Servico Social
Exames: Servico Social. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: diegoap25 • 29/3/2014 • 255 Palavras (2 Páginas) • 356 Visualizações
O significado sóciohistórico da profissão
Introdução Este texto apresenta alguns elementos para a compreensão das particularidades históricas do processo de institucionalização e legitimação do Serviço Social na sociedade brasileira, a partir da reconstrução teórica do significado social da profissão na sociedade capitalista. Constituem seus objetivos centrais: a análise do significado social da profissão no processo de reprodução das relações sociais, tendo como referência a abordagem de Iamamoto (1995); a explicitação das demandas colocadas socialmente ao Serviço Social e as necessidades sociais a que a profissão busca responder, pelo caráter contraditório da prática profissional; a análise do trabalho profissional do assistente social e de algumas de suas particularidades, como a vinculação histórica com a Assistência Social; a definição legal do Serviço Social como profissão liberal e por fim uma reflexão sobre a profissão nos dias atuais. Assim sendo, este texto é constituído por quatro partes interligadas e complementares: 1 ‐ Uma análise teórico‐metodológica do Serviço Social no processo de reprodução das relações sociais. 2 ‐ O processo de institucionalização e legitimação do Serviço Social no Brasil. 3 ‐ As demandas e particularidades do trabalho profissional na sociedade brasileira. 4 ‐ Considerações Finais: a profissão como especialização do trabalho coletivo na atualidade. Glossário de termos e expressões utilizadas no texto.
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1 Uma análise teóricometodológica do Serviço Social no processo de reprodução das relações sociais Para uma abordagem do Serviço Social no processo de reprodução das relações sociais, partimos da posição de que o significado social da profissão só pode ser desvendado em sua inserção na sociedade, ou seja, a análise da profissão, de suas demandas, tarefas e atribuições em si mesmas não permite desvendar a lógica no interior da qual essas demandas, tarefas e atribuições ganham sentido. Assim sendo, é preciso ultrapassar a análise do Serviço Social em si mesmo para situá‐lo no contexto de relações mais amplas que constituem a sociedade capitalista, particularmente, no âmbito das respostas que esta sociedade e o Estado constroem, frente à questão social1 e às suas manifestações, em múltiplas dimensões. Essas dimensões constituem a sociabilidade humana e estão presentes no cotidiano da prática profissional, condicionando‐a e atribuindo‐lhe características particulares. Assim sendo, um conceito fundamental para a compreensão da profissão na sociedade capitalista é o conceito de reprodução social que, na tradição marxista, refere‐se ao modo como são produzidas e reproduzidas as relações sociais nesta sociedade. Nesta perspectiva, a reprodução das relações sociais é entendida como a reprodução da totalidade da vida social, o que engloba não apenas a reprodução da vida material e do modo de produção, mas também a reprodução espiritual da sociedade e das formas de consciência social através das quais o homem se posiciona na vida social. Ou seja, a reprodução das relações sociais “como a reprodução do capital permeia as várias ‘dimensões’ e expressões da vida em sociedade” (IAMAMOTO; CARVALHO, 1995, p. 65). Dessa forma, a reprodução das relações sociais é a reprodução de determinado modo de vida, do cotidiano, de valores, de práticas culturais e políticas e do modo como se produzem as ideias nessa sociedade. Ideias que se expressam em práticas sociais, políticas, culturais, 1 A questão social é expressão das desigualdades sociais constitutivas do capitalismo. Suas diversas manifestações são indissociáveis das relações entre as classes sociais que estruturam esse sistema e nesse sentido a questão social se expressa também na resistência e na disputa política.
padrões de comportamento e que acabam por permear toda a trama de relações da sociedade.
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O processo de reprodução da totalidade das relações sociais na sociedade é um processo complexo, que contém a possibilidade do novo, do diverso, do contraditório, da mudança. Trata‐se, pois, de uma totalidade em permanente reelaboração, na qual o mesmo movimento que cria as condições para a reprodução da sociedade de classes cria e recria os conflitos resultantes dessa relação e as possibilidades de sua superação. Esta concepção de reprodução social fundamenta uma forma de apreender o Serviço Social como instituição inserida na sociedade. Inserção que, conforme Iamamoto e Carvalho (1995, p. 73), implica considerar o Serviço Social a partir de dois ângulos indissociáveis e interdependentes: ‐ como realidade vivida e representada na e pela consciência de seus agentes profissionais e que se expressa pelo discurso teórico e ideológico sobre o exercício profissional; ‐ como atividade socialmente determinada pelas circunstâncias sociais objetivas que imprimem certa direção social ao exercício profissional, que independem de sua vontade e/ou da consciência de seus agentes individuais. Cabe assinalar que estes dois ângulos constituem uma unidade contraditória, podendo ocorrer um desencontro entre as intenções do profissional, o trabalho que realiza e os resultados que produz. É importante também ter presente que o “Serviço Social, como instituição componente da organização da sociedade, não pode fugir a essa realidade.” (IAMAMOTO; CARVALHO, 1995, p. 75). Analisar o Serviço Social, nesta perspectiva, permite em primeiro lugar apreender as implicações políticas do exercício profissional que se desenvolve no
contexto de relações entre classes. Ou seja, compreender que a prática profissional
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