OS ECOS DAS COMPOSIÇÕES CLÁSSICAS NA MÚSICA E NA CULTURA BRASILEIRA
Por: Thalia P. L. • 9/6/2020 • Trabalho acadêmico • 8.550 Palavras (35 Páginas) • 162 Visualizações
OS ECOS DAS COMPOSIÇÕES CLÁSSICAS NA MÚSICA E NA CULTURA BRASILEIRA
Ágatha Eduarda Leal Macedo[1]
RafaellaSchirmann Candido[2]
ThaliaPossidonio de Lima[3]
Professora Orientadora: Rita de Cássia Lima Ramos[4]
RESUMO
O presente artigo apresenta os caminhos e as nuances da formação histórica da música clássica, sua introdução e destaque na cultura e nas artes, através de uma linha de tempo. Além disso, buscou-se entender sua recepção e desenvolvimento no território brasileiro. O objetivo do mesmo é colaborar com a expansão e reconhecimento da música erudita, com o conhecimento e a propagação da música renascentista. Este trabalho propôs-se a respostas para o posicionamento da população em relação a essa vertente artística. Para tanto, foram analisadas biografias e pensamentos de importantes compositores, aspectos históricos e sociais. Após a análise, percebeu-se que há pouco conhecimento dessa cultura dentro da formação do brasileiro e a falta de incentivo no meio familiar e social, relegando à erudição, um valor de diferença/exclusão social. Observa-se ainda que o sentimento de não pertencimento ao acesso a uma arte, tornou-a símbolo da falta de status. A pesquisa permitiu o acesso a um grande número de artigos científicos que exploram o tema. Por fim, a pesquisa transitou por diversas vertentes e espera-se que seja possível tornar a música erudita um patrimônio de conhecimento e reconhecimento popular, no sentido mais amplo dessa palavra.
Palavras-chave: Renascimento; Compositores; Música erudita; Panorama musical.
1INTRODUÇÃO
“Há poucos meios mais eficazes para fixar as palavras de Deus na memória do que repeti-las em cânticos.”
Ellen White
“A música expressa o que não pode ser dito em palavras e não pode ficar em silêncio.” Com essa frase, o poeta e dramaturgo francês Victor Hugo (1802-1885) sintetiza o poder que essa arte exerce sobre a humanidade há milênios. A importância de um panorama da música e seu retumbar na erudiçãodos dias atuais, se alinham em uma lacuna formada dentro da formação dos alunos do Ensino Médio. Para o professor Aldo Bizzocchi
( 1999),a cultura (música) erudita
está associada às representações ideológicas e artísticas de uma parcela minoritária da sociedade de classes: as elites. E é essa parcela mínima da sociedade que estabelece e impõe as regras do jogo.(BIZZOCCHI, 1999)
Todos os reflexos presentes nos dias atuais, remetem ao Renascimento, quefoi um movimento cultural muito complexo e que nasceu na Itália, por volta do século XIV ese espalhou pela Europa cem anos depois. Nessa época,centenas de causas existenciais e comerciais exerceram extrema importância, já que também, iniciou-se o que hoje é chamado de mundo moderno[5]. Por comodidade, adotou-se esta denominação para a Música no período compreendido entre 1450 e 1600, mas, nela mesma, não aconteceu uma transformação profunda, igual à ocorrida em outras áreas do conhecimento humano (comparando-seà Literatura, à Geografia ou à Física). Muitos historiadores justificam este rótulo, dizendo que a Música "renasceu" durante o século quinze, tendodesaparecido nos séculos anteriores.
A atividade musical é inerente a todas as civilizações e em nenhum momento deixou de existir, aparecendo em registros referentes aos momentos humanos, seja em rituais, seja em trabalhos, ou em festas.
Segundo o pesquisador e historiador Rainer Sousa[a](pg. 01, 2019), o Renascimento foi um período que surgiu porvolta do século XIV, em solo italiano e que, posteriormente, se espalhou por todo o solo europeu. Esse complexo evento, que mexeu muito com a cultura, teve vários estopins para seu surgimento. Um exemplo disso foi o fortalecimento do humanismo, do cientificismo, a crescente valorização da cultura greco-romana e a liberdade de circulação e expressão de ideias e o incremento comercial. Tal movimento ficou conhecido como a passagem da idade média para a idade moderna.(Rainer Sousa, Brasil escola[b])
Na idade média, valorizava-se o canto gregoriano. Seu início foi nas sinagogas, desde os tempos de Jesus Cristo. Os primeiros cristãos foram responsáveis por dar continuidade e incremento aesses cantos, já que segundo Agostinho “ quem canta ora duas vezes[c]”(ALHO, JOSÉ MANUEL, 2019). Os membros presentes nas atividades religiosas, entoavam salmos e cânticos presentes no Antigo Testamento. Esse estilo leva tal nome em homenagem ao papa Gregório Magno (540-604),autor de uma coletânea de peças, que foram publicadas em dois de seus livros: o “Antifonário”, conjunto de melodias que faz referência às Horas Canônicas[6], e o “Gradual Romano”, contendo os cantos da Santa Missa. Ele também iniciou a "ScholaCantorum" que deu um grande desenvolvimento ao canto gregoriano.
O canto gregoriano tinha presença marcada nas celebrações da missa e em teatros realizados nas igrejas com o objetivo de evangelizar os fieis. Era cantado com grande beleza e harmonia, geralmente em latim. Esse estilo de canto começou a sofrer uma baixa com o surgimento de um novo estilo de música mais fácil de ser cantada. Os compositores passaram a ter um interesse maior pela música chamada de profana, ou seja, música não religiosa, que não era usual nas igrejas, e inicia-se a produção de peças para instrumentos, que já não eram somente usados para fazer um acompanhamento de vozes.
Os maiores tesouros musicais renascentistas foram compostos para a igreja, num estilo descrito como polifonia coral ou policoral[7] que são cantados sem acompanhamento de instrumentos e com varias vozes nos mais diversos tons e cantados todos ao mesmo tempo, ou seja, estilo polifônico.
Oliver[d], história da música, 2018)explica que na Basílica de São Marcos, situa Venezaexistiam dois grandes órgãos e também duas galerias usadas para o coro. Ambas estavam situadas nas duas extremidades da construção. Isso fez surgir uma ideia na mente dos compositores. A ideia era baseada no princípio de compor peças para mais de um coro, chamadas policorais. Assim, uma voz vinda da esquerda seria respondida pelo coro da direita e vice versa. Algumas das peças mais impressionantes são as do compositor italiano Giovani Gabrielli (1555 - 1612), autor de peças para dois e três grupos.
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