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Sociologia Do Trabalho

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Por:   •  27/11/2013  •  2.462 Palavras (10 Páginas)  •  419 Visualizações

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O mundo do trabalho em mutação

As transformações no mundo do trabalho vêm afetando de modo intenso, as sociedades industriais em todo o mundo. Formas de produção consideradas superadas pelo desenvolvimento de um capitalismo do tipo monopolista retornam numa outra dimensão, reincorporadas a uma lógica de acumulação que enfatiza a competitividade e a qualidade. O processo de reestruturação das atividades produtivas, principalmente a partir da década de 1970, inclui inovações tecnológicas e novas formas de gestão da força de trabalho. O resultado tem sido um aumento significativo nos índices de produtividade, profundas alterações no relacionamento entre as empresas e nas formas de organização da produção, interferindo nas relações de trabalho e no processo de negociação com as instituições de defesa dos trabalhadores.

Essa reestruturação, no entanto, vista por muitos como inevitável dentro da racionalidade do mercado, tem trazido também graves problemas sociais quanto ao nível de emprego e a garantia dos direitos conquistados pelos trabalhadores ao longo do século XX. Ao mesmo tempo que os índices de desemprego se tornam elevados, inclusive nas economias centrais, em muitos países do mundo, se aplica uma politica de desmantelamento da ação do estado nas áreas sociais. Nos países subdesenvolvidos, a flexibilização das relações de trabalho só faz aumentar o mercado de trabalho informal e o desemprego.

Fala-se em “globalização” da produção industrial. De fato, as empresas multinacionais, em busca de maiores taxas taxas de lucro, passaram a estender sua presença por regiões geográficas e econômicas que oferecem uma força de trabalho com salários baixos e menos dispêndios com benefícios sociais.

No que se refere a inovações tecnológicas de gestão,estratégicas derivadas do chamado modelo japonês, embora efetivas em algumas grandes empresas no próprio Japão, vem sendo anunciadas como solução para todos os males resultantes da falta de competitividade e das dificuldades no controle da força de trabalho. Novas formas de gestão se associam ao anúncio da modernidade. No Brasil e na América Latina, aparecem como o caminho inexorável da produção industrial- termos como qualidade total, just in time etc. passam, de repente a fazer parte do vocabulário das empresas, que impigem aos trabalhadores um discurso civilizador sobre a necessidade de aderir aos novos tempos.

Trabalho e organização da vida social

Claus Offe lançava questionamento acerca da validade de se manter a centralidade da categoria trabalho como chave para o entendimento sociológico. Segundo ele, o trabalho estaria deixando de situar-se como o fato social principal. Dessa forma, as esferas do trabalho e da produção diminuiriam radicalmente sua capacidade de estruturação e de organização da vida social, abrindo espaço para "novos campos de ação caracterizados por novos agentes e por uma nova forma de racionalidade".

A segurança do pleno emprego foi substituída pela insegurança do desemprego. Os sistemas de contratação foram duramente atacados em busca de uma maior flexibilização da produção e dos mercados. Formas de contratação flexíveis, antes consideradas atípicas, passam a ser a regra. As políticas de proteção ao indivíduo, dentro e fora do trabalho, foram sendo substituídas por políticas de aumento da competitividade. A própria avaliação acerca da desigualdade social mudou de perspectiva. Pensada antes como problema a ser tratado com o aumento dos benefícios sociais, passava, sob a ótica neoliberal, a ser identificada como necessária para o maior engajamento e desempenho dos indivíduos na sociedade.

A sociologia do trabalho, buscando dar conta das transformações quantitativas e qualitativas no qual passa o mundo do trabalho, tem levantado uma série de hipóteses com relação as origens, o desenvolvimento e os destinos destas mudanças. Esse conjunto de alterações foi conceituado por uns como especialização flexível e por outros como um novo conceito de produção. Além disso, já foram analisadas pela escola de regulação francesa e pelos teóricos do pós-fordismo.

A crise do modelo fordista

Os estudos voltados à temática do trabalho, tentando dar conta das transformações do sistema fordista, têm apresentado, para além de algumas especificidades, posições variadas que podem ser agrupadas em dois conjuntos: aqueles que defendem a existência de um movimento de superação do fordismo, apontando novos rumo possíveis; e aqueles que sustentam que as mudanças são uma readequação e um ajuste frente à crise do sistema produtivo.

Ambas as posições concordam que as mudanças estão relacionadas com uma crise no sistema fordista. É neste contexto que se confrontam noções, tais como as de especialização flexível e de neofordismo, e que também se verifica que tanto o entendimento da crise como seus possíveis desdobramentos têm relação direta com a definição do que vem a ser o sistema fordista.

Para além do uso de inovações tecnológicas e organizacionais, bem como do formato corporativo nos empreendimentos de que Ford se apropriou e que já estavam em curso, muitos desde o século XIX, vale lembrar a apropriação que ele faz das idéias de Frederik W. Taylor, centradas na noção de administração científica. Taylor, julgando o trabalhador um ser indolente (natural ou intencionalmente), advogava uma radicalização do processo de separação entre a concepção e a execução do trabalho (à gerência caberia o trabalho intelectual, e ao trabalhador, o manual). Defendia uma decomposição minuciosa do processo de trabalho em movimentos e tarefas fragmentadas e rigidamente controladas pelo tempo, resultando em um maior grau de hierarquização e desqualificação no interior do processo de trabalho. Tudo isso, disposto em uma linha de montagem e com recompensa salarial separada do esforço empreendido pelo trabalhador.

Desta forma, se articulam, como idéias formadoras da singularidade do fordismo, a separação entre concepção/execução, a fragmentação/rotinização/ esvaziamento das tarefas; a noção de um homem/uma tarefa com especialização desqualificante; o controle do tempo de execução das tarefas estritamente orientadas por normas operacionais em um processo onde a disciplina se torna o eixo central da qualificação requerida; pouca ou nenhuma aceitação do saber dos trabalhadores tendo em vista contribuir para a melhoria do processo produtivo, e, consequentemente, do produto; e produção em massa de bens a preços cada vez menores para um mercado também de massa. Através disso os grandes espaços de mercado, tiveram que se adaptar a busca

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