O PENSAMENTO LÓGICO-MATEMÁTICO, 30 ANOS APÓS O DEBATE ENTRE PIAGET E CHOMSKY
Trabalho Universitário: O PENSAMENTO LÓGICO-MATEMÁTICO, 30 ANOS APÓS O DEBATE ENTRE PIAGET E CHOMSKY. Pesquise 861.000+ trabalhos acadêmicosPor: 07071978 • 14/6/2014 • 5.240 Palavras (21 Páginas) • 633 Visualizações
O PENSAMENTO LÓGICO-MATEMÁTICO, 30 ANOS APÓS O DEBATE ENTRE PIAGET E CHOMSKY
SILVA, Vicente Eudes Veras da – UNESA
GT: Educação Matemática / n.19
Agência Financiadora: Não contou com financiamento
Nos anos 60-70, a Psicologia Evolutiva norte-americana, distanciando-se do Behaviorismo, abria-se à influência do pensamento europeu através dos trabalhos de Piaget acerca do desenvolvimento cognitivo. Ao mesmo tempo, as idéias de Chomsky chegavam à Europa e abalavam uma longa tradição funcionalista na Lingüística. Nesse contexto, as relações entre linguagem e cognição por um lado, e entre linguagem e comunicação ou interação social, por outro, passaram a assumir o foco da atenção de psicólogos, lingüistas e filósofos, como pode ser constatado no famoso "debate" entre Chomsky e Piaget, em 1975. Hoje, 30 anos após este debate, este texto argumenta em favor do pensamento lógico-matemático. Enfatiza-se que o raciocínio matemático pode existir sem a linguagem a partir do estudo publicado pela Academia Nacional de Ciências-Grã-Bretanha que mostra pacientes que perderam a capacidade de compreender a gramática e são capazes de realizar operações aritméticas complexas.
Palavra-chave: pensamento lógico-matemático; linguagem; cognição.
Introdução
Este trabalho foi motivado por um estudo recém-publicado pela Academia Nacional de Ciências , da Grã-Bretanha. Segundo uma equipe de pesquisadores da Universidade de Sheffield, o raciocínio matemático pode existir sem a linguagem. O estudo mostra pacientes que perderam a capacidade de compreender a gramática ainda são capazes de realizar operações aritméticas complexas.
Nos anos 60-70, a Psicologia Evolutiva norte-americana, distanciando-se do Behaviorismo, abria-se à influência do pensamento europeu através de traduções para o inglês dos trabalhos de Piaget, acerca do desenvolvimento cognitivo. Ao mesmo tempo, as idéias de Chomsky, chegavam à Europa e abalavam uma longa tradição funcionalista na Lingüística. Nesse contexto, as relações entre linguagem e cognição por um lado, e entre linguagem e comunicação ou interação social, por outro, passaram a assumir o foco da atenção de psicólogos, lingüistas e filósofos, como pode ser constatado no famoso "debate" entre Chomsky e Piaget, em 1975.
Diante de diferentes perspectivas e abordagens, o estudo da aquisição da linguagem passou a ser dominado pela controvérsia. De um lado, a proposta inatista da Teoria Lingüística e, de outro, diferentes posturas em relação ao quanto de especificidade é necessário atribuir à linguagem quando comparada a outros sistemas cognitivos e ao quanto de independência pode ser atribuída ao desenvolvimento lingüístico no conjunto do desenvolvimento cognitivo. De um lado, a centralização do problema da aquisição da linguagem em seu aspecto sintático e, de outro, a preocupação com os conceitos e relações semânticas expressas na fala da criança e a hipótese de uma precedência da semântica sobre a sintaxe, no processo de aquisição (Bloom, 1970; Schlesinger, 1971; Bowerman, 1973). De um lado, a idéia da precariedade do input lingüístico da criança (Chomsky, 1970 e 1986) e, de outro, a caracterização da fala dirigida à criança como um registro peculiar (Snow, 1986). De um lado, o desenvolvimento lingüístico tomando forma a partir da discriminação do sinal acústico da fala nos primeiros dias de vida e, de outro, o desenvolvimento lingüístico visto como fundado em habilidades comunicativas ou pragmáticas pré-lingüísticas (Bates, 1976).
Sabe-se que, por volta dos anos 70, o paradigma teórico behaviorista já se havia desgastado. Requeria-se uma teoria de desenvolvimento que desse conta de uma criança cognitivamente ativa e lingüisticamente criativa, em contraposição à criança objeto da ação condicionante do meio antes apresentada pela chamada Teoria Geral da Aprendizagem, que havia dominado a Psicologia Evolutiva norte-americana na primeira metade do século.
O discurso da Epistemologia Genética de Piaget (Piaget, 1976), enfatizando a ação da criança sobre o meio físico, da qual decorreria a construção de estruturas cognitivas fundamentais para todo o tipo de desenvolvimento - os esquemas sensório-motores - apresentava uma alternativa atraente àquela teoria. A teoria de Piaget passou a ser tomada como referência para a caracterização do desenvolvimento cognitivo da criança. A possibilidade de esta teoria de desenvolvimento absorver o desenvolvimento lingüístico (Inhelder, 1980; Sinclair, 1976a; 1976b) ou fornecer um modelo de desenvolvimento capaz de descrever o processo de desenvolvimento no domínio específico da linguagem gerou diferentes linhas de investigação sobre a aquisição da linguagem no contexto do desenvolvimento da criança.
No primeiro caso, a natureza estrutural da teoria de Piaget facilitou sua aproximação com o tipo de modelo formal de língua apresentado pela Teoria Lingüística, no que este tinha de descritivo. Nessa aproximação, o modelo de língua foi visto como redutível à estrutura lógico-matemática passível de ser abstraída em todos os domínios da cognição, de acordo com a concepção de Piaget (Piaget, 1976; 1980). A gênese da língua ficava, assim, submetida à gênese dessa estrutura cognitiva, qual seja, aos esquemas sensório-motores formados a partir da ação da criança sobre o meio no primeiro ano e meio de vida, dispensando-se, com isso, a necessidade de uma especialização lingüística
Essa linha de investigação de Piaget foi muito criticada (Yamada, 1992) com o argumento de que as relações gramaticais não são redutíveis a relações lógico-matemáticas, dado que não há correlação entre medidas de complexidade sintática e morfológica e medidas de desenvolvimento cognitivo definidas nos termos das operações caracterizadas por Piaget. Os críticos defendiam que a dependência da língua ao desenvolvimento sensório-motor presente na proposta de Piaget em relação à língua era apoiada numa concepção filogenética insustentável.
Este trabalho defende o pensamento lógico-matemático na concepção de Piaget sustentando a que o raciocínio matemático pode existir sem a linguagem (linguagem dos lingüistas) a partir do estudo publicado pela Academia Nacional de Ciências-Grã-Bretanha que mostra pacientes que perderam a capacidade de compreender a gramática e são capazes de realizar operações aritméticas complexas.
A Epistemologia
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