O Discurso Do Profissional De Ginástica No Rio De Janeiro
Monografias: O Discurso Do Profissional De Ginástica No Rio De Janeiro. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: elismmotta • 16/3/2015 • 6.630 Palavras (27 Páginas) • 486 Visualizações
O discurso do profissional de
ginástica em academia no Rio de Janeiro
Carlos Alberto de Andrade Coelho Filho*
Abstract
Resumo
Este estudo insere-se na linha de pesquisa sobre Representações Sociais dos atores da educação física. Tem por objeto de análise o significado do discurso de profissionais de ginástica em grandes academias na
Cidade do Rio de Janeiro sobre o seu processo de trabalho e sobre as representações que o acompanham.
O referencial teórico provém da "análise do discurso", de linha francesa, de motivação interdisciplinar, com base em Bakhtin, Foucault, Pêcheux e Maingueneau.

This study belongs to the line of research on the Social Representation of the physical education' actors. It has for analysis object the meaning of the gymnastics professionals' speech in great academies in the City of
Rio de Janeiro on its work process and about the representations that accompany it. The theoretical
reference comes from the "analysis of the speech", of French background, of ¡nterdiscipline motivation, based on Bakhtin, Foucault, Pêcheux and Maingueneau.
Com efeito, a explosão publi-
citária acelerou bruscamente,
entre a popula-
ção, a adoção de práticas físicas preconi- zadas por
médicos e moralistas
burgueses, em alguns casos
desde o começo do século.

Quando busco compreender a gênese das academias de ginástica, a posição histórica res- ponde que elas receberam influências substan- cíais de duas aproximações sociológicas.
rem mudanças na vida pessoal com a revolução cultural do tempo livre, que proporcionou ao indivíduo, através das atividades de lazer, no vas práticas do corpo (Dumazedier, 1994).

De um lado, as mudanças ocorridas na vida privada com a emancipação - relativa - da
mulher, antes confinada ao trabalho exclusiva- mente doméstico em conseqüência direta da di- ferenciação entre os corpos masculino e femini- no, uma diferença não simplesmente biológica, mas constituída através da tradicional subordi- nação das mulheres aos homens devido às ges- tações sem fim, na época anterior à contracepção efetiva, algemando-as às crianças e à vida do- méstica. Ao longo do último século a mulher passou a atuar também na esfera pública, com o advento da gravidez segura e do controle sobre sua própria fertilidade, pavimentando o cami- nho para a família moderna, e até para a socie- dade pós-família (Porter, 1992).
No começo do século, o estatuto do cor- po dependia em larga medida do meio social. Os trabalhadores valorizavam em seus corpos o servo robusto e fiel à labuta. A burguesia manti- nha uma atitude mais estética: como a vida de representação era mais desenvolvida, a aparên- cia física contava mais. No entanto, as roupas escondiam e aprisionavam o corpo.
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De outro lado, e ao mesmo tempo, ocor-
Para Prost (1992: 95-99), não existe me- lhor manifestação dessa nova concepção de vida pessoal do que o moderno culto do corpo.
Para a burguesia masculina, a liberação do corpo, visualizada na relação entre o físico e as roupas, por exemplo, ainda é modesta por volta de 1920. Ela se dá com o recuo dos colari- nhos duros e dos chapéus rígidos e o avanço dos
colarinhos flexíveis e os feltros moles. A
Movimento - Ano VI - No 12 - 2000/1
Antecedendo a essa proliferação de aca-
demias de ginástica, vale notar o trabalho reali- zado pelo rádio, de 1932 a 1983, por Oswaldo
Diniz Magalhães. Transmitindo ininterrupta- mente o programa "Hora da Ginástica", contri-
buiu para a difusão da ginástica/educação física em todo o território nacional. Magalhães con- cluiu o curso de professor de educação física do
Instituto Técnico das Associações Cristãs de
Moços sul-americanos (ACMs), em Montevi- déu, 1927. Após regressar ao Brasil, constatou o baixo nível da saúde de nossa gente, a pouca aplicação das atividades físicas e os precários
recursos técnico-pedagógicos da difusão
educativa. Assim, escolheu o meio de comuni- cação mais poderoso da época, o rádio, pelo seu
poder de estar em toda parte ao mesmo tempo, vencendo imensas distâncias. Segundo depoi-
mento do próprio professor: "teria que fazer de
cada lar um ginásio e de cada família uma turma
de rádio-ginastas, beneficiando milhares de alu- nos diariamente em suas próprias residências.
Não foi fácil, ninguém acreditava na idéia. Além de existirem poucas emissoras na época, a
receptividade da educação física não era das melhores. Custou-me desilusões e amarguras,
mas tive muita vontade. (...) A luz vermelha do estúdio acendeu e então começamos, o pianista
e eu. Foi em São Paulo, em 16/05/32, na rádio-
educadora paulista" (in Carvalho, 1994: 30).
Posteriormente, passou a transmitir o programa
pela Rádio Ministério da Educação e Cultura, no Rio de Janeiro.
sobrecasaca cede lugar ao jaquetão e se torna
traje de cerimônia. Para as mulheres, em
contraposição, a evolução é bastante sensível. Os corpetes e as cintas cedem
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