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Seminário de Teresópolis

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Por:   •  28/4/2013  •  Resenha  •  1.552 Palavras (7 Páginas)  •  1.169 Visualizações

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1970 -Seminário de Teresópolis

Realiza-se, em Teresópolis (RJ), um seminário para estudar a "metodologia doserviço social". O evento foi idealizado para ser uma continuidade do histórico"Seminário de Teorização do Serviço Social", realizado em Araxá (MG), em1967.O seminário reuniu 35 assistentes sociais, que divididos em dois grupos,inserirama metodologia empregada dentro de um esquema científico e introduziramalgumas mudanças na terminologia tradicional. Ao contrário do seminário deAraxá, o de Teresópolis não produziu um documento final e o Centro BrasileirodeCooperação e Intercâmbio de Serviços Sociais, instituição responsável peloevento, publicou os relatórios de cada grupo separadamente.

Cálice” uma das músicas mais panfletárias do Chico Buarque, somando-se o fato dele ter como parceiro a genialidade do Gil, fizeram uma grande obra. A análise é extensa por conta de que todos os versos vêm imbuídos de metáforas usadas para contar o drama da tortura no Brasil no período da ditadura militar.

(Pai, afasta de mim esse cálice)

Sintetiza uma súplica por algo que se deseja ver à distância. Boa parte da música faz uma analogia entre a Paixão de Cristo e o sofrimento vivido pela população aterrorizada com o regime autoritário. O refrão faz uma alusão à agonia de Jesus no calvário, mas a ambigüidade da palavra “cálice” em relação ao imperativo “cale-se”, remete à atuação da censura.

(De vinho tinto de sangue)

O “cálice” é um objeto que contém algo em seu interior. Na Bíblia esse conteúdo é o sangue de Cristo, na música é o sangue derramado pelas vítimas da repressão e torturas.

(Como beber dessa bebida amarga)

A metáfora do verso remete à dificuldade de aceitar um quadro social em que as pessoas eram subjugadas de forma desumana.

(Tragar a dor, engolir a labuta)

Significa a imposição de ter que agüentar a dor e aceitá-la como algo banal e corriqueiro. “Engolir a labuta” significa ter que aceitar uma condição de trabalho subumana de forma natural e passiva.

(Mesmo calada a boca, resta o peito)

Os poetas afirmam que mesmo a pessoa

tendo a sua liberdade de pronunciar-se cerceada, ainda lhe resta o seu desejo, escondido e inviolável dentro do seu peito.

(Silêncio na cidade não se escuta)

O silêncio está metaforicamente relacionado à censura, que, desta forma, é entendida como uma quimera, um absurdo inexistente, porque, na medida em que o silêncio não se escuta, o silêncio não existe.

(De que me vale ser filho da santa / Melhor seria ser filho da outra)

Não fugindo à temática da religião, Chico e Gil usam de metáforas para mostrar suas descrenças naquele regime político e rebaixam a figura da “pátria mãe” à condição inferior a de uma “puta”, termo que fica subentendido na palavra “outra”.

(Outra realidade menos morta)

Seria uma outra realidade, na qual os homens não tivessem sua individualidade e seus direitos anulados.

(Tanta mentira, tanta força bruta)

O regime militar propagandeava que o país vivia um “milagre econômico” e todos eram obrigados a aceitar essa realidade como uma verdade absoluta.

(Como é difícil acordar calado / se na calada da noite eu me dano)

O eu-lírico admite a dificuldade de aceitar passivamente as imposições do regime, principalmente diante das torturas e pressões que eram realizadas à noite. Tudo era tão reprimido que necessitava ser feito às escondidas, de forma clandestina.

(Quero lançar um grito desumano / que é uma maneira

de ser escutado)

Talvez porque ninguém escutasse as mensagens lançadas por vias pacíficas e ordeiras, uma das possibilidades, por conta de tanto desespero, seria partir para o confronto.

(Esse silêncio todo me atordoa)

Esse verso denuncia os métodos de torturas e repressão, utilizados para conseguir o silêncio das vítimas, fazendo-as perderem os sentidos.

(Atordoado, eu permaneço atento)

Mesmo atordoado o eu-lírico permanece atento, em estado de alerta para o fim dessa conjuntura, como se estivesse esperando um espetáculo que estaria por vir.

(Na arquibancada, pra a qualquer momento ver emergir o monstro da lagoa)

Entretanto, o espetáculo pode ser, ironicamente, somente o surgimento de mais um mecanismo de imposição de poder do regime, representado pelo monstro da lagoa.

(De muito gorda a porca já não anda)

Essa “porca” refere-se ao sistema ditatorial, que, de tão corrupto e ineficiente, já não funcionava. O porco também é um símbolo da gula, que está entre os sete pecados capitais, retomando a temática de religiosidade e elementos católicos.

(De muito usada a faca já não corta)

Demonstra inoperância, ou seja, mostra o desgaste de uma ferramenta política utilizada à exaustão.

(Como é difícil, pai, abrir a porta)

É expresso o apelo para que sejam diminuídas as dificuldades, mas ao mesmo tempo apresenta a tarefa como sendo muito

difícil. A porta representa a saída de um contexto violento. Biblicamente, sinaliza um novo tempo.

(Essa palavra presa na garganta)

É a dificuldade para encontrar a liberdade, a livre expressão. É o desejo de falar, contar e descrever a todos a repressão que está sendo imposta.

(Esse pileque homérico no mundo)

Refere-se ao desejo de liberdade contido no peito de cada cidadão dos países vivendo sob os vários regimes autoritários existentes no mundo.

(De que adianta ter boa vontade)

É um autoquestionamento sobre a ânsia de lutar pela liberdade, uma vez que o mundo estava ao avesso. Refere-se a uma frase bíblica: “paz na terra aos homens de boa vontade”.

(Mesmo calado o

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