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Resíduos De Construção Civil

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Por:   •  31/8/2014  •  1.952 Palavras (8 Páginas)  •  290 Visualizações

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RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL

PALAVRAS CHAVES: Entulho, Resíduos, Produtividade, Insumos.

INTRODUÇÃO

A construção civil brasileira é um setor em que devido a pouca qualificação da mão de obra e falta de conscientização geral, gera-se uma quantidade enorme de resíduos. Felizmente para a maior parte deles existe algum tipo de reuso ou reciclagem, mas isso raramente acontece. A produtividade no setor também é baixa, chegando à apenas 32% da norte-americana. Enquanto na Dinamarca a produtividade média na construção é de 2h/m²*, no Brasil é de 45hh/m²*. Estima se que no Brasil, com o desperdício de três obras é possível fazer mais uma.

Isso acontece, mas tem que ser interrompido imediatamente, afinal, o setor da construção civil é de grande importância para toda a economia brasileira, pois serve de maneira eficaz para retomar o crescimento e diminuir o desemprego já que absorve 6,5% da população economicamente ativa. São previstos que o PIB da construção civil deve crescer 9% em 2010, 0,8% acima dos 8,2% registrados em 2008. Por isso, devem ser tomadas medidas quanto ao desperdício de materiais, pois com todo esse crescimento poderá haver falta de matérias-primas, o que iria frear bruscamente o crescimento do setor. É importante ressaltar que a construção civil é responsável pelo consumo de 14 a 50% dos recursos naturais extraídos do planeta.

Além dos aspectos econômicos, devem ser considerados os aspectos ambientais, já que os resíduos gerados hoje em dia são descartados em terrenos baldios e áreas de “bota-fora” clandestinas na grande maioria. Em Ribeirão Preto estima-se que apenas 2% dos resíduos são reciclados.

Contudo, a real intenção deste trabalho é mostrar que a construção civil é um setor de grande importância econômica e social, mas ainda tem que evoluir quanto ao melhor aproveitamento de mão de obra e materiais, evitando desperdícios e principalmente geração de resíduos. Para tal, serão utilizados gráficos tabelas e dados numéricos para se tiver uma melhor noção da proporção deste problema. Além disso, fará uso de imagens que demonstrem essa situação no cotidiano dos canteiros brasileiros.

HISTÓRICO

Anterior ao século XIX o lixo urbano era basicamente orgânico e em uma quantidade pequena comparada com os dias de hoje, pois a população urbana naquela época era menor. Com a Revolução Industrial, a maioria da população dos países abandonou o campo e migrou para a cidade. Além disso, com o surgimento de produtos industrializados (embalados, enlatados, etc.) a quantidade de lixo aumentou muito nos grandes centros urbanos. Com a construção civil não foi diferente.

Até o ano de 2002 não havia nenhuma resolução brasileira que tratava sobre os resíduos da construção. No dia 5 de julho de 2002 foi criada a resolução nº 307 do CONAMA, no qual definiu e classificaram os resíduos, seus geradores, responsáveis.

Após isso, começou a ser dada a devida importância à questão dos resíduos, pois, o que antes era algo sem especificação nenhuma, tinha se tornado uma lei. Mesmo sendo uma lei ambiental suscetível a punições, ela não é totalmente respeitada devido a áreas de bota-fora clandestinas, e falta de fiscalização e controle nas obras para verificar o que foi feito com aquele resíduo gerado por ela.

RESÍDUOS

Tintas, vidros, etc.

Segundo dicionário Aurélio da Língua Portuguesa, resíduo é tudo aquilo que resta de uma substância qualquer. Esses resíduos são classificados quanto às suas características físicas, composição química e origem. Nesse caso, os RCD’s (resíduos de construção e demolição) no qual falaremos neste trabalho, são considerados resíduo seca (característica física), inorgânicos (composição química) e denominados entulhos (origem). Basicamente este entulho é composto por: tijolos, blocos, restos de concretos e argamassas, rochas, metais, solos, madeiras, gesso,

O CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente) é um órgão consultivo e deliberativo do Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA), cuja função é estabelecer normas e critérios para o licenciamento de atividades agressoras e potencialmente poluidoras do Meio Ambiente. A Resolução nº 307, de 5 de julho de 2002, trata sobre os resíduos da construção civil, onde são especificadas as definições do que são esses resíduos, quem são seus geradores, os responsáveis por seu transporte, gerenciamento, reciclagem, reutilização, beneficiamento, áreas de aterro e destinação dos resíduos. No Art. 3º, está contida a classificação dos mesmos, divididos em 4 classes A, B, C e D listados abaixo:

Agregados. Ex: solos, blocos, telhas.

Classe A: são os resíduos recicláveis e/ou reutilizáveis na forma de

Ex: plástico, vidro, papel, papelão.

Classe B: são recicláveis, mas com outras destinações e funções.

Classe C: ainda não existem tecnologia e soluções economicamente viáveis para tais. Ex: produtos oriundos do gesso

Ex: solventes, tintas, restos de demolição de clínicas radiológicas,

Classe D: são resíduos perigosos ou contaminados.

RCD’s (Resíduos de construção e demolição)

Os RCD’s representam de 40 a 60 % do resíduo urbano. Os resíduos de classes A e B que são recicláveis e reaproveitáveis representam cera de 90% da massa de

Esses resíduos, muitas vezes em terrenos baldios, margem de rios e córregos,

RCD’s.

Em alguns países foram tomadas medidas para dar uma destinação melhor a esses resíduos, como acontece nos países baixos, que em 2000 registraram 90% de aproveitamento dos resíduos de construção. Alguns municípios brasileiros tomaram ações mais expressivas sobre o assunto. Uma delas é Belo Horizonte, que foi pioneira na política publica de gestão de resíduos. Foram criados 23 pontos de entrega, duas áreas de reciclagem, uma área para a produção de artefatos para a construção e uma área de transbordo e triagem privada. A cidade do Rio de Janeiro também é parte desta lista operando com uma rede de Eco Pontos e institui por resolução municipal os procedimentos para apresentação de projetos de gerenciamento de resíduos aos seus geradores.

DESPERDÍCIO

O desperdício de materiais é muito grande, principalmente em obras sem o acompanhamento de um arquiteto ou engenheiro. Outro fator de grande influência é o layout do canteiro de obras, uma vez que, a distância percorrida pelos materiais deve ser a menor possível. Para citar um exemplo, o tijolo, varia de 1 a 48% de perdas segundo artigo publicado na revista Arquitetura&Construção. Erros na execução de algumas partes da obra colaboram para um grande aumento do consumo que seria desnecessário para um material. Exemplificando, podemos citar uma parede que foi erguida fora de prumo, e para consertar o problema será gasto nela muito mais argamassa do que o previsto.

O projeto também influência no desperdício de alguns materiais, como o ferro, que ao ser vendido em barras de 12 metros, haverá muito mais perdas se o projeto especificar um tamanho menor que não é múltiplo desse valor. Usando pilares de 3,0m não será gerada nenhuma sobra. No projeto é importante adequar o serviço ao material a ser utilizado. Ex: blocos de 40 cm serão mais bem aproveitados em paredes com medidas múltiplas de 40, evitando quebras. A forma de armazenagem dos materiais no canteiro é responsável também por boa parte das perdas.

ARMANEZAMENTO

No canteiro de obras alguns cuidados devem ser tomados com certos materiais. Alguns são mais vulneráveis as intempéries, outros são mais frágeis, e por isso há uma forma correta para armazenar esses materiais e evitar perdas. Abaixo será citado como armazenar alguns materiais mais comuns em nossas obras brasileiras:

– CIMENTO: deve ser protegido de umidade, em local ventilado e com localização adequada.

– AREIA: deve ser armazenada em um cercado de madeira e coberta com lona, porque caso haja chuva isso evita que ela escorra com a água.

– FERRO: O espaço para estoque deve ter no mínimo 15 metros e preferencialmente coberto. – TIJOLOS: pilhas de fácil manuseio e altura máxima de 2 metros.

DESPERDÍCIO DE MÃO-DE-OBRA

Além do desperdício de materiais, o desperdício de mão de obra é também um item que merece atenção. Quando uma obra atrasa, ela pode causar grandes prejuízos. Esse atraso pode ser devido a fatores naturais como chuva. Mas, não raro quando esses atrasos se devem à produtividade. Muitas empresas encontraram como possível solução a inspeção do trabalho de seus funcionários. Não é uma medida adequada, pois com isso serão utilizadas medidas corretivas ao invés de preventivas.

SOLUÇÕES

Reciclagem de RCD’s

Uma boa solução para destino dos Rcd’s é a reciclagem, afinal, a maior parte deles é reciclável e reciclando diminui bastante a quantidade de resíduos despejados no meio ambiente. Esses resíduos reciclados podem ser utilizados em Pavimentação como demonstrado abaixo:

Ilustração 1: Corte de pavimentação com agregado reciclado

Ilustração 2: Bloco de concreto com agregado reciclado.

O agregado reciclado não pode ser utilizado em peças de concreto estruturais, como pilares, vigas etc...

Contudo, esse processo não é tão simples, pois, é necessária uma usina de reciclagem. Para construir tal usina seria necessário um investimento inicial estimado em R$1.536,0. Além disso, são necessários área para instalação, pá carregadeira, vestiários, mão de obra de 4 servidores, dentre várias outras necessidades para andamento da usina.

A cidade de Ribeirão Preto tem uma usina de reciclagem com capacidade de 140 ton/dia, aonde todo o entulho que chega é proveniente de obras ou terrenos públicos apenas. Há somente 1 britador, e a separação dos materiais é feita manualmente por 30 funcionários. O agregado gerado com esses resíduos é utilizado na produção de blocos que posteriormente são doados.

Sistemas Construtivos Industrializados

Para resolver o problema de desperdício de materiais e mão de obra existem sistemas construtivos que tornam esses índices bem pequenos. Por serem industrializados e pré-fabricados, é apenas montada na obra, utilizando apenas a quantidade necessária de materiais, sua execução geralmente é mais rápida quando comparada a sistemas construtivos mais comuns, e a quantidade de resíduos gerados é mínima. Os sistemas mais utilizados atualmente são os seguintes:

– Light Steel Frame: Sistema construtivo que utiliza aço galvanizado como elemento estrutural onde placas cimentícias são presas a estrutura. Não utilizam tijolo ou cimento, e é apenas utilizado concreto nas fundações. Evita desperdícios, pois é feito e utilizado nas medidas designadas pelo projeto.

Ilustração 3: Construção feita em Light Steel Frame FONTE: http://www.arcoweb.com.br/tecnologia/fotos/137/steel-framing-modulacao.jpg

– Concreto PVC: São perfis leves de PVC, preenchidos com concreto e aço estrutural. O PVC atua como fôrma e dá acabamento às paredes. Com esses sistemas eleva-se a produtividade, têm-se uma obra limpa, total controle de materiais, durabilidade e facilidades de manutenção.

Ilustração 2: Paredes em concreto PVC FONTE: http://projetandonomundo.blogspot.com/

– Drywall: São chapas de gesso acartonado presas em estruturas de aço galvanizado, que substitui paredes, tetos e revestimentos. Com isso ganha-se tempo e economia na execução da pintura. Como amostra da produtividade que o drywall oferece, temos que, para a montagem de uma parede divisória, criando outro ambiente na construção leva de 24 a 48 horas, com a parede totalmente pronta. Quando há algum problemas nas tubulações hidráulicas ou elétricas que estão dentro da parede, é necessário apenas a retirada de um pedaço da placa, agilizando e evitando quebradeiras para o reparo. –

Ilustração 3: Ambiente feito em drywall FONTE: http://www.superdrywall.ca/images/drywall_res5.jp

CONCLUSÕES

Concluímos que o problema de resíduos e produtividade da construção civil afeta diversos setores, portanto é algo que tem que ser resolvido o mais rápido possível. Isso já está começando a acontecer, mas ainda falta muito para se chegar ao que seria o ideal. Resolver o problema por inteiro é quase que impossível, mas com tecnologia e investimentos no assunto, surgirão cada vez mais soluções melhores e mais viáveis.

Com isso, a intenção desse trabalho é conscientizar as pessoas que estão relacionadas à construção civil, para torná-la mais eficaz e apagar a imagem que é conhecida por ser um setor com produção muito ineficiente e com grandes desperdícios.

BIBLIOGRAFIA

GOMES, L.G. Novela e sociedade no Brasil. Niterói: EduFF, 1998. 137 p. (Coleção Antropologia e Ciência Política, 15).

São Paulo (Estado). Secretaria do Meio Ambiente. Estudo de Impacto Ambiental EIA – RIMA: manual de orientação. São Paulo, 1989, 48 p.

MESSEGUER, Alváro. Controle e garantia da qualidade na construção. São Paulo: SINDUSCON, 1991.

GROHMANN, Márcia Zampieri. REDUÇÃO DO DESPERDÍCIO NA CONSTRUÇÃO CIVIL: LEVANTAMENTO DAS MEDIDAS UTILIZADAS PELAS EMPRESAS. 1998. 8 f. Tese (Pós-graduação) - Curso de Engenahria de Produção, Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria,. Disponível em: <w.abepro.org.br/biblioteca/ENEGEP1998_ART302.pdf>. Acesso em: 10 mar. 2014.

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