Resenha Do Livro Da Revolução Dos Bichos
Ensaios: Resenha Do Livro Da Revolução Dos Bichos. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: mel_car • 10/10/2013 • 3.245 Palavras (13 Páginas) • 1.274 Visualizações
A REVOLUÇÃO DOS BICHOS
GEORGE ORWELL
1 INTRODUÇÃO
A obra “A Revolução dos Bichos” de George Orwell é uma fábula que trata sobre temas atemporais, como corrupção, traição, poder, ganância e distorção da ideologia. Lançado em 1945, o livro é uma grande crítica ao contexto político-econômico mundial daquela época, mas sem ser explícito demais já que os personagens da história são animais de uma fazenda. A opressão, tema tão discutido durante as revoluções burguesas e uma das questões abordadas na Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, criada em agosto de 1789 se tornou uma das bases que justificam o levante dos animais da Granja do Solar contra seu proprietário, o nefasto e violento Sr. Jones.
Trata-se, é claro, de uma alegoria através da qual Orwell nos remete a uma feroz crítica aos totalitarismos e as desigualdades reinantes tanto no sistema capitalista quanto no socialismo dos soviéticos, em sua época mais dura, de grande controle da sociedade pelos órgãos governamentais, durante o governo de Stálin.
O livro foi publicado em 1945, o mundo vivia os traumas da Segunda Guerra Mundial, os resquícios insólitos da Revolução de 1917, a instauração do Stalinismo e como conseqüência de todos esses fatos a desilusão dos sonhos soviéticos. O momento era delicado para qualquer manifestação ideológica radical que iria se confrontar com diferentes correntes de pensamentos, repressão e intolerância de todos os lados.
Eric Blair, verdadeiro nome do escritor, se vale da representação de bichos para fazer muito engenhosamente uma trama que discute política, poder e todas as conseqüências que esses termos provocam naqueles que se subvertem pelo deslumbramento de tê-los.
De acordo com o dicionário fábula é um conto alegórico que tem como objetivo uma lição moral. Para George Orwell foi mais que isso. O autor do livro “A Revolução dos Bichos” se utilizou do recurso da fantasia e das metáforas para criticar as relações de poder em um período histórico complexo e principalmente descrente politicamente.
Os porcos são os principais personagens, a representação clara dos que clamam pela Revolução e com o passar do tempo retomam ao ciclo de manipulação, dominação e corrupção. Outros personagens também desempenham papel importante como os cachorros que representam o poder do exército, o corvo Moises que representa a igreja. Vaca, ovelhas, galinhas são a massa utilizada para manobras políticas e para propaganda. O burro Benjamin aparece na história como o contraponto, a memória coletiva que suspeita da revolução e é descrente de verdadeiras mudanças. O “Animalismo” termo – não por acaso – usado por Orwell para a Revolução na fazenda é a figuração não só para o Stalinismo vigente na época, como para diferentes formas de governo que se estendem até os dias atuais. A menção aos 7 mandamentos da Granja pode ser equiparado a tantas outras revoluções, como a Francesa e a Declaração Universal dos Direitos do Homem que até hoje são motivo de intervenção política em nome da “democracia”. Um exemplo da utilização errôneo do termo para a usurpação do poder é a invasão do Iraque em nome de ideais humanitários, contra a tirania. Com pouco ou muito tempo os valores antes legítimos para as mudanças se perdem por interesses econômicos e políticos de uma minoria.
“Todos são iguais, mas alguns são mais iguais que os outros”, a frase utilizada por Orwell é facilmente adaptada para a descrença política atual em que eleitores julgam seus candidatos como todos de uma “mesma corja” e caem na desilusão de ansiar por mudanças. “A Revolução dos Bichos” é um clássico que por meio da fantasia se torna atemporal e passível de análises tão complexas como Foucault e Marx. Resta saber em que personagem nos encaixamos melhor ou quando vamos nos tornar verdadeiramente humanos.Precisamos repensar os mandamentos que norteiam nossas ações e refletir sobre a realidade com olhos de transformação sem apagar da memória nossa história.
2DESENVOLVIMENTO
2.1 Detalhedos personagens da fábula
Todos os animais possuem traços marcantes de manipulação, alienação, rigidez, ignorância, dispersão, teimosia. Orwell consegue transmitir ao mesmo tempo uma mensagem simples e pertinente, aproveita-se da imagem e características de cada animal para retratar os grandes nomes envolvidos na revolução. O porco Major, em sua busca de condições melhores para sua sociedade, representando Lênin; Já o Porco Napoleão, que melhor assume o papel de manipulador, representa Stalin; Bola-de-Neve, que assume papel de contraditório em comparação a Napoleão, querendo sempre chamar a atenção para suas próprias ideias, representa Trotsky; e o restante dos animais, que representam a alienação para com o ocorrido, rigidez, dispersão, teimosia em saber a verdade e não revelar. Todas as situações marcantes em uma revolução.
Os personagens apresentados em A Revolução dos Bichos traçam um paralelo com os ícones da Revolução Russa de 1917. O primeiro personagem apresentado é Sr. Jones. O fazendeiro dono da Granja do Solar é cruel com os animais, chicoteando-os e por vezes, os deixando com fome. Assim, como o último czar russo, Nicolau II que foi considerado um líder anêmico e brutal com seus opositores.
Uma noite, o porco Major resolve organizar uma reunião. Premiado e respeitado por todos os bichos, o velho porco expressa seus desejos de dias melhores para todos os animais e explica o Animalismo. Ele dizia que os bichos trabalhavam e os humanos quem gozavam dos benefícios desse trabalho. Por isso, incita uma revolta para que todos os “bichos-trabalhadores” possam ter uma vida melhor. Major apresenta um discurso alusivo de Karl Marx e o socialismo científico. Além disso, lembra Lênin, o idealista do início da Revolução Russa.
O Major morre antes da revolta e dois porcos tomam a frente da revolução: Bola-de-Neve, que assim como Major, é idealista e inteligente. O personagem pode ser comparado a Trotski, um dos líderes da Revolução de Outubro, que seguia a risca os ensinamentos de Marx. Já Napoleão de caráter bem mais agressivo e egoísta, não era tão inteligente ou bom orador como Bola-de-Neve. Por isso, arma um golpe com ajuda de nove cachorros ferozes, obriga-o a se exilar. À custa de muita propaganda, o transforma em inimigo da Granja dos Bichos e se proclama líder dos animais. Napoleão é uma representação de Stalin: não seguia os ideais socialistas e usou do culto a personalidade para se afirmar no poder.
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