Paradigma Perdido
Ensaios: Paradigma Perdido. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: Ezequiel100 • 25/10/2014 • 9.655 Palavras (39 Páginas) • 282 Visualizações
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O paradigma perdido
fonte: The Economist
Durante aproximadamente 25 anos após 1950, apesar de todos os clichês a respeito de os economistas nunca concordarem em coisa alguma, é justo falar-se a respeito de um amplo consenso acadêmico referente às grandes questões econômicas. Quase todos os economistas eram pessoas que acreditavam no que eles mesmos chamavam de "síntese neoclássica". Em meados dos anos 70, graças a uma mistura de argumentações teóricas e de eventos econômicos, esse consenso entrou em colapso. Desde então, os economistas têm tentado consertar as coisas, mas com pouco sucesso prático.
A síntese neoclássica era assim chamada porque se propunha unir o que havia de válido na economia clássica com as teorias keynesiananas, que tinham como meta justamente refutar o classicismo. Nessa mistura de escolas, a tradição clássica fornecia os suportes e a metodologia — principalmente (a) a idéia de que os agentes econômicos (empresas. funcionários, consumidores) são racionais; e (b) a técnica de se descrever uma economia como sendo uma série de mercados (de bens de trabalho, de dinheiro) nos quais os preços se ajustam com a finalidade de manter um equilíbrio entre oferta e procura.
O problema estava no fato de que a economia clássica era notoriamente ruim para contabilizar um tipo particular de oferta excessiva — o de mão-de-obra — também conhecido como desemprego. Os agentes racionais e os mercados não influenciados deveriam — tinha-se a impressão — manter uma economia em estado de pleno emprego completo. Trabalhadores desempregados forçariam uma redução dos salários, estimulando assim a demanda por mão-de-obra. Na tradição clássica conclui-se que os desempregados persistentes não estão trabalhando por opção; os desempregados simplesmente preferiam não trabalhar pelos salários que lhes são oferecidos.
Isso não era convincente, principalmente depois da Grande Depressão dos anos 30. A revolução keynesiana obrigou o aparato clássico a enfrentar uma variedade de Questões, "e o que causa o desemprego ?" era sem dúvida alguma, a mais importante delas. Depois ocorreu um paradoxo. Ao mesmo tempo em que desafiavam freqüentemente ridicularizando a ortodoxia clássica, Maynard Keynes e os seus seguidores forneceram as conclusões que a síntese neoclássica usaria para resgatar o enfoque clássico. Dessas conclusões a mais importante foi a idéia dos preços rígidos ta de que os preços rígidos — aldeia de que os preços e principalmente os salários, o preço da mão-de-obra, se movimentam de forma lenta.
Os agentes continuavam na busca racional dos próprios interesses; os mercados continuavam sendo uma boa maneira de se dividir uma economia para exames mais detalhados. Nestes aspectos, a macroeconomia keynesiana continuava sendo clássica. Mas os preços de modificação lenta representavam uma grande diferença para a maneira como uma economia se comporta, principalmente em curto prazo.
Vamos supor que empresas. por algum motivo, resolvam reduzir sua demanda por mão-de-obra. No modelo clássico, os salários cairiam rapidamente; isso serviria para restaurar uma situação de pleno emprego, em parte porque, com os salários novos e menores, as empresas demandariam mais mão de obra e em parte porque alguns dos trabalhadores tomariam a decisão de não participar mais da força de trabalho (ou seja, eles se tornariam desempregados voluntários).
Porém, se os salários são "rígidos", mais trabalhadores irão querer empregos do que as empresas estão dispostas a contratar. E haverá uma oferta excessiva de mão-de-obra - ou seja, desemprego — pelo menos durante um certo período de tempo. Gradativamente, até mesmo num mundo keynesiano, a oferta excessiva do mercado de trabalho provocará uma queda dos salários, o que, por sua vez, servirá para restaurar uma situação de pleno emprego completo. E assim, em longo prazo (quando "todos nós estivermos mortos") a economia terá uma aparência clássica. A curto prazo, ela será atormentada — exatamente como na vida real — por fases de desemprego.
KEYNES CLÁSSICO
Desta forma, a síntese neoclássica combinava um curto prazo keynesiano com um longo prazo clássico. Também combinava, na verdade, lado da demanda e lado da oferta. O lado da demanda foi analisado em detalhes, graças aos trabalhos de Sir John Hicks em Oxford e, posteriormente, por Alvin Hansen, de Harvard. Eles elaboraram o modelo que é familiar a todos os que estudaram economia no decorrer dos últimos 40 anos: a análise IS-LM. Muitos outros, liderados por luminares como Paul Samuelson do MIT — Instituto de Tecnologia de Massachussetts — e James Tobin, da Universidade Yale, construíram torres de sofisticada análise tomando por base os trabalhos desenvolvidos pela dupla Kicks e Hansen.
A síntese neoclássica conseguiu se impor durante tanto tempo graças ao brilho da exposição do enfoque IS-LM. Este enfoque reduzia seis relações econômicas de importância crucial a um simples diagrama de duas linhas cruzadas, colocando as taxas de juros num dos eixos e a produção (a demanda agregada, para sermos mais exatos), no outro.
A curva IS mais simples inclui: uma equação que explica o consumo (a função consumo); outra, que explica o investimento; e a regra de que, em equilíbrio, a poupança equivale ao investimento. A curva LM mais simples inclui: uma equação que explica a procura de meios de pagamento para transações; outra. que explica a demanda "especulativa" de meios de pagamento; e uma segunda regra de equilíbrio, que afirma que a procura de meios de pagamento deve ser igual à oferta (fixada pelo governo e, conseqüentemente determinada fora do sistema).
A curva IS refere-se ao mercado de bens e diz que, na medida em que as taxas de juros caem, a demanda agregada aumenta (graças a mais investimento e consumo); conseqüentemente, ela se inclina para baixo. A curva LM refere-se ao mercado monetário e diz que, na medida em que a demanda agregada aumenta. as taxas de juros sobem (porque a demanda agregada mais elevada também aumenta a demanda por meios de pagamento); a curva LM, conseqüentemente, volta-se para cima. A economia encontra-se em equilíbrio apenas no ponto onde as curvas se cruzam. Em qualquer outro ponto, uma ou mais das seis relações subjacentes ao diagrama estão fora de prumo.
A síntese neoclássica explica a oferta, observando o mercado de trabalho.
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