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O Etnomatemática no campo: Pesagem animal com fita métrica

Por:   •  4/12/2017  •  Trabalho acadêmico  •  3.037 Palavras (13 Páginas)  •  251 Visualizações

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Etnomatemática no campo: Pesagem animal com fita métrica

Jeferson Rodrigo de Souza Moreira

Licenciatura em Matemática; 7º Período

UNIMONTES, Campus São Francisco

Resumo

        Este trabalho apresenta uma pesquisa cujos alicerces foram construídos na perspectiva da Etnomatemática, considerada como uma proposta pedagógica que reconhece os diferentes modos de se produzir Matemática em distintos grupos culturais. Através da análise dos saberes matemáticos praticados por uma pessoa com baixa escolarização em suas atividades profissionais. O objetivo deste trabalho é analisar a Matemática utilizada por um produtor rural, os conhecimentos de matemática que ele possui, podendo, assim, confrontar a matemática da vida com a matemática escolar, relacionando a matemática com os fatos cotidianos. Descreveremos o processo de pesagem não convencional efetuado por fazendeiros e identificar o conhecimento formal por trás deste método.

Introdução

        Conciliar a educação formal com a preservação dos aspetos culturais dos alunos, considerando os saberes prévios dos mesmos, tem sido um dos maiores desafios dos educadores. Diante disso, para que se encontrem respostas a essas inquietações, é preciso repensar a função, o papel das diferentes áreas do conhecimento na educação escolar. E é nesse contexto que se enquadra a Matemática. Não se trata, no entanto, de uma reinvenção do ensino matemático nas escolas, mas de uma ressignificação de suas atribuições. Nesse sentido, é preciso que se reconheçam as contribuições trazidas pela Etnomatemática, que surge como uma possível forma de se encontrar respostas a esses anseios.

        A matemática está presente em praticamente tudo, em maior ou menor grau de complexidade. Perceber isso é compreender o mundo à sua volta e poder atuar nele. Atualmente, a Matemática pode ser aceita tanto como ciência formal e rigorosa, como, também, um conjunto de habilidades práticas necessárias à sobrevivência. D‘Ambrosio constatou duas formas de conhecimento matemático: a Matemática formal ou acadêmica, ensinada e aprendida nas escolas, e a Matemática informal, praticada por grupos culturais delimitados.

        Neste trabalho o objetivo foi identificar a Matemática que existe fora da escola, neste sentido  foi analisado os saberes matemáticos praticados por pessoas com baixa escolarização em suas atividades profissionais, especificamente de um produtor rural e sua problemática em determinar o peso do seu gado bovino.

        A determinação do peso corporal dos animais é importante para avaliar o crescimento e o estado nutricional, administrar adequadamente remédios e parasiticidas, estabelecer o valor de venda do animal de corte e ajustar o arraçoamento. Entretanto, a realidade econômica das fazendas do Brasil muitas vezes não permite a aquisição de balanças para realizar a pesagem dos animais. Para minimizar tal deficiência, pode ser utilizada a alternativa de se predizer o peso por meio de algumas medidas corporais.

        Iniciamos nosso estudo analisando a perspectiva da Etnomatemática, trazendo as concepções de alguns autores, principalmente D’Ambrosio e em seguida expomos a entrevista feita com o produtor rural Onofre Souza Moreira a respeito do método de controle de massa animal.

A Etnomatemática

        Considera-se que, se o conteúdo for integrado e aplicado teórica e praticamente no dia-a-dia do educando, possibilita-se a ele uma melhor compreensão da matéria. Ou seja, conforme propõe a concepção de aprendizagem de Ausubel, o objeto da aprendizagem se tornará melhor assimilado e dominado se for significativo.

        Diante dessa perspectiva desenvolver conteúdos voltados às ciências agrárias podem refletir em um maior envolvimento do aluno com a Matemática, pois nesse sentido embora pareça um método voltado à educação do campo, isso possibilita ao aluno manter uma identidade sociocultural que o faça compreender e valorizar o mundo, e de modo especial, seu meio.

        Segundo (D’AMBRÓSIO, 2011) a Etnomatemática é a matemática praticada pelos membros de grupos culturais distintos, como, por exemplo, comunidades urbanas e rurais, grupos de trabalhadores, bem como os membros de outros grupos culturais que se identificam mediante o reconhecimento e a valorização de características e tradições comuns.

        Embasado nessa teoria de D’Ambrosio buscamos retratar um problema curioso que ocorre na zona rural e que pode ser levada a sala de aula como prática didática para despertar o interesse dos alunos em alguns conceitos matemáticos como funções, potenciação, etc.

        De acordo com (KNIJNIK, 2000, p. 51) a Etnomatemática procura contar, ensinar, lidar com a história não oficial do presente e do passado. Ao dar visibilidade a este presente e a este passado, a Etnomatemática vai entender a Matemática como uma produção cultural, entendida não como consenso, não como a supremacia do que se tornou legítimo por ser superior do ponto de vista epistemológico.

        A Etnomatemática, além de aproximar a matemática das experiências individuais ou coletivas, esse programa valoriza os saberes locais e culturais que os membros de grupos culturais distintos desenvolveram no decorrer da história, que estão desvinculados do processo de ensino e aprendizagem (ROSA; OREY, 2003).

        Então, esse programa pode ser considerado como um saber e fazer matemático que busca explicações e maneiras diferentes de lidar com os problemas cotidianos enfrentados pela sociedade. Esses saberes e fazeres surgem das práticas matemáticas diárias, que são difundidas de geração em geração, que estão relacionadas com a busca pela sobrevivência e transcendência. Nesse contexto, a Etnomatemática não tenta substituir a matemática acadêmica, mas relacioná-la com a matemática presente na cultura dos membros de cada grupo (D’AMBRÓSIO, 2011).

        O ensino de Matemática, nessa perspectiva, é visto como um instrumento para a compreensão, para a investigação, para a formação integral. O estudante deve ser instigado a construir a sua própria forma de manejar a Matemática, com produção autônoma e racional. Nessa perspectiva, a diversidade de contextos, os conhecimentos que permeiam e suas interrelações são tratados como pilares do desenvolvimento cognitivo uma vez que o sujeito do conhecimento deve ser considerado em sua integralidade, como um constructo social, cultural, econômico e religioso.

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