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RESENHA DANÇANDO COM O DIABO

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Por:   •  30/6/2013  •  493 Palavras (2 Páginas)  •  5.519 Visualizações

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RESENHA CRÍTICA DO DOCUMENTÁRIO: “DANÇANDO COM O DIABO”

O documentário “Dançando com o Diabo” foi dirigido pelo cineasta sul-africano Jon Blair e filmado, em sua maior parte, no Complexo da Coréia, Zona Oeste do estado do Rio de Janeiro. O filme demonstra o dia-a-dia da favela baseado em três visões de mundo: da polícia (representada pelo inspetor da Polícia Civil Leonardo Trovão), do traficante (Juarez, “Aranha”) e da igreja (pastor Dione dos Santos).

No início do documentário são apresentados dados importantes sobre a cidade do Rio de Janeiro e sobre a mortalidade que se atribui ao tráfico. De acordo com ele, existem mais de 600 favelas no Rio de Janeiro controladas pelo tráfico ou pela milícia; e a polícia mata mais de 1000 pessoas por ano. Este filme possui uma abordagem diferente com relação à maioria de filmes feitos sobre as favelas, ele consegue ser imparcial, dando às pessoas a oportunidade de contar a própria historia; tratando tanto os traficantes como os policiais e pastores como seres humanos, dotados de sentimentos; mostrando que todos são igualmente vítimas do sistema de desigualdade que impera no Brasil.

A visão de mundo dos traficantes retratada no filme mostra que eles se sentem responsáveis por suprir a ausência do Estado na comunidade e tratam o tráfico como uma forma de vida. É dado destaque aos traficantes Aranha e Tola. Em um dos momentos mais emocionantes do filme, a mãe de Aranha, Maria de Lourdes da Silva, diz que não tem mais lágrimas para chorar pelo seu filho que pegou numa arma pela primeira vez aos 10 anos de idade. E o traficante Tola fala que apesar do cordão de ouro e do relógio caríssimo que tem no pulso, não é feliz; segundo o mesmo: “ Eu estou enjoado desta vida. Na minha comunidade sou eu que dou as coisas, enquanto o governo não faz nada por ninguém. De que adianta tudo que tenho, se não há paz?”.

Ao mesmo tempo é mostrada a visão dos policiais, que tem a intenção de apoiar a população que vive sob a “ditadura do tráfico” nas favelas. É apresentado o sentimento do delegado Hélio Luz, que diz que essa guerra só serve para manter o sistema; e do filho de um dos policiais, que, apesar de ter orgulho do pai, diz ter medo que ele leve um tiro ou mate um inocente.

Já os pastores são as únicas autoridades que podem transitar livremente pelas comunidades, sentindo-se no dever de tirar as pessoas do caminho do mau e levar a paz a cada um. Segundo o pastor Dione dos Santos: “Aqui ou eu danço com o diabo, ou eu caminho com Deus”, frase que serviu de inspiração para o nome do documentário.

Por fim, o documentário conseguiu revelar com imparcialidade a realidade desses três vertentes das favelas do Rio de Janeiro. E, com as cenas finais de enterro de um policial e um traficante, sugere que ninguém lucra com a guerra contra o tráfico, nem policiais, nem traficantes.

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