PRELUDIO - PERSPICÁCIA
Por: Henrique Gribel • 28/5/2015 • Resenha • 856 Palavras (4 Páginas) • 116 Visualizações
PRELÚDIO Diferença entre o VER e o OBSERVAR. Absorvemos inúmeros elementos do mundo sem necessariamente processarmos quais elementos são esses. Pensamentos à deriva entram e saem de nossa cabeça sem pararmos para identifica-los. Assim, quanto maior a pressão sobre nossa atenção, menor será a nossa atenção real. Uma sutil comparação, é pensarmos sobre a nossa infância. Há muitos detalhes vivos na nossa mente em relação a esta nossa fase. Quando crianças, somos de uma notável lucidez, pois tudo é novo, instigante, desperta nossa curiosidade; tudo porque estamos MOTIVADOS e ENVOLVIDOS por essa atmosfera. A ATENÇÃO PLENA (Consciência ativa) é essa característica de quando somos crianças, e ela é necessária para criarmos hábitos de pensamentos que promoverão plena atenção ao mundo que nos cerca. | PARTE I - COMPREENDO (-SE) CAPÍTULO I - MÉTODO CIENTÍFICO DA MENTE Sherlock Holmes pode até estar em uma ficção, mas seu rigoroso método é perfeitamente real. O QUE É O MÉTODO CIENTÍFICO DO PENSAMENTO? Antes de partir para os aspectos MORAIS e MENTAIS da questão, deve-se principiar pela abordagem dos problemas elementares, partindo assim primeiramente da OBSERVAÇÃO. Tendo o tema, passa-se para a etapa da GERAÇÃO DE HIPÓTESES. Estas, não são elaboradas ao acaso; todos os potenciais cenários e explicações brotam da base inicial de CONHECIMENTO e OBSERVAÇÃO. Em suma, o método científico baseia-se então: COMPREENDER e DELIMITAR o problema; OBSERVAR, CRIAR (ou IMAGINAR) hipóteses, TESTAR e DEDUZIR. CILADAS DO CÉREBRO INEXPERIENTE Uma das características da metodologia de Sherlock Holmes é a postura CÉTICA e inquisitiva diante do mundo, assumindo a premissa de que “nada é evidente”. Sendo assim, para pensar como Holmes, precisamos antes superar uma espécie de acomodação natural que permeia nossa visão de mundo. O nosso funcionamento mental baseia-se em dois sistemas. O WATSON que é RÁPIDO, INTUITIVO, REATIVO, de JULGAMENTO APRESSADO, que não requer muito pensamento ou esforço consciente, sendo assim uma espécie de PILOTO AUTOMÁTICO. Já o HOLMES, LENTO, DELIBERATIVO, APROFUNDADO, MAIS LÓGICO, FRIO, MINUCIOSO, REFLEXIVO. Watson é nosso eu ingênuo, que opera no modo preguiça mental, o mais espontâneo, e que vamos desenvolvendo ao longo de toda vida. Holmes corresponde ao nosso eu mais ambicioso. Quando pensamos naturalmente, nossa mente é preconfigurada para aceitar o que quer que lhe apresente. Primeiro acreditamos, para só depois questionar. Essa característica pode ser expressa nos seguintes termos: Nosso cérebro precisa acreditar na informação para poder processa-la, nem que seja por uma fração de segundo. Um exemplo é quando é pedido para pensarmos num elefante cor-de-rosa, embora seja óbvio que saibamos que elefantes cor-de-rosa não existem, por um momento você teve que visualizar, acreditar em um. (SPINOZA reconhece essa necessidade de aceitar para compreender). Quanto mais complexo e determinado conceito ou ideia, ou menos óbvia sua identificação como verdadeiro ou falso maior será o esforço necessário. Do mesmo modo, se estivermos OCUPADOS, ESTRESSADOS, DISTRAÍDOS ou, de alguma forma, MENTALMENTE ESGOTADOS, podemos tomar algo como por verdadeiro sem ao menos nos darmos ao trabalho de conferir. Em virtude do custo mental do sistema mais frio e reflexivo, passamos a maior parte do tempo no sistema acalorado e reflexo, que assim reveste com suas características nossa capacidade natural de observação. Só quando algo efetivamente nos atrai, a atenção obriga a parar e acionar o lado mais lento. O truque de Holmes é tratar todos os pensamentos do mesmo modo como encararíamos um elefante cor-de-rosa. Em outras palavras, partindo de uma saudável dose de ceticismo, onde tratamos o mundo em que cada mínima informação é examinada com o mesmo cuidado dedicado ao mais absurdo dos animais. Uma vez devidamente filtradas, não conseguirão mais exercer sobre seus atos, e sem seu conhecimento, forte influência. UMA FÓRMULA SIMPLES: ATENÇÃO PLENA E MOTIVAÇÃO Como todas as demais artes, a Ciência da Dedução se resume a uma fórmula simples: substituir um modo de raciocínio pautado pelo SISTEMA WATSON para outro baseado no SISTEMA HOLMES. CAPÍTULO II – O SÓTÃO DO CÉREBRO: O QUE É E O QUE GUARDAMOS LÁ? Segundo Holmes: O CÉREBRO DE UM HOMEM, ORIGINALMENTE, É COMO UM SÓTÃO VAZIO, QUE DEVE SER GUARNECIDO COM A MOBÍLIA DE SUA ESCOLHA [...] UM TOLO O ABARROTA COM TODAS AS QUINQUILHARIAS QUE ENCONTRA PELA FRENTE, A PONTO DE OS CONHECIMENTOS QUE LHE PODERIAM SER ÚTEIS ACABAREM SOTERRADOS OU, NA MELHOR DAS HIPÓTESES, | TÃO MISTURADOS COM UMA INFINIDADE DE OUTRAS COISAS QUE ACABA FICANDO DIFÍCIL ALCANÇÁ-LOS. JÁ O TRABALHADOR HABILIDOSO USA DA MAIS EXTREMA CAUTELA COM RELAÇÃO AO QUE SELECIONA PARA ALI GUARDAR. O sótão pode ser divido, grosso modo, em dois componentes: ESTRUTURA e CONTEÚDO. A primeira refere-se ao modo como nossa mente funciona, isto é, como absorve informações; como as processa; como a seleciona e armazena para o futuro; como decide integrá-las ou não a outros conteúdos já existentes. Ao o contrário de um espaço físico, a estrutura do sótão do cérebro não é, de modo algum fixa. Pode expandir-se, ainda que não de maneira indefinida ou, contrair-se, dependendo de como o usamos. Pode modificar seu modo de recuperação e seu sistema de armazenamento. No fim das contas, ele terá de se ater a determinadas restrições - cada sótão é ímpar, e está sujeito aos próprios limites -, mas dentro de suas fronteiras pode assumir um número determinado de conformações, dependendo de como aprendemos a abordá-lo. |
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