Teoria Do Dente De Engregagem
Dissertações: Teoria Do Dente De Engregagem. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: LaiannyCosta2 • 29/5/2013 • 875 Palavras (4 Páginas) • 722 Visualizações
Teoria do dente de engregagem – Hannah Arendt
Num prisma aproximado Hannah Arendt criou a “Teoria do dente de engregagem” para lembrar que “cada dente de engregagem, isto é, cada pessoa, deve ser descartável sem mudar o sistema, uma pressuposição subjacente a todas as burocracias a todo serviço público e a todas as funções propriamente ditas.”
Para se resguardar de julgamentos e responsabilidades, o burocrata procura seguir estritamente as regras abstratas que orientam o “sentido” de sua ação, em detrimento da singularidade de cada situação fática. Uma ação não obrigada por regulamentos não pode ser acobertada por “falhas” que são inerentes à engregagem burocrática. Assim, é possível relacionar o burocrata ao animal laborans, porque tanto um quanto o outro perderiam a singularidade humana para se imiscuir, homogeneamente, num movimento cíclico, repetitivo e rotineiro de produção, denunciando, ainda mais, a ascensão do labor.
No âmbito da vita activa, Bethânia Assy Aduz que a elevação do labor à categoria de atividade suprema levou, ainda, à alienação e ao isolamento do homem em relação ao mundo das aparências. Embora os homens passem a laborar conjuntamente, a satisfação corporal e o gozo hedonista são essencialmente egocêntricos, razão por que o animal laborans foge do mundo circudante. Equiparando os homens naquilo que lhes é comum, isto é, nas necessidade vitais, a uniformização imposta pelo movimento cíclico do labor faz com que as pessoas se projetam dela por meio do isolamento radical dentro da esfera íntima.
Na visão de Hannah Arendt, essa fuga do homem em relação ao mundo das aparências é corroborada pela dúvida cartesina. A descoberta do telescópio por Galileu e a ascensão do sistema heliocêntricoberta questionaram a veracidade dos sentidos e das percepções, levando o homem a se refugiar na subjetividade interna, isolada e abstrata. Para a autora, o grande apanágio da filosofia moderna reside na “[...] preocupação exclusiva com o ego, em oposição à alma ou à pessoa ou ao homem em geral, uma tentativa de reduzir todas as experiências, com o mundo e com os outros seres humanos, a experiências entre o homem e si mesmo.”
Na medida em que o indivíduo se isola na subjetividade abstrata, ele procura reduzir, por processos congnitivos, toda a realidade em leis gerais que lhe permitam prever as reações da natureza e do próprio homem, espelhando-se na lógica do labor quanto ao movimento cíclico e repetitivo das leis cósmicas. O homem deixa de construir ativamente seu mundo-artifício a partir de eventos dignos de lembrança, para se submeter ao mundo regido por leis aferidas pela razão humana, ensejando seu lançamento na circularidade repetitiva de eventos previsíveis. Ao invés de delimitar o espaço de atuação livre dos homens, as leis acabam por unifomizar o comportamento do sujeito abstrato, em benefício da previsibilidade rotineira.
Esse regate de pensamento dificilmente ocorreria num paradigma burocrático, pois uma de suas premissas básicas refere-se à adoção e regras e padroes por parte dos funcionários. Ao atuar no sine ira ac studio, o burocrata refugia-se em regulamentos padronizados, pois a abstração das regras, além de o proteger, premite que seus valores pessoais não influam na execução das tarefas.
A reflexão sobre violência repassa a obra de Hannah Arendt, como conseqüência de seu pensar sobre a liberdade. Hannah Arendt já alertara para a falta de grandes estudos sobre o fenômeno da violência e a conseqüente
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