Reflexão Após Assistir Sociedade dos Poetas Mortos

Reflexão após assistir Sociedade dos Poetas Mortos

Houve um tempo em que minha prática em muito se assemelhava ao comportamento do protagonista do filme, tempo em que minhas mãos não estavam tão amarradas e em que eu tinha total liberdade de cátedra, mesmo seguindo um currículo padronizado. Eu saia do espaço restrito da sala de aula, lecionava no pátio, instigava meus alunos a verem as leis científicas se desenrolando ao seu redor, na natureza e nas construções humanas, realizávamos experimentos no laboratório e fora dele, utilizando o que tínhamos a nossa disposição, fomentava a sede de descobrir o porquê das interações ocorrerem de determinada forma e não de outra. Levava-os em excursões a lugares onde poderiam observar de que forma o conhecimento científico transformado em tecnologia torna a vida humana mais confortável ou possibilita a visão de fenômenos da natureza que não eram possíveis antes, como ver as estrelas, a superfície da Lua e distinguir o movimento orbital dos satélites artificiais através de telescópios de grande porte durante o período noturno ou caminhar pelo interior de uma usina hidrelétrica, observando geradores parados para manutenção, ver o que são barragens, comportas e até mesmo como funciona uma eclusa por experiência própria.

Esse foi um tempo em que os alunos tinham condições financeiras para esse tipo de excursão, era possível visitar um observatório a noite, ou mesmo sair com os alunos do espaço fechado de quatro paredes que compõem a sala de aula quando julgava oportuno sem ter que “preencher um requerimento de três vias reconhecido em cartório” por assim dizer, com semanas de antecedência.

Eu ainda tenho visão crítica, vejo que minha prática está muito longe do que deveria ser, sei quais os problemas que tenho que enfrentar, continuo constantemente buscando soluções para tornar o processo ensino-aprendizagem mais eficaz. Porém tenho dois problemas que não consigo superar: o dia só tem 24 horas, das quais eu preciso pelo menos descontar quatro para dormir (contrariando a recomendação do meu médico de que devem ser seis no mínimo), três horas para todas as refeições do dia e banho, e me sobram 17 horas que correspondem ao meu horário de dedicação a minha atividade profissional (07h00min às 02h00min) atualmente e a quantidade de documentos que tenho que preencher e entregar em prazos que boa parte das vezes não consigo cumprir.

Diante disso, como posso aplicar essa reflexão para melhorar minha prática?

Ampliando ainda mais minha carga horária, incluindo as férias, feriados e finais de semana para preparar atividades diferenciadas que, se não acontecer nenhum imprevisto (convocações, falta de recursos tecnológicos, físicos ou monetários de minha parte, troca de turmas, de estabelecimento de ensino etc.) e alunos dispostos a participar das mesmas, comprometendo-se com o desenvolvimento de suas reais potencialidades, podem contribuir para os objetivos a serem alcançados de acordo com o Programa de Ação.