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Poema

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Por:   •  29/11/2013  •  Seminário  •  5.753 Palavras (24 Páginas)  •  210 Visualizações

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Por Cristiana Gomes

“Eu sou aquele, que passados anos

cantei na minha lira maldizente

torpezas do Brasil, vícios, e enganos”

Esse era Gregório de Matos Guerra, o “Boca do Inferno”. Com seu espírito crítico, satirizava políticos, comerciantes, clero, colonizadores e até mesmo o povo. Para isso, usava palavrões e um vocabulário bem baixo em suas obras.

Nasceu supostamente em 7 de abril de 1633 na Bahia e morreu em Recife em 1696. Veio de uma família rica que possuía dois engenhos de cana-de-açúcar e 130 escravos.

Educou-se em casa e no colégio jesuíta. Formou-se em Direito na Universidade de Coimbra e lá exerceu a profissão sendo, inclusive, juiz de órfãos.

Em 1681, quando voltou para o Brasil, foi vigário-geral e tesoureiro-mor, porém, durante este período recusou-se a usar a batina e denunciou injustiças da Ordem em que servia. Por causa disso, o Bispo ordenou seu afastamento.

Escreveu poesia lírica, satírica e religiosa. Suas poesias satíricas possuem um ótimo material do ponto de vista sociológico e lingüístico (já que o autor usava um vocabulário bem popular). Nelas o escritor narra episódios da vida popular, cotidiana e política. Através delas podemos conhecer melhor a sociedade da época (período colonial).

A poesia lírica de Gregório de Matos também é muito boa e pode ser dividida em:

- Poesia lírico-amorosa

- Poesia lírico-filosófica

- Poesia lírico-religiosa

POESIA LÍRICO-AMOROSA

Características

- O amor é retratado como fonte de prazer e sofrimento

- A mulher é retratada como um anjo e fonte de perdição (pois desperta o desejo carnal)

TEXTO

Rompe o Poeta com a Primeira Impaciência Querendo Declarar-se e Temendo Perder Por Ousado

Anjo no nome, Angélica na cara,

Isso é ser flor, e Anjo juntamente,

Ser Angélica flor, e Anjo florente,

Em quem, se não em vós se uniformara?

Quem veria uma flor, que a não cortara

De verde pé, de rama florescente?

E quem um Anjo vira tão luzente,

Que por seu Deus, o não idolatrara?

Se como Anjo sois dos meus altares,

Fôreis o meu custódio, e minha guarda,

Livrara eu de diabólicos azares.

Mas vejo, que tão bela, e tão galharda,

Posto que os Anjos nunca dão pesares,

Sois Anjo, que me tenta, e não me guarda.

Vocabulário

Uniformar: tornar uniforme, com uma só forma

Galharda: elegante

POESIA LÍRICO-RELIGIOSA

Características

- O autor está dividido entre pecado e virtude (sente culpa por pecar e busca a salvação)

- O autor vê o pecado como um erro humano, mas também, como a única forma de Deus cometer o ato do perdão.

- O eu-lírico, muitas vezes, se comporta como advogado que faz a própria defesa diante de Deus (para tal, usava, até mesmo, trechos da Bíblia)

TEXTO

Ao mesmo assunto e na Mesma Ocasião

Pequei Senhor: mas não porque hei pecado,

Da vossa Alta Piedade me despido:

Antes, quanto mais tenho delinqüido,

Vos tenho a perdoar mais empenhado.

Se basta a vos irar tanto pecado,

A abrandar-vos sobeja um só gemido:

Que a mesma culpa, que vos há ofendido,

Vos tem para o perdão lisonjeado.

Se uma ovelha perdida, já cobrada,

Glória tal, e prazer tão repentino

Vos deu, como afirmais na Sacra História,

Eu sou, Senhor, ovelha desgarrada;

Cobrai-a; e não queirais, Pastor Divino,

Perder na vossa ovelha a vossa glória

Vocabulário

Despido: despeço

Sobeja: sobra

Cobrada: recuperada

POESIA LÍRICO-FILOSOFICA

Características

-Pessimismo

-Angústia diante da vida

-Temas abordando o desconcerto do mundo e a instabilidade dos bens materiais

TEXTO

Moraliza o Poeta nos Ocidentes do Sol a Inconstância dos Bens do Mundo

Nasce o Sol, e não dura mais que um dia,

Depois da Luz se segue a noite escura,

Em tristes sombras morre a formosura,

Em contínuas tristezas a alegria.

Porém se acaba o Sol, por que nascia?

Se formosa a Luz é, por que não dura?

Como a beleza assim se transfigura?

Como o gosto da pena assim se fia?

Mas no Sol, e na Luz, falte a firmeza,

Na formosura não se dê constância,

E

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