Terezinha Azerêdo Rios

A concepção política-pedagógica apoia-se na realidade social e cultural de jovens e adultos trabalhadores para, a partir dessa realidade, construir conhecimentos científicos, desenvolver a linguagem e outras formas de expressão. Dois aspectos dessa realidade externa e interna ao educando são fundamentais: o mundo do trabalho e a cidade/sociedade em que vive. Faz parte também desse desafio a articulação do projeto educacional às políticas de geração de emprego e renda em andamento em Osasco.

A partir do pressuposto de que o trabalho é uma das maiores referências do ser humano ─ e que a partir dele os seres humanos asseguram a sobrevivência e podem se reconhecer e se realizar, pode-se afirmar que os jovens e adultos, trabalhadores, desempregados, ou sob risco de perder o emprego, já se encontram profundamente ligados a essa realidade, como afirma Rios, 2001(b) “Não se fala em cultura sem falar em trabalho [...] É o trabalho, é o labor que faz os homens saberem. O trabalho que faz os homens serem. O trabalho é, na verdade, a essência do homem”.

O trabalho permite ao ser humano exercer ação e reflexão sobre a natureza, transformando-a segundo suas necessidades criativas e de sobrevivência e, assim, o homem também se transforma na medida em que o trabalho altera sua visão sobre o mundo e sobre si mesmo. É um dos elementos de organização da vida social, fruto da inter-relação dos seres humanos com os recursos naturais, em processos de cooperação ou dominação.

Segundo Freire, 2003, p. 92:

Não é no silêncio que os homens se fazem, mas na palavra, no trabalho, na ação-reflexão (...) mas, se dizer a palavra verdadeira, que é trabalho, que é práxis, é transformar o mundo (...), dizer a palavra não é privilégio de alguns homens, mas direito de todos os homens.

Para a formação de cidadãos pensantes, que produzem sua história e tomam consciência disso progressivamente, há a necessidade de se investir em uma educação que permita o diálogo, o desenvolvimento de várias formas de expressão e do raciocínio lógico, a capacidade de comparar e de relacionar, a construção de conceitos, a criatividade, a capacidade de analisar e pensar criticamente. Para fazê-lo, é preciso que as experiências culturais, cognitivas e sociais dos educandos sejam valorizadas e tomadas como referência. Aqui é particularmente importante que o(a) educando(a) possa refletir sobre sua condição