TRABALHO MULTIDISCIPLINAR - GESTÃO PÚBLICA
Exames: TRABALHO MULTIDISCIPLINAR - GESTÃO PÚBLICA. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: Edson1980 • 14/4/2013 • 5.647 Palavras (23 Páginas) • 2.113 Visualizações
A RESPONSABILIDADE DA IMPLEMENTAÇÃO DA POLÍTICA NACIONAL DE RESIDUOS SOLIDOS NA GESTÃO URBANA MUNICIPAL.
OSVALDO CRUZ / SP
2011
TRABALHO MULTIDICIPLINAR
INTRODUÇÃO
O artigo objetiva despertar a atenção para os problemas de saúde coletiva e saúde ocupacional
associados aos resíduos sólidos municipais, particularmente, em função da má gestão
dos mesmos e de um modelo de desenvolvimento no qual o meio ambiente, a saúde pública e a
saúde do trabalhador são relegados a um plano secundário. Escrito com base em uma revisão bibliográfica,
o artigo foi enriquecido por alguns resultados de estudos recentes dos quais os autores
participaram. São apontados alguns eixos principais da questão que ajudam a compreender
a ausência, quase total, de estudos e pesquisas que possam embasar uma gestão dos resíduos,
que considere a preservação do meio ambiente e da saúde humana. Ao procurar ampliar a discussão
sobre os resíduos sólidos o que se busca é a sua inserção, de forma mais significativa, como
tema da saúde pública.
Embora não existam dúvidas sobre a importância
da atividade de limpeza urbana para o
meio ambiente e para a saúde da comunidade,
esta percepção não se tem traduzido em ações
efetivas que possibilitem mudanças qualitativas
na situação negativa em que se encontram,
de forma geral, os sistemas de gerenciamento
de resíduos sólidos urbanos em toda a América
Latina, inclusive no Brasil.
Os efeitos adversos dos resíduos sólidos
municipais no meio ambiente, na saúde coletiva
e na saúde do indivíduo são reconhecidos
por diversos autores (Accurio et al., 1998; Anjos
et al., 1995; Cantanhede, 1997; Diaz et al., 1997;
Ferreira, 1997; Leite & Lopes, 2000; Maglio,
2000; Robazzi et al., 1992; Velloso, 1995; Zepeda,
1995), que apontam as deficiências nos sistemas
de coleta e disposição final e a ausência
de uma política de proteção à saúde do trabalhador,
como os principais fatores geradores
desses efeitos.
Apesar desse reconhecimento, são escassos
os estudos e pesquisas realizados no Brasil e na
América Latina sobre o assunto. Isto se dá, em
parte, pelo fato de existirem poucos centros de
pesquisas que tratam das questões dos resíduos
sólidos municipais e, na maioria das vezes, os
trabalhos não incorporarem, a não ser em raras
ocasiões, os componentes saúde e meio ambiente.
Alguns dos fatores que contribuem, em
maior ou menor grau, para esta situação são:
• O pouco interesse que os resíduos comuns,
do cotidiano, despertam nos profissionais e
pesquisadores, especialmente entre aqueles
com formação em países desenvolvidos, onde
as questões e o nível de conhecimento sobre
estes resíduos são relacionados a outro estágio
de desenvolvimento. Também contribui para
esta situação, a pequena pressão exercida pela
população – desde que haja uma coleta domiciliar
– para os problemas decorrentes da gestão
dos resíduos sólidos;
• A pouca atenção dada pelo poder público
às questões de saúde em geral e que repercute
também no setor específico dos resíduos (Diaz
et al., 1997);
• A quase total inexistência de capacitação
técnica, tanto de profissionais para desenvolvimento
de estudos e pesquisas que vinculem ao
gerenciamento dos resíduos sólidos as questões
ambientais e de saúde, como de pessoal
para operar os sistemas de limpeza urbana
(Skinner, 1997);
• A prática de importação de tecnologia de
países desenvolvidos sem a necessária adaptação
às condições locais, que resulta, quase que
inevitavelmente, em falhas e fracassos (Campbell,
1999; Wilson, 1995). São exemplos desta
realidade: os equipamentos compactadores
projetados para coleta de resíduos com baixo
conteúdo de matéria orgânica úmida – nos Estados
Unidos, a presença de restos de comida
nos resíduos domiciliares varia entre 6% e 18%
(Tchobanoglous et al., 1993), enquanto na
América Latina varia entre 40% e 60% (Zepeda,
1995)
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