O Desenvolvimento Humano Na Teoria De Piaget

Apresentação

O estudo do desenvolvimento do ser humano concentra-se em compreender o homem em todos os seus aspectos, englobando fases desde o nascimento até o seu mais completo grau de maturidade e estabilidade.

Jean Piaget destaca-se pelo seu caráter inovador quando introduz uma ‘terceira visão’ representada pela linha interacionista que constitui uma tentativa de integrar as posições dicotômicas de duas tendências teóricas que permeiam a Psicologia em geral – o materialismo mecanicista e o idealismo.

O modelo piagetiano prima pelo rigor científico de sua produção, ampla e consiste que trouxe contribuições práticas ao campo da Educação.

1) A visão interacionista de Piaget: a relação entre o homem e o objeto do conhecimento

O objetivismo e o subjetivismo são as correntes da Filosofia que derivam de duas vertentes o idealismo e o materialismo mecanicista. A Psicologia objetivista afirma que todo conhecimento provém da experiência, já a subjetivista entende que todo conhecimento é anterior a experiência.

Piaget formula o conceito da epigênese que quer dizer que o processo evolutivo da filogenia humana tem uma origem biológica que é ativada pela ação e pela interação do organismo com o meio ambiente físico e social que o rodeia.

2) O processo de equilibração: a marcha do organismo em busca do pensamento lógico

No modelo piagetiano o “sujeito epistêmico” é o papel central, pois a grande preocupação da teoria é desvendar os mecanismos processuais do pensamento do homem, desde o início da sua vida até a idade adulta.

No método psicogenético o ‘status’ da lógica matemática perfaz o enigma básico a ser desvendado, procurando situações para resolver esse problema, Piaget sustenta que a gênese do conhecimento esta no próprio sujeito. O desenvolvimento humano é explicado segundo o pressuposto de que existe uma conjuntura de relações interdependentes entre o sujeito conhecedor e o objeto a conhecer.

Todos esses fatores envolvem mecanismos que englobam o entrelaçamento de fatores tais como: o processo de maturação do organismo, a experiência com objetos, a vivência social e, sobretudo a equilibração do organismo ao meio.

Equilibração representa o fundamento que explica todo o processo do desenvolvimento humano, é um fenômeno de caráter universal, mas que pode ocorrer variações em função do meio que indivíduo está inserido. Piaget leva em conta atuação de dois elementos básicos:

(a) Os fatores invariantes:

Para Piaget desde que o indivíduo nasce ele recebe como herança estruturas biológicas - sensoriais e neurológicas – que permanecem ao longo da vida. Através dessas estruturas surgem certas estruturas mentais.

(b) Os fatores variantes:

É um elemento que se transforma no processo de interação com o meio. A teoria psicogenética mostra que a inteligência não é herdada, mas sim construída no processo interativo entre o homem e o meio – físico e social. Na busca de novas formas de adaptação estão os mecanismos da assimilação e da acomodação.

(a) A assimilação:

O indivíduo soluciona uma determinada situação a partir da estrutura cognitiva que ele possui naquele momento de sua existência, ao entrar em contato com o objeto do conhecimento ele retira somente as informações que lhe interessam, visando sempre restabelecer a equilibração com o organismo.

(b) A acomodação:

É um aspecto da atividade cognitiva que envolve modificações das estruturas mentais para corresponder aos objetos da realidade, o sujeito é capaz de solucionar o problema, retomando o equilíbrio perdido e se reequilibrando.

O processo de equilibração pode ser definido como um mecanismo de organização de estruturas cognitivas em um sistema coerente que visa a levar o indivíduo a construção de uma forma de adaptação a realidade. Na medida em que toda experiência leva em graus diferentes a um processo de assimilação e acomodação, trata-se entender que o mundo das idéias, da cognição, é um mundo inferencial. Os modos de relacionamento com a realidade são divididos em quatro períodos.

3) Os estágios do desenvolvimento humano

Cada um desses períodos é marcado por avanços intelectuais que acompanharão a criança por todo o seu processo de desenvolvimento até a juventude.

(a) Período sensório-motor (0 a 2 anos):

A partir de reflexos neurológicos básicos, o bebê começa a construir esquemas de ação para assimilar mentalmente o meio. A inteligência é prática. As noções de espaço e tempo são construídas pela ação. O contato com o meio é direto e imediato, sem representação ou pensamento.

(b) Período pré-operatório (2 a 7 anos):

Caracteriza-se, principalmente, pela interiorização de esquemas de ação construídos no estágio anterior. A criança deste estágio: É egocêntrica, centrada em si mesma, e não consegue se colocar, abstratamente, no lugar do outro. Não aceita a idéia do acaso e tudo deve ter uma explicação é fase dos 'por quês'. Já pode agir por simulação, 'como se'. Possui percepção global sem discriminar detalhes. Deixa se levar pela aparência sem relacionar fatos.

(c) Período das operações concretas (7 a 11 anos):

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