Relatório Do Filme Uma Prova De Amor

RELATÓRIO DO FILME “UMA PROVA DE AMOR”

O filme “Uma prova de amor” aborda vários temas relevantes para serem refletidos em nossa sociedade. Com um contexto permeado de tristeza e conflitos, o filme nos leva a questionar o que é de fato “ético” ou “anti-ético”. Como as pessoas lidam de diversas maneiras com perda de um ente querido.

É ético um médico indicar que se gere uma vida para o suprimento da vida de outra? Que pais tenham outro filho para salvar a vida do irmão? Que este seja projetado com características específicas em prol desse motivo? Até que ponto os pais podem usar de seu poder sobre os filhos? O filme nos leva a questionar, a partir de qual idade os indivíduos são capazes de tomar decisões relacionadas ao seu corpo físico e mental? Não seria uma carga muito grande para qualquer indivíduo nascer com a “missão” de salvar alguém? O amor pode transcender a ética? O prolongamento da vida é sinônimo de vida digna?

Esses questionamentos surgem a partir da história retratada no filme de uma criança gerada por fertilização in vitro, com uma combinação genética perfeita para ser doadora compatível para sua irmã com leucemia. Sugestão esta, dada pelo médico por não encontrar alternativa para salvar a vida da menina com câncer, os pais pelo amor a filha doente aceitam. A princípio, era somente para doar sangue do cordão umbilical, mas depois ela passa a infância envolvida em vários procedimentos cirúrgicos, chegando até a hipótese de transplante de rim. Nesse momento, cansada dos procedimentos médicos, dos efeitos colaterais, e ciente que terá uma vida limitada se doar o rim, ela aos 11 anos tenta na justiça lutar por emancipação médica, enfrentando os seus pais, de maneira a ter direito de decisão sobre o que fazer com seu corpo.

Outro aspecto relevante do filme é o quanto as pessoas passam a se dedicar a algo específico na vida, depositando toda sua energia e dedicação, porém não percebem que outros aspectos e pessoas, estão sendo negligênciados. Como o amor incondicional de uma mãe, capaz de tudo para salvar a vida da filha, põe em vista a sua moral, ou seja, as suas escolhas que regem esta situação de vida e morte. Abrindo mão do princípio ético de não malefício a sua segunda filha Anna, e não respeitando a escolha de morte com dignidade da filha primogênita Kete. Ainda a mãe, consumida por sua luta de salvar sua filha, acaba negligenciando filhos e o marido. O filho Jesse, diante da situação, não recebe a atenção necessária. Deparando-se com a dislexia no colégio, foi transferido para um colégio interno especializado, para superar tal problema, em virtude de a mãe sentir-se impotente, diante da missão de salvar Kete.

A filha que foi gerada para contribuir com a vida da irmã, levanta-nos uma questão difícil de ser analisada e julgada. Mesmo a pedido da irmã, a resistência da doação, nos trás a tona um grande problema ético, o qual envolve vidas. Seria certo com a filha mais nova, Anna, a obrigação de doação de medula à sua irmã? Seria justo a geração de um ser, para o suprimento da vida de outro, mesmo em caso de vida e morte? Qual seria a atitude mais ética, quando duas vidas estão em jogo, uma feita para a outra?

O ser humano tem capacidade para pensar e realizar as suas próprias escolhas, desde que não venha