O Ramo Da máquina

Quais são as aproximações em relação à masculinidade, à cultura e

à família feitas pelos agentes de Estado? Quais são as crenças por trás da

ideia de família como domínio de intervenção para produzir um novo

cidadão? Como se relacionam estes pressupostos com a implementação

de políticas públicas centradas na garantia de direitos? Busco problematizar

a produção e implementação de normas e políticas para erradicar a

violência intrafamiliar considerando-as inscritas em processos socioculturais,

nos quais os agentes de Estado interpretam a “realidade social”,

classi"cam os sujeitos de política pública e geram ações de governo com

vistas a garantir uma ideia de Estado (RAMÍREZ, 2010). Sendo assim,

neste texto privilegio o !uxo e a contingência das categorias violência,

paz e cultura nos discursos e nas ações dos agentes de Estado em relação

aos sujeitos receptores de políticas nas periferias de Bogotá, para analisar

os sentidos, a partir dos quais os agentes governam.

Apresentarei uma arqueologia do conceito de “democracia familiar”,

no qual con!uem as categorias acima mencionadas, assumindo-

-o como justi"cativa dos agentes de Estado para se relacionarem com

sujeitos caraterizados como agressores. A conformação e o uso da democracia

familiar dão conta de um processo de formação de indivíduos

funcionais ao Estado e de recon"guração de relações familiares

nas quais o direito deve ser performático. Meu argumento pretende

descrever como um !uxo de ideias sobre o que “é a sociedade” ou o que

“deveria vir a ser”, estrutura um campo de ação política em que o princípio

da igualdade jurídica converte sujeitos “a cargo da sua família” em