O Que Tem Pra Hoje?

O que tem pra hoje?

Ontem, estávamos reunidos com um grupo de amigos, e nos fizeram a seguinte pergunta: se hoje fosse seu último dia, como gostaria de morre? E a maioria respondeu que gostaria de morrer dormindo, mas a probabilidade de morrer dormindo é quase zero. Na cidade de inúmeras violências, a bandidagem está livre, leve e solta. Todo dia é um “bom dia para se morrer”, e ainda podemos escolher como será a nossa morte. A lua tem ido embora mais cedo... e sol nem sequer faz questão de nascer... histórias são contadas e recontadas em manchetes de jornais todos os dias, somente os personagens se diferenciam.

Na París dos trópicos, terra dos barés, cidade cercado pela maior floresta tropical do mundo, onde a fauna e a flora são cobiçadas por todo planeta, cidade do maior festival folclórico, bois-bumbás Garantido e Caprichoso, ah! Manaus, minha querida Manaus... Apesar das riquezas naturais, vivi-se “mais ou menos”, mas morre-se como “nunca”... Que tal morrer com um tiro na cabeça em decorrência de um assalto à mão armada? Que tal morrer vítima de "bala perdida" durante um confronto entre traficantes? Que tal morrer enquanto se atravessa a rua, atropelado por um carro de luxo dirigida por um filhinho de papai? Que tal você morrer infectada pelo vírus HIV? Que tal você morrer vindo do seu trabalho dentro do ônibus atropelado por um caminhão dirigido por um motorista sob efeito de drogas? Que tal morrer por complicações causadas por uma doença por falta de vaga no hospital? Que tal morrer no exercício do seu trabalho? Que tal você morrer dentro da sua casa vítima de latrocínio? Que tal morrer vítima de maus tratos? Que tal você morrer dormindo num incêndio cujo autor é a sua própria mãe. Morrer assim... Que tal? Por onde anda amor ao próximo?... cadê?... onde está?... Manaus das tecnologias, dos incentivos fiscais... Cidade da Zona Franca, tão perseguida... mas tão valorizada pelo seu povo...

A imagem do Teatro Amazonas, tão imponente... Tempos áureos de riqueza da borracha, passa a falsa sensação de um povo acolhedor e pacífico. Que grande engano! Em Manaus existem as piores formas “ir para a terra dos pés juntos”. Os incêndios provocados pelos constantes “gatos” nos postes de abastecimentos de energia elétrica nem se compara ao fogo disparados por bandidos e policias. Você prefere uma morte rápida, com pouco sofrimento, ou uma morte lenta com requintes de crueldade? Aqui... A escolha nem sempre fica a critério do freguês...

Na “laço do amor”, a violência é tanta que ganhou uma dimensão tão grande que recebeu a ilustre visitas das autoridades maiorais do Estado. Vamos para o interioooor! E se você ainda sonha em “morrer dormindo”, já passou da hora de sair da cidade... thau Manaus! Vou voltar pra terra onde nasci... lugar onde eu possa pelo menos “morrer em paz”... Bem Vindo a Benjamim Constant...

Jane Antonia Sales Rocha.