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Portifolio Sociologia

Por:   •  9/5/2016  •  Trabalho acadêmico  •  1.524 Palavras (7 Páginas)  •  360 Visualizações

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  1. IDENTIFICAÇÃO DA OBRA

BEAUVOIR, Simone de. O Segundo Sexo: 1. Fatos e Mitos. 4ª ed. Tradução de Sérgio Milliet. São Paulo: Difusão Europeia do Livro, 1970.

O Segundo Sexo tem dois volumes. O volume 1 trata de fatos e mitos relacionados ao sexo e o volume 2: experiência vivida. Ambos da autora francesa Simone Beauvoir.

Simone Beauvoir nasceu em Paris no dia 9 de janeiro de 1908 e é considerada um dos nomes mais influentes do feminismo moderno. Foi criada numa família tradicionalmente católica, mas na adolescência optou pelo ateísmo, porém as questões relacionadas à existência nunca deixaram de fazer partes de seus interesses, entretanto, ela apenas deixou de analisa-los sobre a óptica religiosa.

Aos vinte e um anos, Simone saiu de casa para estudar Filosofia na Universidade de Sorbonne e no ano de 1929, ano de sua graduação, ela conheceu o famoso filósofo Jean-Paul Sartre, dando início a uma relação amorosa bastante peculiar, que é discutida, critica e estudada até hoje.

A escritora possui várias obras publicadas em francês, mas apenas algumas foram traduzidas pela Difusão Europeia do Livro para a Língua Portuguesa, entre essas obras estão: A convidada, O Segundo Sexo: volumes 1 e 2, Memórias de uma moça bem-comportada, Na força da Idade, 2 volumes; Sob o Signo da História, 2 volumes; Os mandarins, 2 volumes; As Belas Imagens; A mulher Desiludida; O sangue dos outros.

Seu livro “O Segundo Sexo” foi escrito numa época onde a maioria das meninas e moças da sua classe social e do seu tempo que tinha que seguir obedientes os ditames e os interditos de uma educação católica e aos mitos de um ‘cristianismo místico’ que tinha por fim formar boas e ‘respeitáveis esposas’, ‘mulheres direitas’, dóceis e crentes. E se isto não fosse alcançado, lhes restava a vida de solteira ou a clausura no convento.

O futuro que a aguardava não as fazia escapar de um matrimônio arranjado (sim, mesmo na Paris do século 20, as famílias católicas tramavam casamentos de conveniência), administração do lar, filhos, festas e férias com a família, etc., causou-lhe crescente aversão.  Indignou-se que os interditos feitos às mulheres em geral não eram estendidos aos homens, como se eles pertencessem a outro planeta.

  1. APRESENTAÇÃO DA OBRA

A obra de Simone Beauvoir, “O Segundo Sexo: volume 1 fatos e mitos”, traz um conjunto de ideias, sendo a maioria frutos de pesquisas e resultados de estudos, que expressão uma luta constante da mulher contra a discriminação que aflige a mulher.

Explorando diversas áreas ligadas à situação da mulher, o livro trata de assuntos históricos, filosóficos, econômicos e sociais, e, sobre tudo, biológicos que relevam a condição da mulher dentro de estudos de casos e de experiências próprias da autora.

  1. DESCRIÇÃO DO CONTEÚDO

O livro “O Segundo Sexo – volume 1: fatos e mitos” é dividido em três partes, sendo que na primeira parte, que leva o nome de Destino, a autora traz três pontos de vista importantes: o ponto de vista biológico, o psicanalítico e o materialismo histórico, onde a autora argumenta com extrema coerência lucidez, principalmente considerando os dados que tinha em mãos na época, para expor seu ponto: não há justificavas para que a mulher seja de fato uma “casta” inferior ao homem. Isto posto, ela passa a seu próximo assunto: o que teria causado essa situação?

Na segunda parte, chamado de História, vem-se mais um extenso trabalho de pesquisa e de qualidade, pois fala que desde a Antiguidade, passando pela Idade Média e chegando aos tempos em que ela viveu, ela passa por todos os aspectos importantes e necessários para entender como a mulher ocupou uma posição tão diferente do homem na sociedade.

E finalmente, a terceira parte, dedicada aos mitos, onde em seu primeiro capítulo, a autora disseca mitos mais comuns e é mais interessante e relevante do que os capítulos que se seguem, que examinam autores específicos e acabam por ser um pouco mais datados do que o restante do conteúdo do livro. Ou seja, a autora examina com mais habilidade e interesse as obras, mas trata-se talvez de uma análise que precisa ser sempre recriada com os clássicos de cada época, tendo ficado já um tanto superado.

  1. ANÁLISE CRÍTICA DA OBRA

Apesar de ter sido escrito há mais de sessenta anos atrás, a obra de Simone Beauvoir, “O Segundo Sexo”, tida como a “Bíblia do Feminismo”, escandaliza a sociedade da época por trazer um conjunto de ideias. Entretanto, mesmo depois de tanto tempo, e diante do novo tipo de cultura da velocidade em que as mulheres estão mergulhadas, o livro continua servindo de alimento para muitas gerações.

Apesar de ter recebido muitas críticas, até mesmo absurdas, conversadoras e moralizantes em diversos cadernos de opinião da mídia brasileira, principalmente em relação a sexualidade feminina. Muitos críticos consideram o livro como um manual de egoísmo erótico, recheado de ousadias pornográficas, não passando de uma visão erótica do universo, um manifesto de egoísmo sexual e ainda, segundo Jean Kanapa disse, “mas sim, pornografia. Não a boa e saudável sacanagem, nem o erotismo picante e ligeiro, mas a baixa descrição licenciosa, a obscenidade que volta o coração”.

Mas a obra de Simone Beauvoir tem como principal contribuição propor a discussão democrática e as rupturas das estruturas psíquicas, sociais e políticas. Por ser escrito por uma mulher e para as mulheres. A obra levanta diversas questões, até mesmo no meio literário. Há muito tempo a literatura classificada como feminina é sinônimo de textos sem grande aprofundamento teórico. Além disso, não era comum tratar de assuntos como sexualidade, maternidade e identidade sexuais, mesmo na França do pós-guerra ou até mesmo na sociedade atual.

A obra se transformou num clássico da literatura feminista, sobretudo por apregoar que as mulheres não nascem mulheres, mas se tornam mulheres. Ou melhor: que as características associadas tradicionalmente à condição feminina derivam menos de imposições da natureza e mais de mitos disseminados pela cultura. O livro, portanto, colocava em xeque a maneira como os homens olhavam as mulheres e como as próprias mulheres se enxergavam. Tais ideias, avassaladoras, incendiaram os jovens de minha geração e nortearam as nossas discussões cotidianas. Falávamos daquilo em todo canto, nos identificávamos com aquelas análises. Simone, no fundo, organizou pensamentos e sensações que já circulavam entre nós. Contribuiu, assim, para mudar concretamente as nossas trajetórias.

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