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Tempestade Gonsalves Dias

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Por:   •  6/6/2014  •  714 Palavras (3 Páginas)  •  222 Visualizações

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Gonçalves Dias

Quem porfiar contigo... ousara

Da glória o poderio;

Tu que fazes gemer pendido o cedro,

Turbar-se o claro rio?

A. HERCULANO

Um raio

Fulgura

No espaço

Esparso,

De luz;

E trêmulo

E puro

Se aviva,

S’esquiva

Rutila,

Seduz!

Vem a aurora

Pressurosa,

Cor de rosa,

Que se cora

De carmim;

A seus raios

As estrelas,

Que eram belas,

Tem desmaios,

Já por fim.

O sol desponta

Lá no horizonte,

Doirando a fonte,

E o prado e o monte

E o céu e o mar;

E um manto belo

De vivas cores

Adorna as flores,

Que entre verdores

Se vê brilhar.

Um ponto aparece,

Que o dia entristece,

O céu, onde cresce,

De negro a tingir;

Oh! vede a procela

Infrene, mas bela,

No ar s’encapela

Já pronta a rugir!

Não solta a voz canora

No bosque o vate alado,

Que um canto d’inspirado

Tem sempre a cada aurora;

É mudo quanto habita

Da terra n’amplidão.

A coma então luzente

Se agita do arvoredo,

E o vate um canto a medo

Desfere lentamente,

Sentindo opresso o peito

De tanta inspiração.

Fogem do vento que ruge

As nuvens aurinevadas,

Como ovelhas assustadas

Dum fero lobo cerval;

Estilham-se como as velas

Que no alto mar apanha,

Ardendo na usada sanha,

Subitâneo vendaval.

Bem como serpentes que o frio

Em nós emaranha, — salgadas

As ondas s’estanham, pesadas

Batendo no frouxo areal.

Disseras que viras vagando

Nas furnas do céu entreabertas

Que mudas fuzilam, — incertas

Fantasmas do gênio do mal!

E no túrgido ocaso se avista

Entre a cinza que o céu apolvilha,

Um clarão momentâneo que brilha,

Sem das nuvens o seio rasgar;

Logo um raio cintila e mais outro,

Ainda outro veloz, fascinante,

Qual centelha que em rápido instante

Se converte d’incêndios em mar.

Um som longínquo cavernoso e ouco

Rouqueja, e n’amplidão do espaço morre;

Eis outro inda mais perto, inda mais rouco,

Que alpestres cimos mais veloz percorre,

Troveja, estoura, atroa; e dentro em pouco

Do Norte ao Sul, — dum ponto a outro corre:

Devorador incêndio alastra os ares,

Enquanto a noite pesa sobre os mares.

Nos últimos cimos dos montes erguidos

Já silva, já ruge do vento o pegão;

Estorcem-se os leques dos verdes palmares,

Volteiam, rebramam, doudejam nos ares,

Até que lascados baqueiam no chão.

Remexe-se a copa dos troncos altivos,

Transtorna-se, tolda, baqueia também;

E o vento, que as rochas abala no cerro,

Os troncos enlaça nas asas de ferro,

E atira-os raivoso dos montes além.

Da nuvem densa, que no espaço ondeia,

Rasga-se o negro bojo carregado,

E enquanto a luz do raio o sol roxeia,

Onde parece à terra estar colado,

Da chuva, que os sentidos nos enleia,

O forte peso em turbilhão mudado,

Das ruínas completa o grande estrago,

Parecendo

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