno devido ao peso e volume ocupado pelo cilindro do reservatório de gás. A decisão de conversão depende de vários fatores como o custo de conversão, a evolução futura dos preços dos combustíveis em consideração e a possibilidade de escassez do GNV. Postos de abastecimento de GNV não são encontrados a cada cidade ou estrada com a mesma capilaridade dos postos de abastecimento de gasolina e etanol. Independentemente da decisão econômica baseada no preço dos combustíveis, o proprietário pode ser forçado a abastecer e utilizar a gasolina, que é um combustível mais caro, em detrimento do GNV que é mais barato, porém indisponível. A análise tradicional pelo método do Fluxo de Caixa Descontado não permite determinar o valor desta opção de conversão, portanto, métodos de apreçamentos de opções precisam ser utilizados para esta avaliação. Dessa forma, o objetivo desse estudo é responder à seguinte pergunta: qual o valor da flexibilidade obtida pela conversão de um veículo leve movido à gasolina para o gás natural veicular (GNV), utilizando a metodologia de opções reais?

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