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O Mundo Dos Negócios Etica E Sustentabilidade

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Por:   •  29/11/2014  •  2.336 Palavras (10 Páginas)  •  302 Visualizações

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Ética e sustentabilidade

Maurício Andrés Ribeiro(*)

“As ciências do meio ambiente estão à procura de uma nova síntese do saber e de uma nova prescrição cujo princípio será mais ecológico do que econômico e mais ético do que científico”.

Pierre Dansereau

Regulação para a sustentabilidade

As questões éticas e de valores humanos tornaram-se fundamentais para a política e para a gestão do desenvolvimento sustentável. Fundado na responsabilidade para com a coletividade humana e num sentido de solidariedade amplo, ele considera as relações de nossa espécie com as demais espécies vivas e com o ambiente que nos cerca.

A ética ambiental se traduz em normas e leis, que constituem pactos e compromissos a serem cumpridos por todos, para evitar que os conflitos e disputas sejam resolvidos de forma violenta. Leis são elaboradas, divulgadas, cumpridas, implantadas, revistas periodicamente. É relevante que sejam respeitados os pactos, acertos, compromissos e promessas firmados, e que se exerça a ética no cumprimento da legislação. Para tanto, quanto mais inclusivo for o processo de elaboração das normas e quanto mais representativos forem os atores envolvidos, maior será a sua legitimidade. Os procedimentos para a elaboração das normas e leis precisam ser transparentes e abertos.

Entretanto, num contexto de mercado liberalizado, existe a pressão para menosprezar o papel da regulamentação ambiental, considerada como freio e entrave ao desenvolvimento. Assim, os procedimentos de licenciamento ambiental passam a ser questionados, sugerindo-se entregar a regulação ambiental às forças de mercado, com os instrumentos da auditoria ambiental e da gestão internalizada pelas próprias empresas, no seu próprio autointeresse. Entretanto, ao procurar maximizar lucros de empreendimentos individuais e externalizar custos para o ambiente e a sociedade, o mercado é incapaz de garantir a sustentabilidade.

Sustentabilidade e conhecimento

O desenvolvimento sustentável, que perdure no tempo e beneficie a atual e as futuras gerações, necessita de sabedoria e conhecimento, para que as escolhas e decisões tomadas sejam responsáveis e para que não agravem os problemas que pretendem resolver.

A ignorância a respeito das conseqüências negativas das ações é o maior adversário do desenvolvimento sustentável. Tal ignorância pode produzir a irresponsabilidade das ações voltadas para resultados imediatos, mas que desprezam os custos de médio e longo prazos.

Os dilemas éticos necessitam de aporte de conhecimentos para que sejam resolvidos. Pierre Dansereau recomenda que a prescrição ética deve ser precedida pela prospecção ecológica. Isso significa que, antes de adotar um comportamento, é necessário municiar-se dos conhecimentos necessários para avaliar os riscos e impactos associados a tal atitude e certificar-se de que ela seja realmente a mais adequada.

Ecodesign coletivo

No campo do consumo, a mudança individual de padrões e de estilos de vida, ainda que necessária, é insuficiente para se alcançarem resultados expressivos.A fábula do beija-flor que ajuda a apagar um incêndio, ou do benfeitor das estrelas do mar, que faz uma diferença ao apanhá-las na praia e as devolver à água, realçam as virtudes individuais e o valor do comportamento pessoal.

Há dimensões coletivas e sociais que influenciam as pressões que a sociedade humana exerce sobre a natureza. Essas pressões podem ser alteradas por meio da vontade inteligente. Assim, por exemplo, a adequada organização espacial e territorial e o ecodesign são instrumentos estratégicos para reduzir desperdícios e gastos improdutivos de recursos naturais. Design significa vontade, desígnio. O ecodesign não é apenas o artesanato produzido a partir de produtos da natureza ou da reciclagem de materiais. É uma concepção abrangente de design que leva em consideração não apenas os aspectos estéticos, funcionais, de segurança ou de ergonomia dos produtos, mas também sua integração ecológica, e a maneira como cada um de seus componentes afeta o meio ambiente; quais os componentes que precisam ser substituídos por outros menos agressivos ao ambiente; como separar os diversos componentes e dar-lhes destino e aproveitamento depois de esgotada a vida útil do produto.

O ecodesign constitui uma estratégia proativa para reduzir os problemas dos resíduos sólidos e do consumo excessivo de recursos naturais. Por meio do desenho de produtos que leve em consideração todo o seu ciclo de vida, do berço ao túmulo, é possível reduzir o volume e o peso dos rejeitos gerados e, também, reduzir a pressão sobre a natureza, que fornece as matérias primas que resultarão naqueles produtos. O ecodesign permite recuperar e reinserir no ciclo econômico da produção todos os componentes do produto. Algumas indústrias automobilísticas tem desenvolvido o design de automóveis que podem ser desmontados e reaproveitados em todas as suas partes, ao final de sua vida útli.

O fomento e promoção do ecodesign por parte de órgãos públicos e do setor empresarial estimularão a criatividade de engenheiros, designers, arquitetos e de todos aqueles que se interessarem em transformar os recursos naturais em bens de consumo sem provocar danos ao ambiente. O ecodesign supõe um sentido ético de redução de desperdícios, bem como o uso do conhecimento e da criatividade a serviço da sustentabilidade. Ele pode aplicar-se, em escala micro, a produtos industriais, e em escala macro, ao habitat, à organização do espaço e ao ordenamento do território.

Em países de clima tropical, como o Brasil, a arquitetura e a engenharia do desenvolvimento sustentável devem conceber e implementar padrões de organização do espaço adequados à realidade tropical. A organização do espaço adequada é uma forma de reduzir desperdícios e consumo supérfluo de recursos. A arquitetura e o urbanismo tem importante papel para reduzir consumos supérfluos. As cidades e edificações sustentáveis precisam funcionar com um mínimo de gastos de materiais e de energia. E isso exige, além de vontade e compromisso ético e moral, conhecimento e imaginação para conceber tais estruturas.

Menos é mais, foi o lema do arquiteto Mies van der Rohe, que procurava projetar com o mínimo de materiais, para obter o máximo de espaço construído. Ele popularizou o uso do aço e do vidro.

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