Redação Enem 2018

O modernista C. Drummond de Andrade postulava, por seu lirismo poético, que o título de "homem" não mais lhe era inerente, pois tinha ciência da mais perversa faceta moderna: "a coisificação do homem". Indubitavelmente, o postulado de Drummond mais do que antes dialoga com a contemporaneidade, haja vista que a existência de mecanismos, como a filtragem de conteúdos, propiciam a objetificação humana, bem como uma sociedade antidemocrática.

Precipuamente, convém analisar o processo de objetificação supracitado. Conforme o teórico Theodor Adorno, a tecnologia deve ser utilizada a engendrar benéficos ao coletivo. Isso, entretanto, não ocorre, em função da tentativa da indústria informacional capitalista vigente de dinamizar um contingente para fins lucrativos. Dessa forma, emerge uma manipulação velada que "objetífica" os seres humanos a condição de consumidores de informação.

Ademais, tal manipulação ameaça os ditames constitucionais das sociedades modernas. Isto é, a autonomia, sob a égide da cidadania, é uma característica fundamental para todos os indivíduos. Mas, quando os usuários são manipulados com uma falsa liberdade, ela deixa de existir.

Portanto, atesta-se que são necessárias ações que preconizem o combate a problemática. Desse modo, a escola, quer pela discussão do tema (pelas aulas de sociologia com o assunto da indústria cultural), quer pela oferta de discussões abertas a sociedade civil, deve mitigar o senso crítico da coletividade, com o fim de fazê-la ver que não há razões lógicas para a persistência de tal objetificação. Outrossim, as secretárias de educação, devem promover a criação de bibliotecas e espaços de lazer, como praças, para que este substitua o perverso "vício". Assim, o postulado Drummondiano, ainda que fragilmente, será contestado e a sociedade menos "coisificada" nos âmbitos digital e humano.