Resenha Crítica "A Onda" E Sua Relação Com Durkheim
Artigos Científicos: Resenha Crítica "A Onda" E Sua Relação Com Durkheim. Pesquise 861.000+ trabalhos acadêmicosPor: lofragat • 27/9/2014 • 1.028 Palavras (5 Páginas) • 6.175 Visualizações
O filme do diretor alemão Dennis Gansel relata uma história baseada em fatos reais ocorridos na Califórnia, em 1967, onde um professor de Ensino Médio, durante um curso de autocracia, decide realizar uma experiência pedagógica prática com seus alunos.
Essa ideia começa devido à um questionamento feito em sala de aula pelo professor Wenger a sua turma: seria possível outra ditadura autocrática na Alemanha? A partir da discussão entre os alunos – que ficaram divididos entre sim e não -, ele propõe uma experiência e os alunos aceitam. Se iniciam então diversos mecanismos e elementos presentes nos movimentos totalitários que já existiram na história. Wenger se transforma na figura central de liderança do grupo, intitulado “A Onda”. O grupo é regido e regulado por princípios como normas de conduta, disciplina e coletividade. Os alunos agora precisam pedir permissão para falar e levantar-se ao fazê-lo; começam a se vestir de maneira uniforme – calça jeans e camisa branca -; agem da mesma forma.
Surge um espírito de coletividade antes inviável pelas diferenças entre os indivíduos, que agora passam a ter algo em comum. Surge o poder pela disciplina e, mais importante, pela união. Não demora muito para que membros do grupo comecem a levar o experimento a sério demais, se sintam poderosos e superiores aos não-membros e se tornem opressores. Quem não concorda com o movimento é automaticamente excluído, inclusive pelo líder, o professor. A experiência que inicialmente duraria apenas uma semana sobe à cabeça de Wenger e dos alunos. Os integrantes do movimento abrem mão de sua identidade e liberdade para a criação de uma massa única e poderosa.
É possível observar, ao mesmo tempo, o surgimento de um grupo de resistência que questiona os métodos e forma de agir d’A Onda. É possível fazer uma analogia aos grupos de oposição aos regimes autoritários. Essa oposição é representada no filme principalmente pela “menina de camisa vermelha” Karo e grupos anarquistas da cidade onda a história ocorre.
A história começa a mudar de rumo quando um dos integrantes, namorado de Karo, não se reconhece mais após bater na namorada. Marco vai ao encontro do professor e insiste que este encerre a experiência, sobre a qual já não tinha mais controle algum. Wenger marca uma reunião com os integrantes, na qual começa uma encenação de um discurso inflamado afirmando que o grupo é a solução para os atuais problemas de desigualdade na Alemanha, que juntos seriam capazes de levar o movimento ao resto do país e que qualquer oposição que surgisse seria “arrastada pela onda”. Contudo, esse discurso tinha a intenção de mostrar aos jovens que estavam muito envolvidos na situação, obedeciam ordens sem questionar, perdendo a capacidade de pensar por si, e que essa era a realidade de uma ditadura. O professor, então, volta à questão inicial: seria possível outra ditadura? E a resposta se faz clara: sim. Não só seria possível, como aquilo que estavam vivendo nas últimas semanas era um exemplo prático.
O professor se desculpa por ter deixado A Onda ir longe demais (inclusive em sua mente). Porém, os alunos se mostram perturbados – principalmente Tim, menino antes excluído da turma e que encontrou no grupo uma ascensão e sentimento de pertencimento a algo. Tim saca uma arma, atira em outro estudante, e se recusa a deixar o movimento acabar. Termina por se matar. O professor acaba sendo preso e a turma, devastada. É possível fazer relações diretas entre o filme e alguns conceitos do assunto estudado em sala em Durkheim.
A escola representa uma instituição social, conservadora por essência. Vivemos numa sociedade em “estado de anomia”, marcada pela perda de identidade e valores, sem objetivos claros e normas sociais enfraquecidas, o que leva a um desespero generalizado entre os seres humanos.
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