Niilismo X Esperando Godot

Nosso tema é o niilismo e a peça escolhida foi “Esperando Godot”. Encenamos o 2º ato, que na verdade é praticamente uma repetição do 1º ato. O menino que avisa que Godot não aparecerá naquela noite, mas aparecerá no dia seguinte, já havia aparecido no 1º ato, dizendo as mesmas coisas.

Vladimir e Estragon estão esperando Godot, alguém que sequer conhecem e que talvez nem exista. Pode ser que Godot seja uma metáfora para o sentido da vida, pois eles acreditam que estarão salvos quando Godot chegar. Porém, Godot nunca aparece. Apesar dos dois amigos sentirem vontade de desistir, ou até de se enforcar, eles nunca desistem e continuam esperando.

O fato de Godot nunca aparecer é relacionado à concepção niilista de que a vida não tem sentido. Eles estão esperando algo que nunca vai aparecer, estão apenas esperando, a vida deles é esperar e mesmo depois da frustração, eles continuam esperando.

Eles tentam se distrair de diversas maneiras, mas sempre acabam voltando para o tédio, ou seja, a situação deles é sempre a mesma. Nada muda, não importa o que eles façam.

No primeiro ato da peça, Pozzo não era cego e Lucky não era mudo e, aparentemente, tudo mudou da noite para o dia. Porém, isso é retratado de uma forma pouco clara, pois Pozzo não se lembra de nada, assim como o menino que aparece posteriormente. O único que se lembra de Pozzo, Lucky e do menino é Vladimir, mas ele não é reconhecido por nenhum dos três e começa a questionar sobre o que realmente está vivendo, pensa que talvez estivesse dormindo. Ele reflete e fica confuso sobre o tempo, mas apesar disso, nunca perde a esperança de que Godot virá.

A peça mostra que não se pode ter certeza de nada na vida. A única coisa que os amigos têm certeza e que, inclusive, está presente em uma fala do Vladimir, é que eles estão esperando Godot. Embora eles não saibam quem é Godot, eles não se preocupam em descobrir ou discutir sobre isso. A única preocupação que eles têm é de ficar esperando. A única certeza é de esperar, mesmo que não saibam o que esperam.

Como o 2º ato repete o 1º, com pequenas variações, podemos deduzir que isso seria um ciclo sem fim, ou seja, eles estão esperando por algo que nunca virá. Isso é típico da concepção niilista em relação ao sentido da vida, por exemplo. Para os niilistas, a vida não tem sentido e o homem é incapaz de mudar isso, não importa o que ele faça, pense ou acredite, ele nunca conseguirá sair desse ciclo de esperança e frustração.

Desde o começo da peça, temos a impressão de que os dois só conseguirão seguir suas vidas quando encontrarem Godot. Além disso, eles parecem não perceber o que ocorre em cada momento, eles parecem ter perdido a noção do tempo. Os personagens se esquecem do que viveram e do que disseram, são confusos quanto ao tempo e os diálogos desconexos (às vezes reflexivos) reforçam esse aspecto. eles vivem presos no futuro esperando que alguma salvação os tire dessa condição humana, dessa vida sem sentido, então Godot pode ser um deus salvador, a religião em geral, a forma que o homem encontra para tentar fugir dessa condição precária.