Relaçoes Entre Individuo E Sociedade
Artigos Científicos: Relaçoes Entre Individuo E Sociedade. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: wanderleya • 19/7/2013 • 2.396 Palavras (10 Páginas) • 430 Visualizações
SOCIOLOGIA DA EDUCAÇÃO – a sociedade e o indivíduo1
Suemy Yukizaki
A concepção de sujeito – com todas as implicações que decorrem dela e das
quais somos herdeiros seguindo a tradição filosófica do Ocidente – tem sido, ainda hoje,
no campo das ciências humanas e sociais, alvo de controvérsias.
Quando se trata da educação, a concepção de sujeito parece se destacar quase
que naturalmente, pois não se pode pensar a educação sem aqueles que são seus agentes
sociais, os educadores, que assumem, neste caso, na perspectiva correntei
, o lugar dos
sujeitos do processo educativo.
No entanto, essa concepção trazendo, como seu correlato, a concepção de
objeto, leva-nos a inferir que, no caso da ação educativa, são os educandos, os alunos,
os objetos da ação dos sujeitos-educadores.
Estabelecendo-se, assim, os dois pólos da relação educativa – educadores e
educandos - trata-se, agora, de perguntar pela natureza do que é passado de uns para
outros.
Em um âmbito mais abrangente, para além dos limites restritos da educação
formal, observa-se que a ação educativa acontece no contexto de um processo de
socialização, que se inicia com o nascimento do indivíduo. Assim, o conteúdo da ação
educativa, nesse âmbito, se constitui de orientações a serem dadas às crianças, sob a
forma de normas, regras, comportamentos, atitudes, etc., para que estas se incorporem à
vida social.
Embora tenha sido escrito há muitos anos, e seja, portanto, tributário do contexto
sócio-cultural do tempo e do lugar de seus autores, ainda considero o texto de Peter e
Brigitte Berger (Socialização: como ser um membro da sociedade) um texto bastante
adequado para tratar do tema da socialização, e bastante oportuno para inserir a questão
da subjetividade.
Sendo professora da disciplina Sociologia da Educação, dada aos alunos dos
primeiros períodos da licenciatura, é com o texto dos Berger que inauguro o tratamento
da temática.
O texto inicia-se com a menção aos componentes não-sociais da experiência da
criança, incentivando o leitor a um retorno ao passado, à infância, e estimulando nele a
lembrança das primeiras e originárias sensações, como, por exemplo, a sensação do
calor e do frio, da luz e da escuridão.
Em seguida, lembra que, se existem essas dimensões da experiência, existem
outras que incluem o contato da criança com as demais pessoas de seu núcleo familiar, e
que essas dimensões constituem os componentes sociais da experiência infantil.
Uma vez estabelecida a distinção entre os componentes não-sociais e sociais da
experiência, os autores tratam, então, de introduzir uma articulação, mostrando, num
exemplo, que a sensação de conforto ou desconforto físico experimentada pela criança
pode resultar da ação ou da omissão das outras pessoas, o que é o caso da fome, que só
pode ser aplacada pela iniciativa de outrem.
Sob o ponto de vista de um observador externo, percebe-se que o texto pretende,
já em suas páginas iniciais, insistir na compreensão da importância da sociedade frente
ao indivíduo, o que pode ser verificado no exemplo acima, em que se destaca que os
padrões alimentares das pessoas do núcleo familiar da criança são impostos a ela, de
modo que “o que acaba acontecendo é que a criança não apenas é alimentada em horas
determinadas, mas também sente fome nessas horas”. (Berger, 1990: 201)
1
Publicado o livro: Educação na era do conhecimento em rede e transdisciplinaridade. LIBANEO,
J.C.& SANTOS, Akiko (orgs). Campinas,SP: Alínea, 2005. Sendo assim, em seu desdobramento, o texto introduz o termo microcosmo ao
associá-lo às relações mais próximas que a criança estabelece com seus familiares,
articulando-o ao macrocosmo, termo associado à sociedade mais ampla. O argumento
utilizado, então, é que os padrões alimentares impostos à criança não representam uma
decisão individual da mãe, mas expressam um padrão bem mais abrangente que
predomina na sociedade em que esta vive.
Nesse sentido, a socialização é definida como sendo a imposição de padrões
sociais à conduta individual, no bojo de um processo em que o indivíduo aprende, desde
o nascimento, a ser um membro da sociedade.
Nesse processo, sob o ponto de vista da criança, os padrões sociais impostos são
tomados como sendo absolutos, o que, como diz o texto, não é absolutamente
verdadeiro, pois esses padrões dependem também das particularidades relativas aos
adultos que convivem com a criança e, ainda, dos diversos grupamentos sociais a que
eles
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