PIAGET
Seminário: PIAGET. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: samires28 • 11/3/2014 • Seminário • 2.298 Palavras (10 Páginas) • 728 Visualizações
O período sensório-motor é denominado por PIAGET (1928) como sendo o período mais primitivo do desenvolvimento cognitivo, porque as primeiras manifestações de inteligência do bebê aparecem em suas percepções sensoriais e em suas atividades motoras.
“Esse desenvolvimento é caracterizado pela ação que o integra, o movimento. Mesmo no útero o bebê não apenas chupa o dedo, mas também pressiona a parede uterina e outras partes de seu corpo ao movimentar seus membros, que lhe proporcionavam feedback táctil e proprioceptivo”. (PIAGET, 1928: 78)
Os movimentos dos primeiros dias do recém nascido não são executados porque assim a criança o deseja; são simples respostas reflexas às solicitações do meio ou às sensações internas, como por exemplo, a fome. As atividades reflexas e inatas são, nesse período, muito importantes para o futuro desenvolvimento do bebê. O bebê só aprende e executa voluntariamente os movimentos se estes tiverem sido vivenciados antes reflexamente ou ao acaso. Portanto as futuras ações dependem dessas atividades reflexas. Sem elas, a criança não pode iniciar as experiências necessárias ao desenvolvimento da motricidade. A prática leva essa criança a ser capaz de captar as imagens das sensações proprioceptivas e exterioceptivas, isso acontece por volta do final do 1º (primeiro) mês ou dos primeiros dias do 2º (segundo) mês quando, ao executar reflexamente um movimento, seus dedos tocam um objeto qualquer; a sensação tátil percebida com agrado serve de estímulos para que o movimento seja reproduzido e a sensação tátil de novo percebida.
A essa repetição de um movimento em resposta a uma sensação exterioceptiva por ele mesmo determinada, e que ao ser percebida, é capaz de provocar uma impressão agradável, PIAGET (1928) definiu como sendo o 2º (segundo) estágio – Reação Circular Primária (RCP), pois estas reações não só envolvem o corpo, mas inicia a organização da percepção. Compreende a fase de um a quatro meses, e caracteriza-se pelas adaptações ou comportamentos adquiridos, ou seja, o organismo se modifica em função do meio ambiente. Estas adaptações, nascidas da coordenação entre os reflexos hereditários, já estão fixadas. A Reação Circular Primária nada mais é do que a repetição de eventos motores. Sendo que a elaboração desta razão vai depender do equilíbrio entre a assimilação e a acomodação, embora nem sempre estas duas funções estejam totalmente equilibradas. A criança, portanto, é capaz de coordenar dois ou mais esquemas ao mesmo tempo, por exemplo, a audição-visão; a audição-fonação.
A imagem proprioceptiva do movimento, ocupando e permanecendo no seu campo perceptivo, servirá de estímulo e modelo à repetição do movimento. Sendo assim, esta será projetada nos centros nervosos encefálicos, responsáveis pela motricidade cortical, e o movimento será reproduzido. Portanto, com a repetição, as ações adquiridas serão aprimoradas, variando-se o estímulo, o tipo, suas características, a intensidade e o local de sensação. Assim teremos uma variedade infinita de imagens sensoriais táteis, pois as respostas motoras obtidas serão variadas, conforme a variedade de imagem sensorial percebida. O bebê aprende, em experiências sucessivas e repetidas, graças às coordenações sensório-motoras adquiridas. Há diferentes tipos de coordenações sensório-motoras. Deve-se destacar:
Coordenações intra-segmentares de cabeça: coordenação visocefálica, audiocefálica, bucocefálica, etc.
Coordenações intersegmentares: coordenação buço-manual, óculo-manual, levar a mão às diferentes partes do corpo.
Coordenações intersensoriais: buco-visual (ao ver o objeto, a criança manifesta por movimentos da boca, o seu interesse em sugar); audiovisual (a criança volta o rosto para olhar de onde vêm os sons que ouve).
O bebê explora, pela mão ou pela visão, o ambiente, pelo prazer que sente ao perceber os quadros visuais ou táteis. É importante falar que ao iniciarem as atividades de RCP as imagens sensoriais percebidas constituem nesse momento, ou imagens sensoriais de uma só sensação captada (sensação de duro ou mole, áspero ou liso, etc) ou simples “quadros sensoriais”, nos quais o bebê não individualiza como independentes entre si, as imagens correspondentes aos objetos, nem as partes do seu corpo que neles possam ser percebidas. As imagens percebidas, portanto são capazes de atrair esse bebê, mas ainda não são interpretadas.
Não podemos considerar as atividades de RCP como verdadeiros movimentos voluntários porque não são subordinados à ação da vontade. A criança capta e memoriza a imagem destacada, mas não tem noção do que representa. Falta o amadurecimento e o interesse para perceber e destacar os diferentes elementos que compõe os quadros sensoriais, distingui-los, e diferenciá-los; assim é incapaz de estabelecer relações de significados e significantes e de agir sobre objetos. Portanto, o destaque passivo das imagens dos objetos, ou dos que correspondem à mão, ou a outros quaisquer segmentos do corpo, e o uso e a generalização das atividades por Reação Circular Primária, serão responsáveis pelas grandes modificações que se vão operar na conduta do bebê e no desenvolvimento das suas atividades mentais.
Nesta fase, podemos destacar alguns brinquedos apropriados: brinquedos para olhar, ouvir, pegar e morder são valiosos para estimulação sensorial e motora do bebê. Agora podemos destacar o 3º (terceiro) estágio das atividades – Reação Circular Secundária (RCS) – que vai dos 4 (quatro) meses até os 8 (oito) meses. Aqui já se observa que as coordenações sensório-motoras já estabelecidas por RCP, em determinadas circunstâncias e ao acaso, ao invés de serem levadas diretamente à boca ou trazidos diante dos olhos do bebê, pela ação da coordenação buco-manual ou da coordenação óculo-manual, serão agitadas no ar ou levadas de encontro a outros objetos; ao tentar segurar muitas vezes a mão bate e desloca os objetos. A sensação agradável, despertada pela visão destes espetáculos ou pelos sons captados, prende o interesse e a atenção do bebê, o que proporcionará a repetição dos movimentos. Sendo assim pela repetição, as novas ações, executadas pela primeira vez, ao acaso, e responsáveis pelos espetáculos interessantes percebidos, serão adquiridas, fixadas, consolidadas e aperfeiçoadas.
A Reação Circular Secundária é, portanto a repetição de uma ação, executada ao acaso sobre um objeto, para que o espetáculo por ela determinado seja reproduzido.
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