Projeto Rede
Por: Paula Rangel • 2/10/2018 • Relatório de pesquisa • 1.184 Palavras (5 Páginas) • 378 Visualizações
PROJETO REDE
I- INTRODUÇÃO
Inserida em grupos minoritários, à margem do processo produtivo, expostos à situações de desvantagens e desigualdades sociais, a pessoa com deficiência está exposta a um grande risco social. Para exemplificar a situação desfavorável em que às pessoas com deficiência vivem hoje no Brasil, basta resgatar alguns dados estatísticos do IBGE de 2000 que revelam o contingente populacional das pessoas com deficiência, 24,6 milhões, o que representa 14,5% da população, sendo que dessas pessoas 15 milhões estão na faixa etária 15 e 59 anos, idade produtiva, porém apenas 51% trabalham. (BAHIA, 2006).
Compreender esses fatores de risco tem sido um importante campo de pesquisa da psicologia escolar e do desenvolvimento. Os estudos têm demonstrado que determinadas pessoas em situação extremamente adversas conseguem superar essas situações e transformá-las, resistindo a elas. Essas atitudes, denominadas de resiliência, dizem respeito à condição de se recobrar ou de se readaptar a má sorte às mudanças. Observa-se que as atitudes de resistência às adversidades são criadas a partir da construção pela criança de atitudes de proteção. Pesquisadores como Sapienza e Pedromônico (2005), Bastos (2001), Cecconello,Koller (2000) apontam os seguintes fatores de proteção:
(1) fatores individuais: auto-estima positiva, auto-controle, autonomia, características de temperamento afetuoso e flexível;
(2) fatores familiares: coesão, estabilidade, respeito mútuo, apoio/suporte;
(3) fatores relacionados ao apoio do meio ambiente: bom relacionamento com amigos, professores ou pessoas significativas que assumam papel de referência segura para a criança e a faça sentir-se querida e amada. Formação de uma rede social ampla.
Dentre os fatores de proteção apontados, será ressaltado o acesso a uma rede de apoio social. Quando essa rede se estabelece cria-se uma situação de vantagem, que permite a formação de atitudes de resistência as adversidades.
Sabe-se que hoje no Brasil grande parte da população infantil da faixa etária de 0 a 6 anos está exposta a situações de grave risco social. Os dados (UNICEF,2006) revelam que no Brasil as políticas de proteção à infância ainda têm um longo caminho a ser percorrido: temos a terceira maior taxa de mortalidade infantil da América do Sul, sendo que dessa população 41% está no Nordeste, principalmente no Semi-árido, onde morrem 63 crianças a cada mil que nascem; no que diz respeito a desigualdade sócio-econômica, os dados revelam que a taxa de mortalidade infantil é mais da metade quando se compara os 20% mais pobres da população com os 20 % mais ricos, ou seja mais de 50% das nossas crianças mais pobres morrem antes de completar 6 anos; quanto a educação esse mesmo documento revela que apenas 11,7 % das crianças até 3 anos estão matriculadas em creches e apenas 55,1 % de 5 a 6 anos em pré-escola, sendo que dessas crianças apenas 28,9 % dos 20 % mais pobres freqüentam escola até os 6 anos; quanto as crianças com deficiência um dado é bastante inquietante, das 109.596 crianças com deficiências dessa faixa etária matriculada em escola 78,2% encontram-se em escolas especiais, ou seja, nessa faixa etária a inclusão escolar de fato, como prescrita na lei e defendida pelos estudiosos está muito distante de ocorrer.
Conhecendo essas necessidades da criança brasileira e entendendo a criação de redes sociais como um fator de proteção a essas adversidades, o Instituto de Cegos da Bahia (ICB) está construindo um projeto de fomentação e manutenção de redes sociais para as crianças que são atendidas pelos seus serviços de apoio.
II-METODOLOGIA
Como o ICB atende a crianças de Salvador e do Interior da Bahia o projeto REDES tem dois níveis de atuação, em Salvador e em cidades pólos do Interior da Bahia. As etapas seriam:
1-Levantar um cadastro das Instituições públicas e privadas que atuam nessa faixa etária, nas áreas de Ação Social, Saúde, Educação.
Em Salvador, as Instituições estão sendo organizadas a partir da divisão territorial proposta no Plano Diretor de Regiões Administrativas, que em salvador são em número de 17 regiões.
No Interior do Estado da Bahia, as Instituições estão sendo organizadas a partir da divisão territorial das Macroregiões ou Mesoregiões, em número de cinco zonas.
2-Contactar com as instituições apresentando o projeto e propondo uma parceria na articulação dessas redes. A parceria consistiria em:
a)Treinar entre os seus funcionários, pessoas que pudessem detectar e encaminhar entre a população de crianças atendidas por cada Instituição, aquelas
que necessitariam de uma avaliação visual. (Projeto Redes-identificação em anexo).
b)Acompanhar as crianças e seus familiares ampliando o raio de proteção ao desenvolvimento dessas crianças, garantindo que as orientações especializadas levantadas para cada criança pela equipe técnica do ICB possam ser efetivadas. Nesse processo as Instituições contarão com o apoio da equipe técnica do ICB, que se traduz pela presença esporádica na Comunidade da Criança e construção de material de apoio escrito com aspectos gerais acerca da deficiência visual e aspectos específicos para cada criança. (Projeto Redes-Reabilitação baseada na Comunidade, em anexo).
3-Avaliar as ações considerando o ponto de vista dos usuários, dos profissionais envolvidos e da comunidade envolvida. Para isso será construído um instrumento padrão levantando o potencial real de fomentação e manutenção das redes sociais para as crianças que são atendidas pelos serviços de apoio.
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