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Tema 1 Ro

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Por:   •  18/3/2014  •  2.115 Palavras (9 Páginas)  •  349 Visualizações

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ROTEIRO DE ATIVIDADES 1

O Pensamento Social Brasileiro

Na época em que foram publicados os livros de Caio Prado jr., Sérgio Buarque de Holanda e Gilberto Freyre o Brasil estava numa encruzilhada: o século XIX havia ficado para trás, mas o jogo político e as marcas da escravidão estavam ali presentes para quem quisesse ver. Esses autores aceitaram o desafio e inovaram na maneira de olhar para o futuro do país, incorporando a História, a Sociologia e a Economia. Ao fazerem isso romperam com um conhecimento gerado ainda no século XIX e que teimava em se manter.

Até então o Brasil fora visto como um grande laboratório onde a experiência em curso era o contato entre povos totalmente diferentes entre si: o habitante nativo, o europeu colonizador e o africano escravizado.

A colonização fora uma forma de levar a civilização aos lugares mais atrasados. Como contrapartida, essas regiões passaram a abastecer o mercado europeu com alguns produtos novos (pau brasil, especiarias, cana-de-açúcar) e outros nem tanto, apesar de valiosos como o ouro e a prata.

O que ninguém contava era com a possibilidade de uma interação entre povos tão diferentes; primeiro o europeu se misturando com o índio e depois com os escravos trazidos da África. Qual seria o povo formado nesses territórios?

A incógnita que os pensadores se colocavam ao longo do século XIX era: o que vai ser de uma nação constituída dessa maneira?

O conhecimento científico sobre as populações naquela época era baseado numa associação entre teorias da evolução (uma espécie de darwinismo social) e um conjunto de preconceitos com base na aparência do indivíduo, resumidos na palavra “raça” (naquela época o racismo das explicações sobre o comportamento individual ainda era bastante comum).

Dessa forma, considerando que as populações evoluem ao longo do tempo, imaginava-se os europeus como um estágio civilizatório mais avançado, enquanto que, no extremo oposto, estavam os africanos e os indígenas.

Alguns somavam a mestiçagem com o clima tropical e calculavam o tempo que levaria até que a população estivesse totalmente degenerada. Outros enxergavam na imigração europeia a única salvação para o país, por meio do chamado “branqueamento” da nação (acreditava-se ser necessário, e possível, limitar a influência africana a partir da vinda de imigrantes europeus para o país).

A base dessas percepções combinava um pensamento racial e seu argumento era que a mistura de raças levava à mestiçagem, a degenerescência e ao crime.

É em relação a esse panorama pessimista sobre o futuro do país que se apresenta a originalidade dos três autores. Deixando de lado as metáforas biológicas, ou seja, a comparação da sociedade com um organismo vivo com estágios evolutivos, em lugar disso, passaram a trabalhar com categorias próprias às Ciências Sociais. É por isso que se irá encontrar as ideias de Karl Marx, em Caio Prado Jr., de Franz Boas no livro de Gilberto Freyre e de Max Weber na obra de Sergio Buarque de Holanda.

O “materialismo histórico dialético”, que marca o trabalho de Caio Prado Jr., exemplifica a aplicação do ideário marxista na análise da formação da sociedade brasileira. O termo “materialista” implica a observação da história como um conjunto de transformações na estrutura social. Ao invés de esmiuçar a ação de indivíduos, o historiador compreende as mudanças sociais a partir do movimento de uma estrutura produtiva (ou seja, as relações sociais de produção). Dito de outra forma, na perspectiva materialista, a sociedade se constitui por meio da formação e enfrentamento de classes sociais, sendo que a produção é o local privilegiado para se observar essa relação. Assim a história de uma sociedade é a própria história dessa luta entre classes sociais que procuram fazer valer seus interesses econômicos. As manifestações políticas e culturais presentes em uma sociedade devem também ser compreendidas desse ponto de vista, qual seja, do enfrentamento ou da luta de classes. Quando se agrega o termo “dialético” ao “materialismo histórico” se está afirmando que as mudanças sociais resultam do próprio desenvolvimento de uma sociedade. Ou seja, não se trata da vontade de um indivíduo ou de um soberano, a mudança social é resultado de certa evolução de um conjunto de circunstâncias existentes em uma estrutura social.

Na prática, isso significa dizer que a formação da sociedade brasileira é resultado da evolução de uma estrutura produtiva, no caso, a economia capitalista em sua fase de expansão mercantil.

É essa expansão mercantil, ou comercial, que fomenta a organização da produção de gêneros para o mercado internacional e até mesmo a introdução do trabalho escravo na então colônia portuguesa.

Dentre os três autores, Gilberto Freyre é aquele que encara a questão colocada pela miscigenação no Brasil. Seu esforço é duplamente original: em primeiro lugar recupera o contato cultural e o coloca na perspectiva da construção de uma nova sociedade. Além disso, suas fontes são tão inéditas quanto pouco usuais para a época. Essas duas particularidades são provenientes do culturalismo norte-americano. Nesse sentido, a miscigenação é a marca registrada de “Casa Grande & Senzala” e sua descrição apresenta o surgimento de uma “civilização do açúcar” (posto que sua origem fora a cultura canavieira do norte agrário (ou o que hoje é o nordeste brasileiro, especificamente Bahia e Pernambuco). Essa descrição é a marca do culturalismo: o cotidiano das fazendas, dominado pela convivência entre elementos culturais que formam um mundo novo. Aparecem ali os doces portugueses e a culinária africana, o cuidado com as crianças e a educação sexual dos jovens. Esses assuntos não eram tema de pesquisa e mostram a importância concedida por Gilberto Freyre ao estudo da cultura, mostrando uma composição de elementos étnicos da qual surgiu a nação brasileira. É importante fixar este aspecto: não se trata mais de se preocupar com a “biologia” da mestiçagem; Gilberto Freyre chama atenção para o fato de que a ocupação territorial fundada na interação entre diferentes etnias levou ao surgimento de um povo mestiço valorizado pela soma de culturas.

É verdade que o autor passa ao largo da violência inerente ao fenômeno da escravidão. É o preço pago pela construção do seu argumento: para destacar, acertadamente, a interação entre culturas constrói uma representação do patriarcado

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