Ordem racial no século XIX
Resenha: Ordem racial no século XIX. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: PAULOSERGIO11 • 1/10/2014 • Resenha • 392 Palavras (2 Páginas) • 163 Visualizações
O cenário racial no século XIX
Em 1810, tratados firmados entre a coroa portuguesa no Brasil e a Inglaterra determinavam a abolição do tráfico, uma proibição, na prática, meramente de fachada, pois o comércio continuou. Somente em 1850 a lei Eusébio de Queiroz aboliu definitivamente o tráfico.
A partir daí, a defesa da abolição total da escravatura passou a ser a bandeira de alguns setores da nossa economia: a oligarquia cafeeira do Oeste Paulista, interessada em atrair mão-de-obra imigrante, e os primeiros empresários industriais, que desejavam mercado consumidor interno e mão-de-obra europeia, mais qualificada.
Além disso, a influência de teorias racistas europeias, que defendiam a ideia da superioridade racial e cultural do caucasiano loiro, impuseram ao Brasil uma visão de branqueamento de sua população através do mulato, fruto da mistura étnica entre o branco e o negro, primeiro passo para o "projeto" de branqueamento total.
Dessa forma, tornavam-se fundamentais a abolição da escravatura e a vinda do branco europeu, processos que acelerariam esse branqueamento. Na ocasião, alguns teóricos nacionais cultuavam as capacidades de alemães e italianos e, em contrapartida, desprezavam nossa origem racial, taxando-a de triste e preguiçosa, preconceitos ainda presentes no nosso meio.
Grosso modo, a abolição da escravatura no Brasil conheceu dois caminhos. No Nordeste, que vivia a decadência da estrutura latifundiária, já que o algodão e o açúcar estavam sem capacidade de concorrência no mercado internacional, os proprietários rurais verdadeiramente não mais podiam manter a mão-de-obra escrava. Como a região não possuía uma economia dinâmica nas áreas urbanas, os negros libertos permaneciam nas fazendas como agregados ou dependentes. Assim, no Nordeste brasileiro a abolição transformou o escravismo num regime de trabalho semi-servil.
No Centro-Sul, com melhor equipamento urbano estimulado pelos investimentos do capital cafeeiro na indústria, o negro pôde ser absorvido pela forma capitalista de trabalho assalariado. Entretanto, o despreparo dessa mão-de-obra e a concorrência do trabalhador imigrante transformaram os contingentes libertos em massas marginalizadas socialmente, executando tarefas de menor qualificação e menor remuneração, realimentando o perigoso círculo vicioso do subemprego e dos preconceitos dele decorrentes como estereótipos sociais.
Vale ressaltar que os imigrantes europeus e asiáticos que hoje compõem boa parte da população brasileira foram também vítimas das nossas classes dominantes, ora pelo não cumprimento dos contratos de trabalho que deveriam reger as relações entre as partes, ora por meros preconceitos, estimulados pela ideia de dependência do imigrante que substituía o braço de trabalho escravo.
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