Organizações orgânicas

Organizações Orgânicas

14 Junho 2013

Recebi esta semana, das mãos do autor, um exemplar de O2 Organizações Orgânicas - Um guia para revolucionar a gestão e liderar as equipes do século XXI, de Renan Carvalho.

De cara, Renan trata de esclarecer os princípios de uma organização orgânica:

- O propósito é servir, e não enriquecer os acionistas.

- A estrutura é formada por times, e não por hierarquias de poder.

- Ela funciona como um organismo vivo, e não como uma máquina.

- As pessoas são tratadas como seres humanos, e não como recursos humanos.

- As pessoas são motivadas por autonomia, e não por dinheiro.

- O crescimento é natural, e não baseado em planos financeiros.

- Os líderes têm paixão, e não uma posição que lhes confere autoridade.

"Esta é a filosofia da organização orgânica, capaz de gerar um ambiente de felicidade na empresa, de desenvolver compromisso, iniciativa, responsabilidade e criatividade nas pessoas", escreve Renan.

Toyota, Google, Southwest Airlines e Handelsbanken são empresas líderes de mercado que funcionam organicamente. Renan Carvalho tem trabalhado como coach e consultor para disseminar esse modelo de gestão entre empresas brasileiras de micro e pequeno porte. Seu livro mostra o caminho para o empreendedor rever suas crenças e, quem sabe, começar a desenvolver uma organização orgânica.

"Tornar toda e qualquer empresa um local onde eu mesmo pudesse sentir prazer em trabalhar (...) é o grande motor que me impulsionou pelo mundo da consultoria e hoje me impulsiona para o mundo da educação empresarial. Como sou um apaixonado por organizações humanas, sempre acreditei que elas deveriam contribuir para que as pessoas pudessem viver mais felizes e nunca o contrário", escreve Renan.

Ele começou sua trajetória como empresário, na microagroindústria do pai. Tocou o negócio por um ano, "sem experiência e sem caixa", até ser obrigado a fechar as portas e vender as vacas da família para quitar as dívidas.

Resolveu investir em sua educação e foi estudar nos Estados Unidos. Trabalhando em empresas de horti e floricultura, conseguiu juntar dinheiro para pagar o ingresso numa universidade americana e pagar o primeiro ano de um MBA - curso que, na sua avaliação, não teve nada de especial.

O mestrado em administração de negócios lhe rendeu um emprego numa empresa de telecomunicações de Miami, a partir de setembro de 2000. Por lá, Renan ficaria durante dois anos e 10 meses.

Sua inadequação com o ambiente corporativo tradicional ficou evidente logo no terceiro mês, quando passou por sua primeira avaliação de desempenho - da qual, ele revela ter saído arrasado. Mesmo assim, após seis meses, entregaram-lhe a liderança de um novo projeto: geração de conteúdo para um portal para os usuários do provedor de internet da empresa.

Estreando como chefe, intuitivamente, Renan estabeleceu em sua unidade um ambiente de autonomia e horários alternativos - mal visto pelos superiores. Segundo ele, a empresa esbanjava muito, e não era difícil prever que a farra estava próxima de acabar. Efetivamente, um dia chegou a suas mãos um comunicado interno, solicitando que escolhesse três membros de sua equipe para serem demitidos, em função de um corte de custos. Renan propôs apenas dois cortes: o dele próprio e o de seu superior direto. A companhia, porém, aceitou apenas a sua demissão - e escolheu outros dois funcionários de seu time para desligar.

"Era o início de minha carreira como consultor", conta Renan. "Foram mais de cinco anos tentando construir em várias empresas uma gestão onde as pessoas efetivamente trabalhassem como se a empresa fosse delas."

Estes poucos parágrafos resumem 20 anos de experiência, nas condições de empresário, chefe, peão, executivo e consultor. O resumo de Renan sobre essa sua primeira encarnação profissional se encerra com uma nota agridoce, quando afirma que ficou aliviado ao perceber que quem estava doente não era ele, mas o mundo empresarial.

Na sua visão - e na minha também - a imensa maioria das empresas "conta com uma força de trabalho infeliz em todos os seus níveis, ou seja, com pessoas que estão tolerando tanto o próprio trabalho como a empresa onde estão empregadas". Sua experiência pessoal o ajudou a identificar o que considera ser as maiores causas da infelicidade: a pressão, as cobranças, a falta de tempo, os conflitos internos, as incoerências de chefes, a falta de prioridades, as injustiças, os jogos de poder, o pouco dinheiro.

Faltava entender porque grande parte dos seres humanos, apesar de viver infeliz no trabalho, continua tão dependente dele. "Isso não parece nem um pouco inteligente nem racional", observa Renan.

O2 Organizações Orgânicas é o resultado da busca de um melhor diagnóstico para essa doença corporativa e, mais importante, de possíveis antídotos. É um trabalho que merece atenção.

http://www.felicidadesa.com/blog/78-organizacoes-organicas

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