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Museu E Educação

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Por:   •  24/7/2014  •  1.381 Palavras (6 Páginas)  •  251 Visualizações

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Museu e Educação

Adriana Barão*

“O tempo é a substância de que somos feitos”

(Luis Borges)

É necessário compreendermos, antes de mais nada, a relação que se pode estabelecer entre o campo educacional e museológico. Entendendo que a museologia é a ciência que se debruça sobre a relação do homem com seu patrimônio, entendendo patrimônio como aquilo que é reconhecido como herdado de gerações passadas, aquilo que é construído como referencial identitário e mesmo aquilo que é construído para suportar (ser suporte) de uma memória.

Todos esses bens culturais são musealizados quando são destacados do seu contexto de uso e passam a ser tratados como objetos/bens referenciais da cultura e por isso devem ser preservados. Dentro dessa perspectiva de preservação, está a “educação patrimonial”, um campo de ação que podemos refletir a partir do dito: “preserve este patrimônio que também é seu”. Entretanto, não há como preservar aquilo que não se conhece e para isso é necessário “educar”, como colocou Mário de Andrade, na década de 30, “defender o nosso patrimônio histórico e artístico é alfabetização”. Essa colocação se baseia na premissa de que, em primeiro lugar, é preciso conhecer para preservar, em segundo, a preservação é fruto de uma tomada de consciência, de uma decisão e de uma vontade política.

Ulpiano Bezerra [1] ressalta que preservação significa ver antecipadamente o perigo, o risco. O perigo maior e inevitável que paira sobre todo o conjunto de bens culturais é sua própria morte, ou a quebra do elo entre gerações. Outra palavra que se relaciona a ação de preservar é o “documento”, Bezerra coloca que:

“A palavra documento tem a mesma raiz latina do verbo doceo, que significa ensinar. Ensinar, sobretudo, não no sentido de formar, mas no sentido de transmitir informação, de comunicar. Documentum, portanto, significa modelo, no sentido de que esta informação parte de paradigmas pré-fixados. É dessa noção que se desenvolveu a idéia de testemunho (...)”

Então, podemos entender que as instituições museais [2] têm como premissa a educação, seja por abarcar documentos (entendendo este como os diversos suportes da memória), que existem para informar, comunicar, ensinar algo; seja pela ação de preservação que em si busca estabelecer o elo das gerações.

É necessário entendermos, ainda, como se constitui a questão educativa dentro da instituição museal. Em 1946 , é constituído em Paris o ICOM, Comitê Internacional de Museologia e inicia-se discussões sobre o campo desta ciência voltada para a preservação do patrimônio, incluindo neste campo: museus, bibliotecas, centros de documentação, centros de ciência, zoológicos, aquários e planetários. Mas foi em 1958, durante o Seminário da Unesco, realizado no Rio de Janeiro, que se constituiu o campo educativo, como resultado desta reflexão, foi proposto que:

“Ao considerá-lo (museu) como um espaço adequado para a educação formal, lhe conferiu a capacidade de inserção dentro da comunidade, com uma função ativa, a função de transformação do desenvolvimento”

Dentro desta perspectiva a relação museu-escola, era uma relação de continuidade, e se pensava os serviços educativos em museus, como complementação do ensino formal. Em 1972, há um marco referencial nesta questão, a Carta de Santiago do Chile, produzida durante o encontro do ICOM, para se discutir a questão da América Latina, produzindo mudanças fundamentais:

1. introduz a dimensão pedagógica do museu, desvinculando a relação com a instituição escolar, tendo como paradigma a educação popular de Paulo Freire;

2. passa a entender o museu como lugar de projeção da sociedade, propondo o “museu integral” que discuta as relações da sociedade

3. propõe ruptura com museus tradicionais, lugares de “sacralidade”

4. intensifica a relação público-museu.

Inicia-se então o movimento da Nova Museologia que rompe com a tríade edifício/coleção/publico e propõe atuar na área território/patrimônio/população, surgindo a partir daí museus comunitários.

Em 1984, a Declaração de Quebec atualiza e reforça os impactos da Carta de Santiago (1972), enfocando a participação da comunidade nos museus, incentivando o movimento de constituir ecomuseus e ressaltando a importância de se pensar o multiculturalismo nestas instituições. Por fim , a Declaração de Caracas, em 1992, vinte anos após a Mesa-Redonda de Santiago do Chile, faz uma releitura deste documento e avalia a situação dos museus na América Latina, levantando os pontos que ainda devem ser alcançados dentro da perspectiva da Nova Museologia e de forma sintética passa a compreender museus como “instituições de comunicação e educação”.

Qual a sua imagem de “Museu”?

É importante, ainda, compreender a imagem de museu que temos e qual a que nos propomos trabalhar.

Temos o termo museion, em grego, que está associado ao templo das musas, filhas de Mnemósine (memória) e Zeus (poder). Neste sentido, por muito tempo os museu foram considerados lugares de lembranças, lugar de sacralização (templo), em que o visitante não está capacitado a apreender o significado daquelas representações.

Na Alexandria, estes espaços eram reconhecidos com centro de convivência da elite; em Roma, o início das coleções foram fruto de saques à outros povos. No Renascimento, surgiram, na Europa, as Galerias, Gabinetes de Curiosidades, os quais expunham o exótico e a memória do poder, através das coleções das

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