Trabalho De Campo Sob Um Olhar Etnográfico
Casos: Trabalho De Campo Sob Um Olhar Etnográfico. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: lmcr • 28/2/2015 • 990 Palavras (4 Páginas) • 366 Visualizações
RELATÓRIO: UM OLHAR ETNOGRÁFICO SOBRE O BAIRRO URBIS II, EM SANTO ANTÔNIO DE JESUS - BA
No dia 10 de fevereiro de 2015, em uma tarde de terça-feira ensolarada, eu e um grupo de colegas da disciplina Par I (Laís Mara, Geisa, Ulisses, Jayne, Jamile, Elaine, Herícles e Gustavo), sob a orientação dos professores Helinton Neckel e Micheli Dantas Soares, dirigimo-nos ao bairro Urbis II, na cidade de Santo Antônio de Jesus/BA, para realizar a segunda visita, desta feita, sugestionada pelos docentes a uma nova forma de observação: um olhar etnográfico.
Neste sentido, ao chegar à comunidade visitada, procurei me situar, observar e, por fim, ora descrever, conforme aborda Hélio R. S. Silva em seu artigo “A situação etnográfica: andar e ver”:
O percurso no campo, sua observação e a descrição do contexto percorrido e observado são três fluxos que se misturam pela reciprocidade, interdependência e (inter)influências enquanto se tencionam pelas contradições e heterogeneidade das disposições e habilidades em jogo.
Deste modo, conduzi-me, eu e o grupo, de automóvel, à denominada “Praça da Natulab”, na rua A, do bairro mencionado, onde o veículo foi estacionado e continuei o trajeto a pé junto aos colegas, observando, logo de início, a diminuição do acúmulo de resíduos sólidos, antes constatado no local. De fato, a limpeza era perceptível, além de as árvores estarem podadas e a grama aparada. Também, o local onde está situado o Centro Social Urbano - CSU estava sensivelmente mais limpo e o mato que ali havia fora cortado.
Ademais, pude perceber muitas pessoas no ambiente. Crianças que aparentavam estar voltando da escola, o que presumi por se encontrarem fardadas; moradores fazendo compras cotidianas; mototaxistas aguardando clientes na “Praça da Natulab”, a qual, provavelmente por esta razão, é denominada por muitos moradores como “Pracinha do moto-táxi”; havia crianças embaixo da sombra de uma árvore jogando bola, as quais, com a minha aproximação para fotografá-las, pararam e fizeram pose para a fotografia. Constatei, também, que o número de veículos estacionados era grande, talvez por ali ser local próximo de uma fábrica de fármacos, empresa Natulab, que igualmente serve de alcunha para a praça.
Retomando o itinerário, retornei ao veículo com o qual o grupo se dirigiu à “Praça da Jaqueira”, onde, para minha grata surpresa, verifiquei profundas diferenças em relação à primeira visita, haja vista que toda a área tinha sido limpa e, inclusive, funcionários da prefeitura estavam fazendo o novo calçamento da via, alguns trabalhadores efetuando o serviço, próximos a um trator, e os demais apenas observando os outros trabalharem, sentados nas calçadas. Ao fotografar o local, foi possível ver um senhor, morador do bairro, que surgiu na varanda de sua casa e ficou observando o nosso grupo com olhar desconfiado, o que me fez recordar das discussões em sala de aula, quando foi debatido que nós, integrantes do grupo, “além de observarmos, também seríamos observados; de julgarmos, também seríamos julgados”.
É interessante, portanto, constatar como é uma via de mão dupla, tal percepção; o olhar do outro, objeto de observação, me alcança e, a partir disto, tenho a sensação se fui aceita ou não.
Mariza Peirano, estudiosa da etnografia, faz uma reflexão sobre essas impressões que o antropólogo obtém no campo. Afirma a autora que as impressões obtidas no campo não são apenas apreendidas, mas exercem impacto em sua personalidade. Quando o observador vai a campo, não volta com as mesmas concepções e impressões que tinha no momento anterior. Pautada pela impressão que tive quando da primeira visita, imaginava não encontrar ninguém, ou quase ninguém, naquele local, sendo, entretanto, surpreendida na segunda visita.
Outro episódio, a ser relatado, foi da aproximação e observação de dois garotos, enquanto eu fotografava o local.
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