Produção científica acadêmica

4. A produção científica acadêmica

Para entendermos de que forma ocorre a produção científica acadêmica é necessário antes refletirmos de que forma as teorias administrativistas se inseriram no mundo acadêmico, influenciando o fazer cientifico.

O gerencialismo, idealizado por Taylor, não ficou restrito ao mundo empresarial, as ideias de gerencialismos invadiram outras esferas das nossas vidas, inclusive a academia. Assim, a quem defenda a ideia que a academia desenvolva suas atividades como a mesma lógica da gestão de produção em série.

Essa forma de pensar traz uma série de dificuldades porque a função primordial do ensino superior é criar e difundir o conhecimento, porém este trabalho possui características bem distintas da produção em série idealizadas por Ford e Taylor. A produção científica acadêmica envolve uma série de atividades complexas, pensar, escrever, analisar criticamente, etc. Atividades estas bem mais complexas do que as desenvolvidas por um operário na linha de produção de uma fábrica.

Podemos constatar a influencia das ideias do gerencialismo na academia quando verificamos que em muitas universidades a formação o estudante tem se desenvolvido para atender as necessidades do mercado. Cada vez menos a universidade tem propiciado o espaço para reflexão, tem se tornado apenas um local de formação de um profissional crítico, incapaz de refletir sobre o seu papel na sociedade, além da função produtiva.

Nessa perspectiva da lógica de produção, a produção acadêmica se transformou em sinônimo de fazer pontos. Assim, baseada na tabela de produção acadêmica da CAPES, o trabalho de pesquisa tem sido medido pela quantidade de pontos que o professor consegue fazer por ano. Assim quando mais artigo se produz mais pontos se consegue atingir. Com esses números são divulgados os  Rankings em todos o país, estimulando a competição entre os pesquisadores.

Nessa busca, quase que desesperada por pontos, a academia tem deixado de lado um valor tão caro para a própria academia, a autoria. Para conseguir pontos, muitas pessoas assinam artigos que se quer leram, desvirtuando a ideia de autoria da academia, pelo simples objetivo de pontuar.  Essa é a lógica produtivista da academia, a reflexão fica de lado, o objetivo está voltado para números na tabela.

Assim, os alunos formados na academia produtivista encaram a produção científica como o fim em si mesmo, a pesquisa  tem como o objetivo principal a publicação, o conhecimento produzido com  a ou partir da pesquisa  tem papel secundário. O que importa são os números, a quantidade de artigos publicados tornou-se sinônimo de qualidade.

 Assim, o sistema avaliativo quantitativo estabelecido hoje, força os docentes e estudantes a produzir para ser visto, faz com que alguns tentem burlar o sistema para “pontuar” mais.