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OS RELATÓRIOS DE OBSERVAÇÃO DE AULAS COMO INSTRUMENTO DE PESQUISA DA PRÁTICA DOCENTE NO ENSINO DE INGLÊS

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Por:   •  24/4/2013  •  2.972 Palavras (12 Páginas)  •  2.257 Visualizações

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OS RELATÓRIOS DE OBSERVAÇÃO DE AULAS COMO INSTRUMENTO DE PESQUISA DA PRÁTICA DOCENTE NO ENSINO DE INGLÊS

Niedja Balbino do Egito (UFAL)

Maria Inez Matoso Silveira (UFAL)

1. Introdução

Este artigo relata um estudo feito tendo como instrumento de pesquisa o relatório de observação de aulas de língua inglesa de alunos do 4º ano do curso de Licenciatura em Letras – Habilitação: Português-Inglês. Antes de entrarmos na apresentação e discussão dos dados da pesquisa, convém tecermos algumas considerações a respeito da natureza do instrumento utilizado, passando, primeiramente, por rápidas discussões relativas à chamada formação inicial de professores em nível de graduação superior e, evidentemente, algumas especificidades da licenciatura em Letras que, a nosso ver, tem na atividade do estágio supervisionado, um certo “ponto nevrálgico”, dentro da complexa questão da formação docente no nosso país.

No nosso sistema de ensino superior, as licenciaturas são as estâncias oficiais da formação inicial do professor de disciplinas específicas do segundo segmento do ensino fundamental (5ª à 8ª série) e do ensino médio. Os currículos dos cursos de licenciatura devem contemplar, necessariamente, a parte conteudística, relativa aos conhecimentos específicos da área, e também uma parte pedagógica, relativa ao preparo do licenciando para o magistério. Entretanto, ao longo de muitos anos, a interação entre essas duas partes não tem sido muito harmoniosa. Disso resultam muitas mazelas que vão desembocar exatamente na culminância dessas licenciaturas: os estágios supervisionados, primeira experiência do exercício orientado da profissão do magistério.

Na sua implantação oficial no Brasil, o curso de Letras não previu, no seu currículo inicial, as disciplinas pedagógicas, mas, a partir do momento em que tais disciplinas se tornaram curriculares, foi implantada a prática dos estágios no curso de licenciatura em Letras (nas suas diversas habilitações: Português-Inglês, Português-Francês, etc.). Assim, já se tornou tradição, nesse curso (e nas demais licenciaturas) a realização do estágio de observação e o de regência de aulas, que passaram a ser obrigatórios. Aliás, essas atividades conferem às licenciaturas uma certa identidade, sendo, portanto, um diferencial em relação aos chamados cursos de bacharelado .

A propósito, como também aborda Pereira (2000), as relações entre os professores e coordenadores que cuidam, na universidade, das duas modalidades de curso (bacharelado e licenciatura) não têm sido muito tranqüilas, havendo sempre alguns desentendimentos, discriminações e até um desequilíbrio entre as questões dos conteúdos (o quê ensinar) e as questões didáticas (o como ensinar).

A disciplina que tradicionalmente cuida de orientar e supervisionar os mencionados estágios foi denominada, por muitos anos, de Prática de Ensino (de Matemática, de Geografia, de Português, de Inglês, etc.), mas, atualmente, com as orientações da nova LDBEN (Lei 9394/96), a disciplina passou a chamar-se, no nosso caso, de Estágio Supervisionado de Ensino de Inglês. Como uma prática regular, a “prestação de contas” oficial das atividades de estágio, tanto o de observação, quanto o de regência de aulas, se faz através da apresentação, por parte do licenciando, de relatórios. Neste artigo, cuidaremos do relatório de observação como fonte de informações da prática pedagógica de professores de inglês de algumas escolas da nossa comunidade.

A questão do estágio – suas formas, duração, locais de realização, época do ano letivo, etc. – tem sido uma constante fonte de controvérsias, polêmicas, desencontros, desconfortos, etc. Efetivamente, a disciplina Estágio Supervisionado, por sua complexidade e especificidade, não pode ser vista como uma disciplina igual às outras do currículo, pois as atividades que nela se realizam envolvem trabalho de campo, outros sujeitos e instituições, configurando-se, portanto, como ações interinstitucionais.

Uma das queixas mais constantes dos professores da disciplina Estágio Supervisionado, pelo menos na nossa universidade, é a falta de uma escola de aplicação, em que o espaço e o acesso do estagiário são dados como certos, evitando que o licenciando e o professor-supervisor da disciplina tenham que ir em busca de locais para estagiar e ter que negociar pessoalmente com professores e diretores de escola.

Por outro lado, nas universidades que têm colégio de aplicação, os professores da disciplina Estágio Supervisionado se queixam de que os professores-titulares das turmas em que os licenciandos vão estagiar nem sempre aceitam as propostas didáticas elaboradas pelo estagiário e seu supervisor. Desse modo, sentem-se numa espécie de “camisa de força”, pois não podem inovar ou realizar uma experiência de ensino alternativa.

Uma preocupação também existente nessa área de estágios nas licenciaturas são as possibilidades de fraude, de descontrole e de outros contratempos que estão sempre presentes ao longo do processo. Sem dúvida, isso é um motivo de grande estresse para o professor-supervisor. No entanto, apesar desse constante quadro de instabilidade, sabe-se que, quando bem orientados e bem supervisionados, os estágios de observação e de regência são indispensáveis como forma de introdução dos licenciandos ao exercício monitorado da profissão. Geralmente, os relatórios são peças fundamentais em que se documentam as experiências realizadas ao longo dos estágios. Naturalmente, os relatórios tanto retratam as experiências bem sucedidas, quanto aquelas mais medíocres e menos significantes.

2. Os relatórios de observação como fontes de informação

Ao preparar o aluno para os estágios, mais especificamente o estágio de observação, o professor-supervisor da disciplina, enfrenta primeiramente o problema da disponibilidade dos alunos do curso noturno. Depois vem a mobilização dos saberes – conteúdos específicos e conteúdos pedagógicos – que, freqüentemente, é muito fragmentada e até desinteressada por parte de alguns alunos. Nessa perspectiva, o relatório passa a ser a instância reveladora das defasagens de conhecimentos e de habilidades básicas do licenciando. Conseqüentemente, as deficiências de redação, de argumentação e de elementos referenciais provenientes das disciplinas, inclusive da parte específica, para conduzir as atividades dos estágios aparecem de forma contundente. Assim sendo, convém admitir

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