Precarização Do Trabalho
Casos: Precarização Do Trabalho. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: • 11/12/2013 • 1.073 Palavras (5 Páginas) • 206 Visualizações
Dimensões da Precarização Estrutural do Trabalho
Já se tornou comum dizer que a classe trabalhadora tem sofrido por muitas mudanças, tanto nos países centrais como no Brasil. Sabemos que quase um terço da força humana disponível para trabalho, em escala global, ou se encontra exercendo trabalhos parciais, precários, temporários, ou já vivenciava a barbárie do desemprego. Mais de um milhão de homens e mulheres padessem as vicissitudes do trabalho precarizado, instável, temporário, terceirizado, quase virtual, dos quais centenas de milhões tem seu cotidiano moldado pelo desemprego estrutural.
Por outro lado, o cada vez menos homens e mulheres trabalham muito em virtude das mudanças provocadas pela Revolução Industrial que formou o capitalismo do século xx. Como entretanto os capitais não pode eliminar completamente o trabalho vivo, consegue reduzí-lo em várias áreas e ampliá-lo em outras, como se vê pela crescente apropriação da dimensão cognitiva do trabalho. Encontrados aqui traços da perenidade do trabalho.
Se nos países do Norte ainda podemos encontrar alguns poucos resquícios do Welfare State, do que um dia denominamos Estado de Bem-Estar Social – ainda que o padecimento do trabalho e o desempregotambém sejam seus traços ascendentes -, mais, entre a busca quase inglória do emprego ou o aceite de qualquer labor.
Na China, país que cresce em ritmo estonteante, dadas a tantas as tantas peculiaridades de seu processo de industrialização hipertardia- que combina força de trabalho sobrante e hiperexplorada com maquinário industrial-informacional em lépido e explosivo desenvolvimento-, também lá o contingente mais proletáriovem se precarizando intensamente, sofrendo forte redução, em decorrência das mutações em curso naquele país. Segundo Jeremy Rifkin², entre 1995 e 2002 a China perdeu mais de 15 milhões de trabalhadores industriais. Não é por outro motivo que o PC Chinês e seu governo estão assustados também com o salto dos protestos sociais, que duplicaram nos últimos anos, chegando recentemente à casa das oitenta mil manifestações em 2005. Processo semelhante acontecem na Índia e na América Latina.
No Brasil o quadro é ainda mais grave. Durante nossa década de desertificação neoliberal, pudemos presenciar, simultaneamente, tanto a pragmática desenhada pelo Consenso de Washington como uma significativa reestruturação produtiva em praticamente todo universo industrial e de serviços, consequências da nova divisão internacional do trabalho que exigiu mutações tanto no plano da organização sociotécnica da produção como nos processos reterritorialização e desterritorialização da produção, dentre tantas outras consequências. Tudo isso num período marcado pela mundialização e financeirização dos capitais, o que tornou obsoleto tratar de modo independente os três setores tradicionais da economia (industria, agricultura e serviços), dada a enorme interpenetração entre essas atividades, de que são exemplos a agroindustria, a industria de serviços e os serviços industriais.
Dentro destes contextos pode constatar uma nítida ampliação de modalidades de trabalho mais desregulamentadas, distantes da legislação trabalhista, gerando uma massa de trabalhadores que que passam da condição de assalariados com carteira para trabalhadores sem carteira assinada. Em 1980 era relativamente pequeno o número de empresas de terceirização, locadoras de forças de trabalho de perfil temporário este número aumentou significativamente para atender à grande demanda por trabalhadores temporários sem vínculos empregatícios, sem registros formalizados.
Desemprego ampliado, precarização exacerbada, rebaixamento salarial acentuado, perda crescente de direitos, esse é o desenho mais frequente da nossa classe trabalhadora. Resultante do processo de liofilização organizacional que permeia o mundo empresarial, onde as substancias vivas são eliminadas, como o trabalho vivo, sendo substituídas pelo maquinário tecno-informacional presente no trabalho morto. E, nessa empresa liofilizada, é necessário um “novo tipo de trabalho”, que os capitais denominam, de modo mistificado, como “colaborador”.
Contornos deste “novo tipo de trabalho”
Este deve ser mais “polivalente”, “multifuncional”, diverso do trabalhador que se desenvolveu na empresa taylorista e forddista. O trabalho que cada vez mais as empresas buscam não é aquele fundamentado na na especialização taylorista e fordista, mas o que gestou na fese da “desespecialização multifuncional”, do “trabalho multifuncional”, que em verdade expressa a enorme intensificação de ritmos , tempos e processos de trabalho.
Os serviços públicos como saúde, energia, educação, etc. também sofreram mudanças reestruturais, subordinando-se à máxima da mercadorização, que vem afetando fortemente os trabalhadores do setor estatal e público. Os resultados são a intensificação das formas de extração do trabalho, ampliação das terceirizações, a noção de tempo e de espaço também são metamorfoseadas e tudo isso muda muito o modo capital de produzir mercadorias sejam materiais ou imateriais, corpóreas ou simbólicas. Onde haviam vária empresas instaladas pode-se reduzir o número destas criando várias pequenas unidades interligadas pela rede, e reduz também o número de pessoas trabalhando nelas aumentando a produção.
É neste quadro, caracterizado por um processo e precaização estrutural do trabalho, que os capitais globais estão exigindo também o desmonte da legislação social protetora do trabalho. Desta forma faz-se aumentar ainda mais os mecanismos de extração do sobretrabalho, ampliar as formas de precarização e destrição dos direitos sociais que foram ardualmente adquiridos pela classe trabalhadora.
Estas mudanças radicais, sendo propagadas a ponto de o número de trabalhadores assalariados diminuirem grandemente (cerca de 80%) do final do século XX para o ínícil do século XI, mutações drásticas e vem dando oportunidade para o surgimento de novas formas desregulamentadas de trabalho, reduzindo o número de trabalhadores estáveis que se estruturavam através de empregos formais, herança da fase taylorista/fordista.
“Considerando então o conceito ampliado de nova forma de trabalho como compreendendo a totalidade de homens e mulheres que vivem da renda de sua força de trabalho vendida em troca de salário para o seu sustento. A classe trabalhadora hoje incorpora tanto os trabalhadores materiais quanto os imateriais, predominantemente intelectual, os trabalhadores rurais, proletariado moderno, fabril e de serviços, caracterizado pelo vínculo de trabalho temporário, inclui ainda, em nosso entendimento a totalidade dos trabalhadores desempregados.”
Concluindo, esta nova morfologia do trabalho nos ajuda a perceber alguns pontos importantes para diferenciação das várias espécies de trabalhadores e identificar as novas formas de representação das forças sociais do trabalho, tendo em vista que o taylorismo e o fordismo já não fazem mais parte do sistema de trabalho desta sociedade. Hoje devemos reconhecer a desierarquização dos organismos de classe. A ideia de que primeiro vinham os partidos, depois os sindicatos e, por fim os demais movimentos sociais não encontra mais respaldo no mundo real e em suas lutas sociais.
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