SURDO/CEGO
Casos: SURDO/CEGO. Pesquise 861.000+ trabalhos acadêmicosPor: ericalc • 21/3/2015 • 5.996 Palavras (24 Páginas) • 320 Visualizações
POSSÍVEIS RELAÇÕES DE INCLUSÃO E INTERAÇÃO DE SURDOCEGOS NO ENSINO REGULAR
I - INTRODUÇÃO
Muitas transformações vêm ocorrendo nos últimos anos na área educacional de acordo com o contexto sócio-cultural vivido pelos sistemas de ensino atuais, principalmente no que diz respeito à inclusão de todo tipo de indivíduo que tem direito ao acesso de ensino, o que é determinado nas leis garantidas pelo sistema democrático do país.
Buscando ser uma fonte informativa, neste trabalho apresentamos as idéias em torno do significado de inclusão e interação e como esses dois processos funcionam, ou deveriam funcionar, juntos ou separadamente; falamos da proteção legal que garante o acesso dos indivíduos com necessidades especiais, em especial os portadores de deficiências sensoriais como os surdocegos ao sistema de ensino regular e conseqüentemente o desenvolvimento de relações de integração e interação no meio educacional, social e cultural.
Mostra-se aqui o quão relevante é o respaldo legal que protege todos os portadores de necessidades especiais e a importância disso no ensino regular dos dias atuais e na sociedade como um todo quando da necessidade da formação de profissionais habilitados a trabalharem especificamente com este público, que se utiliza por exemplo da Língua Brasileira de sinais, a Libras e o sistema braile de leitura.
Como todos os outros educandos, esses alunos têm suas capacidades, dificuldades pessoais e limitações. Algumas se desenvolvem com facilidade, outras demoram mais. Algumas recebem grandes doses de estimulação e poucos progridem, porque sua história biológica lhes impõe limites, outras recebem pouca estimulação e mesmo assim se desenvolvem bem.
Assim, baseado nas garantias asseguradas aos portadores de necessidades especiais/ deficientes sensoriais o presente artigo busca apresentar algumas considerações sobre inclusão e interação desses educandos como meio de esclarecer e combater de certa forma o preconceito e a exclusão sócio-educacional ainda existente.
Nos dias atuais, graças aos avanços científicos e tecnológicos, associados às mudanças de comportamento da sociedade temos muitos meios de facilitar a vida dos portadores de necessidades especiais para que se sintam parte do mundo e vistos como pessoas que têm capacidade de viver como outra qualquer, apesar de suas limitações. Os avanços científicos (mais ligados ao processo de inclusão) dizem respeito a uma maior participação de profissionais da área de Pedagogia, Psicologia, Sociologia e outros profissionais ligados ao acompanhamento do desenvolvimento e comportamento dos educandos de forma a auxilia-los e orienta-los na sua vida escolar. Temos também os avanços tecnológicos (necessários ao processo de interação) cada vez mais comuns, principalmente com a utilização da internet que promove a interação da escola com o mundo externo facilitando a comunicação, a coleta de informação e troca de experiências entre professores, educandos e cidadãos de forma geral.
Assim, graças a diversos avanços, podemos observar que a vida dos portadores, assim como de outros educandos, pode melhorar, pois agora contamos com recursos que não só promovem o rompimento de barreiras, mas também incentivam, chamam as famílias, os amigos e vários profissionais para que abracem causas que contribuam para a maior inserção possível deles dentro do convívio social de forma geral.
Quando falamos sobre a inclusão de indivíduos portadores de surdocegueira nas escolas de ensino regular devemos questionar se realmente há inclusão ou interação ou ambas as relações juntas, porque a LDB (Lei de Diretrizes e Bases nº 9394/96) coloca direitos nos artigos 58 e 59, mas sabemos que não está se cumprindo a lei, pois os educadores estão tendo muitas dificuldades em trabalhar com esse público, mesmo porque os surdos conquistaram o direito a sua língua ser reconhecida na Lei 10.436 decreto 5.626.
Para Manzo (1971 p. 32 citado por Marconi e Lakatos, 2000 p. 66), a bibliografia pertinente “oferece meios para definir, resolver, não somente problemas já conhecidos, como também explorar novas áreas onde os problemas não se cristalizaram suficientemente” como é o caso da Surdocegueira no Brasil.
Assim, baseado nas pesquisas realizadas em materiais de diversos autores, este artigo apresenta conceitos, informações e considerações em torno do assunto proposto, o que norteou as conclusões e o trabalho como um todo que busca ser mais uma colaboração e contribuição para a sociedade acadêmica e social ligadas direta ou indiretamente à área da Educação.
II – Entendendo a Surdocegueira e as necessidades de seus portadores
Acredita-se que cerca de 80 a 90% da informação é recebida pelo ser humano visual ou auditivamente; assim sendo, a privação destas duas capacidades provoca alterações drásticas no acesso da pessoa à informação e no seu desenvolvimento. Aqui tratamos da deficiência visual e auditiva juntas, a surdocegueira.
Em um estudo sobre dissertações e teses a respeito da surdocegueira, as autoras Susana Maria Mana Araóz e Maria da Piedade Resende da Costa comentam que:
A divulgação de conhecimentos sobre Surdocegueira, mais difundida, data de inícios do século XX com a publicação de “The History of my Life” de Hellen Keller em 1902, reeditada em 1903 e 1905. Hellen foi a primeira surdocega a ser educada nos Estados Unidos na Perkins School for the Blind, que completou estudos superiores em letras na Radcliffe University (MACY, 1973). Ela foi embaixadora da educação para cegos, surdos e surdocegos pelo mundo, incentivando a formação de profissionais especializados em muitos países, entre eles o Brasil para desenvolver atendimentos para estas áreas (ARAÓZ & COSTA, 2008:258).
As autoras afirmam ainda que apesar da educação do Surdocego ter uma trajetória no Brasil que ultrapassa os 40 anos, a produção científica é escassa.
Ao se realizar pesquisas para o presente artigo achamos interessante à definição da surdocegueira que mais se adapta à atualidade. Em entrevista ao canal Educação do site da UOL (reportagem intitulada Surdocegueira), a professora de educação especial da rede Estadual de Ensino, Ariane Cristina de Mello Massicano diz:
“Existem várias definições condizentes. Seria pertinente esclarecer que a surdocegueira é uma deficiência única que apresenta a perda da audição e visão de tal forma que a combinação das duas deficiências impossibilita o uso dos sentidos de distância, cria necessidades especiais de comunicação, causa extrema dificuldade na conquista de metas educacionais, vocacionais,
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