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SEGURANÇA DO TRABALHO

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Por:   •  7/11/2013  •  Tese  •  758 Palavras (4 Páginas)  •  219 Visualizações

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Quatro e meia da manhã. Já estava na hora de ir ao trabalho. O rádio relógio balbuciava uma letra em meio a um clima festivo, contrastando com a cinzez janela afora. Despiu-se das cobertas, lembrou de sua mãe, Angélica. Quantas Angélicas não estariam por aí, Brasil afora, chorando a morte de seus filhos, quando ele mal havia secado as lágrimas para a sua? Destino mal encaminhado! Ficassem então mortos com mortos, que deixassem a felicidade aos que restaram. Já eram 5 horas, e ele ainda não tinha tomado seu café.

Passava em frente ao hospital público. Maltrapilho, um prédio mendigo entre estrelas de concreto. Nuca seria mais que isso. É assim. Alguns nascem pro trabalho, outros para a perdição. Seguiu pela entrada para funcionários, cumprimentou os muros, portas e paredes com um olhar decepcionado, de quem acreditava que tudo ficaria bem.

Já pegava agora seu uniforme branco. Travestia-se de enfermeiro, enquanto um colega mais animado comentava: "Você soube do Deputado?". É claro que sabia. Sabia de todos eles, e poderia até fazer previsões sobre o futuro de cada um: serão eleitos nas próximas eleições. Afinal, onde moramos? Somos mesmo uma nação? Somos. sim, uma nação. Temos algo em comum com todos, desde o Oiapoque ao Chuí: sustentamos uma rede de crime organizado com a única finalidade de prendermos a nós mesmos em uma cela de ignorância.

Voltava agora aos poucos da enfumaçada revolta. Maca vinte e três: um senhor de 60 anos com Diabetes Melito. Entrou no quarto, pegou a insulina e enquanto era observado por outros vinte e tantos doentes, espetou agulha e remédio na carne que acabara de acordar. Sabe, meu jovem - disse o senhor - hoje estou mal, mas desconfio que como a maioria de minha idade, já estive pior. Já precisei correr de quem devia me proteger. Já apaguei de tanto tomar porrada de cacetete. Você não faz ideia de como é viver escondido daqueles que você sustenta. E o Crioulo respondeu: Faço sim, senhor…Alberto. O senhor apanhou por que defendia suas ideias, mas hoje me escondo da polícia sem nada ter feito, pelo excesso de melanina na minha pele. O senhor se revirou no lençol branco, com a cara amarrada de quem ouviu o que não queria.

Saindo daquela ala, topou com uma mulher já nos seus cinquenta anos, com um papel na mão e levando palavras incompreensíveis na boca. Está perdida, senhora? - perguntou o crioulo. A senhora respondeu, com um sorriso afetado pelo tempo: Perdida, eu? Imagina…estou na verdade é procurando! Com um olhar já cansado de desordem, continuou o enfermeiro: Procurando o quê? Veio a seca resposta então: Palavras pra por nessa poesia, oras! O correio tem andado arisco ultimamente, sabe? Não vai me dedurar, hein! Senão chamo a Roussef, da guerrilha, pra acabar com a tua raça!

Senhora, por favor, onde está alocada? Ala 7, respondeu prontamente. Ótimo, setor psiquiátrico. Perdendo tempo com uma louca, enquanto outros morriam por aí. Encaminhou a paciente até sua maca, e leu seu prontuário. Estresse pós-traumático. Provocado por torturas da ditadura. Mas será que hoje os fantasmas resolveram aparecer? Depois de 30 anos os generais ainda enchem o saco!

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